Escrevo minha poesia
em linha de papel amassado.
Compactuo com o silêncio
consumo a prática da letra
entre as esporas do dia.
Minhas feridas são lágrimas
nas vírgulas que desdobro
dessa folha azulada.
Os olhos que me espreitam
buscam deslizes
acima dos medos
além dos dizeres
encontram meus pontos
costurados nas filas
recém riscadas de espelhos.
Refiro-me aos limites
e às esperas dos desenhos
que meus versos
haverão de ressuscitar.
12.06.2011 - 21h59min
domingo, 12 de junho de 2011
Confidencial
Escondo a fonte d'água
nenhum olho alcança o estrado
de pontas de vidros
que percorrem meus passos
pr'esquecer as trilhas abertas
na última hora da colheita.
O ponteiro insuspeito
alimenta o curso
da parede nua
surpreendentemente lisa
apesar das pontas dos pregos
nas linhas escuras dos minutos
que arrastam as correntes
das horas
dos silêncios
dos pálidos segredos.
12.06.2011 - 20h37min
nenhum olho alcança o estrado
de pontas de vidros
que percorrem meus passos
pr'esquecer as trilhas abertas
na última hora da colheita.
O ponteiro insuspeito
alimenta o curso
da parede nua
surpreendentemente lisa
apesar das pontas dos pregos
nas linhas escuras dos minutos
que arrastam as correntes
das horas
dos silêncios
dos pálidos segredos.
12.06.2011 - 20h37min
Rasgo
Sempre insuficiente tempo
Presente de grego
No bolso da vida
Breve, muito breve suspiro
Sopro de sofreguidão
Interrompido susto
No âmago da vida
Corte brusco de navalha cega
No que se pretendia vasto
Vaga sensação de infortúnio.
Cuidado ao guardar lembranças
Risos, assuntos, assombros
Embrulhados na caixa de Presente
Que se recusa a ficar no Passado
Inda que a queda a tenha estraçalhado.
Nada que doa, me vale a pena, poetaria Pessoa
Enquanto minha poesia é quase um gemido
De todas as perdas de todos os anos idos
E do último verão, congelado no derradeiro frio
De um inverno que custa a passar
Doendo-me muito mais que as juntas
Torcendo-me as entranhas
Estranhando-me os pensamentos.
Ainda assim, nenhuma mácula atinge
O profundo que não é ouro
Mas vale mais que qualquer brilhante.
Ainda assim
Ninguém nem nada preenche
O espaço vazio
Que assim ficará
Té que a terra cubra esses meus olhos
Que tocaram os dedos do impossível
E por ele devorados foram
Sem direito à réplica, súplica ou desistência
Sem direito algum
Além do gosto de alumínio
Na porta dos próximos anos.
E por ele devorados foram
Sem direito à réplica, súplica ou desistência
Sem direito algum
Além do gosto de alumínio
Na porta dos próximos anos.
12.06.2011 - 20h
Assinar:
Postagens (Atom)