sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

d o i s



Obrero de la palabra


de fragmentos de conversas


de fragmentos de sombras


pedaços das vidas alheias


pedazos de muertes de otros
de interminables arenas un viento


partes de nós, nesses outros
gotas de orvalho perdidas entre as gentes


e colhidas com nossas canetas


viran lentas las ajenas palabras
abren en un retorno los ojos de la luz


el puente gira las manos se detienen a la contemplación
una mirada basta y el tornar de garzas es cielo naranjado
otra vez se recorren las palabras se deslizan los geranios


un gato trepa el tejado una mano hace lo propio en el teclado


e todos, na verdade, são um
ou os dois serão um
unidos pela força dos outros
que se somam a eles?


la otra mano, el otro labio es tan solo
una extensión de sí mismo


un fragmento de la propia voz va en el aliento
se confunden de pieles de retinas se mezclan con la tierra hilvanan sus
poros



e se tornam outro



dentro y fuera de la espiral el viento, el mar el otro que deja de ser otro
e se tornam outro...



Simone Aver e Roberto Amezquita

11.01.2008 - 23h16min

(Obrigada, poeta!)
(Ilustração de Remedios Varo - http://www.squidoo.com/remediosvaro)

O monstro

Ela tem a boca enorme. E pontiagudos dentes brancos.
Ela tem um rugir estrondoso e passos firmes, marcantes.
Ela tem um cheiro característico, provoca tremor, medo e frio.
Ela arrasta correntes e símbolos horripilantes. É capaz de derrubar qualquer um, inclusive você!
Ela, a insegurança.
Mas olha, até ela tem um ponto fraco. Seus olhos a denunciam. Se a enfrentares, mergulhando profundamente no oceano azul dos olhos dela, descobrirás que ela, a temida insegurança, não passa de uma criança esperta, que também tem medo... de ti...
Deixa pra trás essa corrente e corre ao encontro do teu sonho. Ele te espera, logo ali... Vai!
11.01.2008 - 18h07min
(Pra quem tem medo... Como eu...)

Promessa

Um dia ainda vou experimentar a sanidade mental.
Só pra ver se me agüento ou se encontro, nela, um pouco de descanso
dessa minha vontade constante de saber mais
desse meu entender que sou muito pequena
diante das coisas que ignoro.
Só pra ver se encontro um pouco de sossego.
Mas isso haverá de ser... um dia...
Agora não.
Por hora, ainda suporto esse desassossego.
Por hora, ainda suporto essa necessidade de aprender.
Por hora...
11.01.2008 - 16h30min

Rega


(Para Roberto Amezquita - obrigada, poeta,

por me ensinares o que ainda não sei...)




Regar

versos


regar verbos


regar sonhos


paraísos


provérbios.


Regar loucuras


loucas madrugadas maduras


inquietudes


insônias


inatos talentos


trabalhados com suor


afinco


e fermento.


Regar fantasias


discursos


canções


bilhetes.


Regar os lembretes


das horas investidas


no aprender consistente.


Regar a gente


o brinde


a noite


e a distância até.


O tempo


o espaço


o laço


o teatro


o braço


a dança


a presença


o pretexto


a diferença


a mudança.


Regar




a esperança...








11.01.2008 - 6h




(A imagem foi retirada de http://squidoo.com/remediosvaro -
Remedios Varo foi-me apresentada por Roberto Amezquita
e apaixonei-me por ela. Esse, o primeiro poema de muitos,
em que usarei as pinturas dessa excepcional artista)






Louca poesia

Trapos atrapalhados embebidos em álcool, tabaco e poesia.
Todos nós, pedaços de buscas
da beleza e do lirismo da fantasia.
Maltrapilhos, palhaços, marginais
que se aventuram nas madrugadas frias
a colorir e enfeitar os recitais
das nossas linhas curvas
das linhas retas dos gerais.
Loucos, nós?
Poetas.
11.01.208 - 12h52min

Para Alina e Simone

No conozco tus ojos Pero puedo mirar en ellos una danza de luces Un camino de sombras y fantasmas No conozco tus manos Pero puedo sentir como llevan el agua a la boca Sentir girar tus pupilas entre espejos y duendes transparentes No conozco tus ojos Pero puedo mirar en ellos la luna Un cuarto menguante que crece Entonces un pájaro se detiene, abre sus alas Y en sus ojos tus ojos y en su canto tu voz No conozco tus ojos Pero puedo mirarte en ellos con muito carinho Roberto Amezquita
janeiro de 2008
(Não poderia deixar de publicar esse poema,
escrito pelo poeta mexicano Roberto Amezquita,
para minha filha e para mim. Obrigada, Roberto,
por tão belas letras, e por me ensinares tanto em
tão pouco espaço de tempo. Ah, mas tempo
e espaço não existem, não é mesmo?...)