segunda-feira, 25 de maio de 2009

Dados

São três dados no seis. São seis lados nos dados dos dois. São duas décadas de vida e o dobro de seis meses de audácias. São três dados no seis. E uma aposta alta. Que vale. Que vale.... 25.05.2009 - 20h50min

Desafio

Desato o fio do mundo
desenrolo a lã da espada
e a estrada já não é tão lenta
nem os prados tão espertos
quanto antes pensara ser.
Desabotoo as presas dos dedos
e as contas são espelhos
ou pontas d'algo que deixei de possuir.
Desço as pontes e os pratos se quebram
nas escadas que não subi.
Os ferrolhos descendem de plantas carnívoras
que engolem insetos e envenenam os poros
das viagens apenas pensadas
e cobertas de cetins.
Os cabelos se perdem entre os dedos ágeis
e a penumbra rompe a luz
no parto diário da noite
e seu sonolento manto pesado de negror.
Desfolho a margarida e esqueço o tempo.
Afasto de mim os vinte sentidos
ou os vinte metros
ou talvez as vinte ousadias
que refletem tua imagem emoldurada
por trás da porta do teu quarto
e da tua rede de leves gentilezas.
Aproxima-se o pouco razoável argumento
de que bem antes do teu nascimento
eu já nascia.
Mesmo assim
desconheço os impedimentos
desato o fio do mundo
desenrolo a lã da espada
desabotoo as presas dos dedos
desço as pontes
desfolho a margarida
e TI encontro
em mim...
Desafio...
25.05.2009 - 20h45min

Cuidado, frágil...

Vidro quebro com um sopro vvvvvvvvvvvv e meus ítens se partem feito bolhas de sabão. Exaustiva fragilidade na imagem de força que tento fingir. As dores dos trincados arrancam gemidos das veias mudas. Vidro. 25.05.2009 - 20h16min

domingo, 24 de maio de 2009

Poema

TI
24.05.2009 - 02h01min
(Não é um poema? Ah, tens razão, caro leitor. TI não é um poema; é uma Ode
tão perfeita, que nem Virgílio foi capaz de escrever. E eu tenho
o prazer e o privilégio de ler todo dia... Obrigada. TI adoro!)

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Sei lá

Às vezes eu acho que... sei lá... outras vezes eu acho que... lá sei... talvez... e tu? 19.05.2009 - 19h

Graças

Pela distância entre minha casa e meu trabalho pelas minhas pernas fortes pelos raros momentos de insuportável alegria pelos abundantes momentos de suportável dor pelas dúvidas, pelos rumores, pelos tropeços pelas cãs, pelos cães, pelos sermões por minha filha, por meu amor, por mim pelo trânsito dificilmente congestionado pela respiração lenta e pela acelerada pelos chamados defeitos e pelas pretensas perfeições pelas noites mal dormidas, pelo salário pelo farto prato de comida, pelo horário pelos raros amigos que cabem nos dedos de uma única mão pelos muitos inimigos que cabem nos dedos de muitas mãos pelos dias de sol, pelos dias de chuva, de frio e medo pela solidão e pela necessidade de companhia pela companhia e pela necessidade de solidão pelas certezas pelas construções pelas raivas pelos perdões pela passagem dos dias pelas imagens pelas fotografias pelas flores pelos espinhos pelos rasgos pelos engasgos pelos remendos pelos assombros pelos concertos e consertos pelos encontros pelas despedidas pelos pontos, vírgulas e outros quês tantos. Graças pela vida... 22.05.2009 - 11h10min

Aprender... ou não...

Escrever são entorces entalhes entraves do que eu não sei deixar. São gotas oceânicas num chão de gritos são garras de feras que não admito sustentar. Escrever são disfarces desfeitas deslizes de portas imperfeitas que eu não consigo ocultar. Escrever são passos são lentos laços pedaços de telhas nas tramas da vida que eu não aprendi a traçar. Ainda.... 22.05.2009 - 11h

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Exagerada

O exagero é meu pai meu irmão, meu camarada. O exagero é minha canção meu amante, minha estrada. O exagero é meu companheiro meu azulejo, meu raio de sol. O exagero é minha água no deserto meu cubo de gelo, meu farol. O exagero são minhas mãos dadas aos pássaros insones que cantam canções sem soar. O exagero é meu arrepio na espinha meu passo decisivo, minha proteção. O exagero é meu grito e meu sussurro e meu alívio. O exagero é meu superlativo e meu diminutivo e meu equilíbrio e meu segredo e meu rebento e meu lamento e minha solidão. O exagero é meu avental e meu jantar e meu carnaval e meu príncipe sem princesa e minha princesa-irmã solteira. O exagero é meu sossego e meu tormento e meu pulso que pulsa que pulsa que pulsa que expulsa a calmaria e pulsa.... 21.05.2009 - 20h30min ...só pra eu ficar aqui, delirante, delirando liricamente sobre meu próprio exagero demente...

quarta-feira, 20 de maio de 2009

TIme? Não. "Religião".

