quinta-feira, 4 de junho de 2009
Mea Culpa
Produzo minha poesia
como quem ergue muros
ou edifica uma cidade
de letras e vocábulos ocos
rebelados contra um poder
que invade minhas entranhas
e os caminhos de meu sangue
mergulhado de solidão.
Planto curativos nas minhas feridas
vertentes de sonhos e saltos
nascentes de representações
e obstáculos e raízes e cordões.
Posto as folhas brancas
nas gavetas das curvas vazias
e respondo ao sol escondido
que não quero nada.
Um tiro no claro da noite de brumas...
Corpo inerte da construção erigida
atrás de outra porta
escancarada.
Emudeço a escolha e a raça
dôo o acento e assento meu lápis
no topo da lista
que não escrevi.
Minha poesia é um muro
que divide uma cidade
de letras escorridas de sangue
de véus e de verdades nuas.
Minha poesia é um soco
no estômago de dentro de mim
pra desviar a dor
a oca dor ventríloqua
uma louca dor poetada...
04.06.2009 - 22h08min
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