sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Vestimenta

De tons claros
os bolsos
esvaídos de razões
transbordam efeitos
simulam situações
sem chaves
sem documentos
sem propósitos
escoram os cotovelos
nos cantos da pias
meditam impróprias
alucinações
rebentam diques
indicam luas
sabotam escolhas.


Asmangasrasgadasdacamisabrigampeloespaçoabertoqueevitacontatoeespreguiçaachamaacesasobreoabrigo









04.02.2011 - 14h

No sexto dia, poetou

No sexto dia
amanhecido de vapores e sonolências
bate à porta um não-sei-que
que desmente o dito e o não-dito.
No sexto dia
há vestígios de clemência
suicidados logo ali, onde as colheres tem açúcar
e onde as línguas dizem o que a ninguém atinge.
No sexto dia
as campanhas compram pirulitos e hortelãs
os comportamentos saem das peles,
cobras trituradas em gaiolas frias
pra virar delírio e maçã.


As amarras se soltam
no sexto dia
e eu acordo pra vida:
um punhado de letras
na mão esquerda
na direita, uma palma vazia.







04.02.2011 - 05h

Insônia II

Pensando bem, devo ter mesmo um pé no outro lado do mundo


quando dormes, acordo em vão

quando durmo envolta em nuvens

teu corpo, descansado, de sol a sol me pune

por não existir contigo.
 
 
 
 
 
04.02.2011 - 03h50min

Apagão

Aqui tem luz


mesmo que a luz apagasse

haveria a lúcida, a límpida claridade

de todas as estrelas...
 
 
 
04.02.2011 - 03h43min