segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Das regras

As regras não me aprenderam ainda. Eu ensino, mas elas não aprendem. Devo estar fazendo alguma coisa errada. As regras me perseguem, mas não me alcançam. Eu até páro, espero, olho, escuto, observo, atento. Nada. Elas não chegam. Elas não me grudam. Passam ao largo de mim. As regras. 10.12.2007 - 23h10min

Ária

Delineio o corpo que espera o cansaço depois da luta. Cruzo a porta dos fundos e me perco nos jardins do ser. Não sei se confundi o papel e rabisquei a instrução em forma de violão. Talvez só o que eu desejasse fosse uma música. Composição única no universo que encanta teu olhar. 10.12.2007 - 22h46min

Poetar

As rosas, as prosas as insinuações deliciosas madrigais nas madrugadas, improvisados saraus de poucos poetas, artistas, loucos. Amores e-ternos nas letras canções entoadas por muitos, tranças de metáforas musicadas nos versos vários daqueles que têm algo a dizer. São paixões, são senões, são lágrimas esperanças, espelhos, explosões perseveranças, encantos, razões. São mãos unidas, separadas, desejantes reticências, pontos, vírgulas latejantes. Passeiam por teus olhos as leituras dos interiores das almas que se mostram sem querer. Dos gritos que explodiram de puro prazer. Ou não. Nesse caso, passeiam por teus olhos só palavras letras que não entendes frases que nada mais são que vocábulos estendidos na página sem sentido sem sentimento sem ilusão. A instrução é tua a inspiração é nossa compartilhada, mais que preciosa, mais que simples lazer. Oficio preguiça talento tanto faz o que fazemos. O que te fez nos ler foi poesia foi lamento foi saber... 10.12.2007 - 22h32min

Respostas?

Pequeno príncipe silencioso, onde tua voz? Os livros, os esforços, os estudos absorvem o tempo já breve de tão purpúrea juventude. Teu time, religião, torcida, engenharia e mágica musical, citações que falam em ti, Freud, o último, com Pedro e Paulo a se dizer. E eu aqui, versejando por ti, me fazendo conhecer, ainda e sempre, desde a máscara lacrimejante no visitado perfil, e a intrigante idéia da diferença abismal. Somos orações próprias ou pensamentos de terceiros? Convenções, informações, condições impostas. Por quem? Armadilhas virtuais de virtudes mais adivinhadas que sabidas. Pequeno príncipe da rosa exigente, o caminho é mistério solução é o presente. Onde a questão? (Tiago, perguntas encerram respostas?) 10.12.2007 - 14h45min

Silhueta

Um traço em curva. Um corpo em traços. Um olhar do outro lado. Quem tem mais sorte? Quem é mais feliz? O lápis que traça o caminho? O corpo que se deixa retratar? O olhar que admira? Que é isso que eu fiz?

Nudez

Misturo minhas tintas às tintas alheias rabisco silhuetas corpos nus marcados de sensual reticência. São peitos, são pernas, costas, cabelos despenteados ou não. São sonhos despertos, são véus, solidão. Acoberta o sentido da obra real. Acompanha o instinto na curva fatal. Embaçada transparência não esconde não revela: transcende.

Poesia, o que é?

Poesia é fada esvoaçante sobre os olhos do profeta que tudo enxerga e que além ninguém vê. Que não arremeda o laço adiante que o une ao inconstante espaço aberto à frente, lancinante, preciso, latejante, imponente. Poesia é quebra repentina de página, rabisco rápido n'alma de tresloucada dança, suco de maracujá que acalma, o temor do dia, a esteira da lua, a moça que sua na janela, esperando o som do violino distante, que chora a ausência dela. Poesia é arco rijo em flecha certeira. É chinelo na estante, quieto... shhhh.... É livro no pé, que te faz voar longe. Poesia é café com cheiro quentinho. É sopa de letras, pra gente saber. É cama macia no inverno, é sonho pra dar e vender. Poesia é sorriso de moça, é amor doce feito selvagem, é canção, é flor, é bonança. É carência, resposta, desgraça, certeza, armação, esperança. Poesia é cabeça bem feita, gaveta arrumada, sabonete, paixão, percussão, confiança... Poesia... diga você, o que mais será então? 04.12.2007 - 02h09min