domingo, 20 de julho de 2008
Personagem
Empresto meu corpo
ao personagem que assumo
enquanto escrevo minhas memórias.
Transito por mundos
alheios aos meus.
Hospedo meus medos todos
té que chegue a hora de abatê-los
e apagar de mim as suas mentiras.
Altero a rota de repente
só pra testar os meus passos
e conceber novos pensamentos
entre os estilhaços da guerra
que eu mesma travo comigo
ou contra mim.
Ensurdeço, espero e não
leio comentários vazios de leituras.
Quero a substância sólida
da tua impressão, não repetições tolas
que só aos tolos alcançam.
Enrolo meus cachos e determino
as próximas metas
só pra mudá-las em seguida
e partir sem rumo.
O objetivo me cega
e eu não quero andar a esmo
tateante e indecisa.
Sim, objetivo posto é confusão pra mim.
Quero o imprevisto e o não imposto.
Quero a surpresa e a capacidade
de decidir ali, na hora, sem direito a estudo
de nada que não seja o fato imediato.
Te incomoda a minha imediatez?
Ela mora em mim há séculos
e a trato com cuidado e reverência.
É ela quem dita meus risos
e me faz ver que adiante
não há nada que eu possa obter.
Só tenho aqui.
É aqui que eu vou morrer.
20.07.2008 - 13h14min
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