sexta-feira, 16 de maio de 2008

Poesia

Olho para o lado e penso Poesia com os olhos fechados penso Poesia no sonho ou sonambulando penso Poesia na conversa faceira, na lágrima ligeira só penso Poesia. Construo versos do avesso do abrigo onde entristeço e onde penso o que digo e só penso e só digo Poesia. Uma frase, uma palavra, uma idéia são suficientes pra fazer nascer do umbigo a estrofe oferecida para a platéia. Não espero aplausos. A criação é só um reflexo do que vivo do que rio e do que padeço e não sei se pareço com uma velha doida que fica falando de qualquer coisa sem nexo ou remendo ou intermediário que a ouça. Mas, pra mim, tanto faz; o que quero e o que preciso é pensar Poesia. 16.05.2008 - 13h55min

O pássaro


Um ninho.
Tem um ninho de passarinho
na árvore, perto da minha janela.
E ele canta,
(não o ninho,
nem a planta,
mas o passarinho...)
na árvore, perto da minha janela,
pra eu ouvir.
Só pode ser pra eu ouvir.
Que outro motivo
teria um passarinho
pra construir um ninho
na árvore, perto da minha janela,
além de cantar pra eu ouvir?
Nenhum.








16.05.2008 - 13h45min

Válvula de escape

Tem gente que usa droga tem gente que bebe tem gente que se mata tem gente que escreve.... 16.05.2008 - 11h38min

Probabilidade

O barulho natural do dia, talvez, o movimento natural do dia, talvez, a secura natural do dia, talvez, o fervor, a vida, a alegria natural do dia. Talvez seja necessária essa melancolia da noite, sugerida pela escuridão, para fazer brotar essa vertente. Talvez seja necessário o silêncio do mundo exterior pra que a gente ouça os versos que brotam do interior e que gritaram o dia todo, mas não foram ouvidos, ensurdecidos que estávamos pelos ruídos do mundo. Talvez... apenas talvez, a solidão da noite seja a melhor companhia poética, que o poeta possa desejar... mas tudo isso é apenas um grande, enorme, imenso, TALVEZ. A resposta mesmo... Não sei... Eu-não-sei... 16.05.2008 - 01h

Eterno retorno

Escorrego nas curvas de um tempo que não passa passeio pelas fugas que preventivamente preparei pra mim percebo um não-sei-quê de desconfiança no vento que desalinha meus sorrisos e desabotoa a esperança espero pela imperfeição que me acompanha ao longo da lânguida estrada escovada de estranhos sóis sou lâmpada em processo de incêndio e acendo as velas para o oratório de cima da casa para só então construir a frase lapidada em pedra sabão ensaboo o piso e escorrego nas curvas de um tempo que não passa... que passeia pelas fugas... e recomeça... Aos 59minutos do dia 16.05.2008

Visão

Não eram verdes. Não eram de nenhuma cor. Não tinham estatura. Não tinham medidas ou formas. Talvez anjos? Sementes talvez? Uma força, energia, uma luz ou não... Não foram palpáveis palatáveis prováveis... Não digeriram nem dirigiram deveras a palavra a mim. Pois não eram. Mas estiveram aqui. Meninos, eu vi! Aos 51minutos do dia 16.05.2008

Quando?

Quando a gente sonha, é só imaginação? Quando a gente imagina, é só assombração? Quando a gente dorme e não sonha, morreu? Quando a gente não dorme, mas sonha, sofreu? Quando a gente rumina um dito, é teimosia? Quando a gente pesquisa um mito, é geografia? Quando a gente constrói um barco, é marinheiro? Quando a gente tem fome, basta o dinheiro? Quando a gente pergunta, uma resposta é suficiente? Quando a gente responde, a pergunta foi pertinente? Quando a gente emudece, estremece, cora, é sinal? Quando a gente fala, empalidece, demora, é fatal? Quando a gente amanhece sem sonhos, sem imaginação, sem assombração, sem morte, sem sofrimento, sem teimosia, sem lamento, sem mitos ou heróis, sem nenhum de nós, sem cordas de marinheiros, sem circos ou picadeiros, sequer sem baderneiros, sem respostas ou perguntas ou consentimentos conseqüentes, mas amanhece, impaciente, é a VIDA? A vida que dança diante ou dentro da gente? Nos primeiros 10 minutos do dia 16.05.2008