quinta-feira, 6 de maio de 2010

Paixão

Tenho nas conchas das mãos
o som do teu riso.
Circulando meus dedos
os teus anéis
os mesmos que te enfeitam
(como se fosse necessário)
quando andas no meio 
de vorazes feras nunca satisfeitas
com o gosto da carne humana.
Tudo o que eu queria
vibra ao som da tua guitarra
e só debaixo do teu toque.
Tenho no limite do peito
o som do teu coração.
Circulando meu rosto
os teus cabelos
os mesmos que se fazem inverno
enquanto a curva do teu tempo
se alinha à minha.
Tenho no limite das horas
as honras de saber-te meu
as delícias de saber-me tua.





06.05.2010 - 02h25min





Soneto do Amor Total

Amo-te tanto, meu amor ... não cante
O humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Vinícius de Moraes