Vencer?
Alguma dúvida?
Ainda que perdesses de goleada
haverias de ser vencedor.
Se não pelo balanço da rede,
que seja por teres
como teu cego devoto
o mais perfeito torcedor.
20.05.2009 - 21h39min
Antes do jogo do Inter... com endereço mais do certo...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Suposição

E se toda poesia dançasse no meu nome eu não me chamaria assim os outros me chamariam de talvez quem sabe um outro nome mais doce ou de maior sonoridade não sei. A rima me canta bem-te-vi sem ter visto o véu estendido na cachoeira de luz que o aterro enterrou. Derramo toda a poesia em teu colo e gravo nela um nome que conheço e que não esqueço nem sob tortura nem sob promessa nem sob ira divina. Um nome diferente do meu mas que também mora em mim e que um dia, quem sabe talvez viva comigo e seja meu rei. 11.05.2009 - 21h16min

De tempos em tempos

Cadê o resto? I Bar deserto sono chegando poeira no ar poeira de falta de ausência sentida de inexistente publicação ou quem sabe pois não? Ei, vejo um vulto na calçada será o poeta quieto? será uma libélula irriquieta? será um será qualquer que eu não sei definir mas que também não importa se souber discernir entre um prato de sopa e uma sopa de orvalho ou de ervilhas ou de letrinhas nas linhas desse caderno amassado que hoje debaixo do braço trago. II Trago um gole da vida que empoeira os olhos e mareja os lábios entre o cumprimento e a despedida. O bar deserto desperta o desespero e a esperança é só uma palavra que dança entre os lençóis de seda ou de cetim ou de algodão mesmo já que não faz diferença quando o que se quer é só poetar ou cambalear entre os dedos d'algum cientista louco disfarçado de professor de educação física que tem coragem de encarar o mundo de frente de verso de um único poema assumido e que valeu uma vida - a minha vida - nas palmas das mãos escritas. Espelho. 11.05.2009 - 21h

Viver

Vislumbro no vão das frestas das vidas uma ou outra vida que me sorri e me acrescenta dias à vida que vivo aqui... ou ali... ou lá... sei lá... Viver é um mistério. Quem haverá de duvidar? 11.05.2009 - 20h15min

Piadinha

Sou muito inteligente quando durmo. Pena que acordo todas as manhãs... 11.05.2009 - 18h

Explicação

Se considero maravilhoso ter o privilégio de conhecer tão rara pessoa não preciso de traduções instantâneas nem de conceitos diversos ou de razões específicas. A raridade é tão preciosa que seria perigoso andar com ela feito jóia, atada ao pescoço. Quantos ladrões cercariam a presa próxima? Não. Melhor silenciar os motivos e deixar que os sonhos adormeçam ou que as ondas engulam os bandidos que espreitam a peça única que guardo cá. Melhor evitar longos discursos e ater-se a uma pequena sílaba veemente elo que une duas partes: TI... Aos 43 minutos do dia 11.05.2009

Onze vidas

Eu tenho onze vidas.
Não sei em qual estou
nem de onde tirei essa conta
mas garanto que onze vidas eu tenho
e vivo todas elas juntas
umas sobre as outras
enroladas aos cachos
dos meus cabelos vermelhos.
Eu tenho onze vidas
e só dez dedos pra contar nas mãos
por isso desisti da matemática
complicada demais pra quem vive tanto
e tão intensamente os últimos íntimos minutos
de onze vidas justas
desenrolando o ciclo do destino
de cada uma delas
como se não me bastasse
a única em que pareço passar.
Eu tenho onze vidas
mas isso é segredo de estado
e estado de permanente tensão
ou segredo de permanente opção
por não ter outra saída
a não ser viver as onze vidas
dentro dessa única
que eu mereço
padeço
pareço
viver.
Aos 23 minutos do dia 11.05.2009

