segunda-feira, 25 de junho de 2012

Psicose

 *Baseado em fatos reais...




Quebra o silêncio
a voz sozinha
no corredor vazio.
Instrumento de sopro
canta impropérios ao léu
alheio às necessidades dos outros que
quietos
suspeitam os delírios mil.
É só mais um na estrada
invisível aos videntes
que se mostra à força
e força engolir a presença incômoda.
De um jeito ou outro
haverão de sua existência
saber-lhe
nem que seja aos gritos estridentes
nem que seja
rasgando o sangue deles.

Paredes

No espaço que habito
as órbitas são irregulares
é sempre hoje-agora-aqui
um ínterim de minutos
evaporantes e carmins.
O diminuto estreito
que a mim cabe
tem transbordos de flores
querubins no estrado
e violinos líricos
por todos os lados.
Não há espelhos
- nem mães d'água -
mas peles nas janelas
e pétalas de rosas nas escadas.
As quatro paredes que são minhas
guardam-me os sonhos
tesouros alados
moedas de versos
verbos escravos.
As preferências latejam primórdios
e os pontos dos 'is'
dançam
sem pares estreitos
nem estranhos compassos
ou claves de sol esparsas
só um rastro do astro rei
cortando a nota
- ríspido giro de braço -
e um si bemol
sem resposta.
Entre um ponto e outro
do que não me sobra
há fagulhas e vertigens
pintadas unhas de virgens
e abraços que desconheço.
Longos poemas escorrem
de gavetas
nas parede de pedra e cimento
onde moram-me os fantasmas todos.
Os mesmos
de quem eu roubo
os pensamentos.

Lumina

Conto os passos
até o limite
dos suspiros
que suspendo.

Pêndulo intermediário
dependurado no globo
que eu não quebro
nem trafego orvalhos.
As horas são exageros
metáforas injustas
d'insuficientes haveres
brotoejados de murmúrios
e melodias confusas.
Gotejo olhos mudos
e os medos imitam coragens desnudas.

Conto os passos
até o limite
dos suspiros
que suspendo.

Transito errante
té o começo....

Acendo-
-te.



Uno

Sorvo teu tempo
em goles de copos
pequenos de licor.
Na tua boca úmida
de desejo e calor
arrepio-te a nuca
eriço-te os pelos
e apelo para os teus olhos
- verdes -
maciços de vida
impressionantemente profundos
- e meus -.