Talvez nunca

O final do dia
é o começo do dia
de outro dia
talvez uma repetição do anterior
ou nunca
talvez uma novidade interior
ou nunca
talvez um começo exterior
ou nunca
talvez nunca haja nada
de surpreendente de fato
no começo do dia
ou no término do outro
ou nunca
talvez o nunca se traduza
no sempre
que se esconde no vão da calçada
ou n'alguma vertente
de medo e tesão
ou nunca
talvez não haja
talvez não aja
talvez não agarre nada
que não tenha uma jarra bem grande
na frente de um precipício
ou nunca
talvez um prepúcio
talvez um presbitério
talvez um prostíbulo
ou um impropério talvez
ou nunca
o equilíbrio escasso
o deboche involuntário
o intento necessário
ou nunca
talvez...
Nos primeiros 5 segundos do dia 11.05.2009 ou nunca... talvez...

domingo, 10 de maio de 2009

Trajetória

Eu busco a perfeição mas não quero encontrar com ela. Eu garimpo o verbo que distinga exatamente o que pretendo opinar mas não quero encontrar com ele. Eu esgrafinho a terra e cato o punhado de vida que anseio desde sempre que desde sempre espero que crio e produzo e decanto desde que me conheço por gente (e isso faz tanto tempo que já nem sei mais a quantas anda o metro que perdi no meio do caminho onde não tinha uma pedra mas tinha um certo Drummond que desvirtuou o conteúdo todo desse maldito poeminha). Mas eu busco e garimpo e esgrafinho e anseio e desejo ardentemente o que não quero que caia no meu colo. Porque, se cair um dia, o que restará a fazer? Não quero! Afasta de mim esse vocábulo precioso que eu tanto desejo e pelo qual tanto luto e trabalho e pesquiso e me perco. Afasta de mim esse cálice de dicionário ambulante que eu me acabo, então que então eu esmoreço que me arrependo em vão e concluo tristemente que nada mais há a fazer nem a construir. Está tudo consumado tudo desfeito todo o trajeto interrompido por ela a palavra bendita que eu tanto desejei que tanto eu quis que almejei tanto, meu Deus!
Desvio os olhos do fim da luta. Porque a guerra é que é. Isso sim. E é por ela que eu vivo. Se encontrar o vernáculo final. Ai de mim! Ai de mim... 10.05.2009 - 23h56min

Poeminha sem pé, mas com cabeça

E aí a gente passa gloss
fica com cara de boas-vindas
sorri para o espelho
e bendiz a vida.
Não é assim que nasce
todo o dia,
toda a hora,
toda a partida?
E o batom não escorre
dos lábios
nem do beijo...
Porque os cegos
e estreitos laços
amarram os pedaços
das cabeceiras das camas
vazadas
esvaziadas
valorizadas
pelos braços abertos
do homem amado
que dorme
e não sonha.
A camisa preta
a camiseta por baixo
por baixo o peito
o coração por baixo.
E eu...
Por cima...
10.05.2009 - 23h40min

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Agonia de mãe

Ela reclama, bate pé, resmunga;
'pensa que é gente', eu digo.
E ela é.
Gente pequena, mas só de tamanho,
que a cabeça anda a mil,
e os pés não acompanham,
a não ser pra bater, impacientes,
quando quer o que não pode ter.
E eu cá, na minha eterna agonia,
não sei se o que faço é certo
não sei ao certo o que faço
não sei se desfaço o acerto
não sei se acerto o desfecho
nem se começo ou se disfarço
o que penso não saber
sobre como melhor conduzir
os meus/seus passos.
E compenso as ausências com risos
e cócegas e histórias deliciosas
ou silenciosos longos abraços.
Mas me sei insuficiente
(impotente?)
e isso acaba comigo...
Aos 9 segundos do dia 8 de maio de 2009
Para minha filha, nessa semana das mães

quarta-feira, 6 de maio de 2009

E-TERNO

Tempo curto...
'Pra sempre' é tão breve
tão ligeiro passa o sempre
e tanto por fazer...
Tantos encontros
aguardam as mãos espalmadas
tantas horas marcadas
tantas esperas
tantas procuras.
'Pra sempre' é tão curto
tão breve areia na ampulheta
tão ligeira a hora
que passa.
E tanto por fazer...
Não vá embora...
Pra sempre
é um tempo tão breve
e há tanto por fazer
conTIgo...
06.05.2009 - 22h34min
Depois da música e de saber que vais ficar só pra sempre,
porque tens outras coisas pra fazer...