quinta-feira, 1 de abril de 2010

Pandora

No fundo falso da caixa
intencionalmente escondida
entre as frestas da madeira de lei
a louca desvairada rodopia
serpenteia se curva dança
desvia das farpas
evita o fio das facas
incendeia
ela
a esperança.







01.04.2010 - 21h30min
Ao cavaleiro vitorioso
depois d'árdua batalha.

Nietzsche diria...


'O meu impaciente amor transborda em torrentes, precipitando-se desde o oriente até o ocaso. Até minha alma se agita nos vales, abandonando os montes silenciosos e as tempestades da dor.
Demasiado tempo sofri e estive em perspectiva. Demasiado tempo me possuiu a solidão. Agora esqueci o silêncio.
Todo eu me tornei qual boca e murmúrio de um rio que salta de elevadas penhas: quero precipitar as minhas palavras nos vales.
Corre o rio do meu amor para o insuperável! Como não encontraria um rio enfim o caminho do mar?
Sem dúvida há um lago em mim, um lago solitário que se basta a si mesmo; mas o meu rio de amor arrasta-o consigo para o mar.
Eu sigo novas sendas e encontro uma linguagem nova; à semelhança de todos os criadores, cansei-me das línguas antigas. O meu espírito já não quer correr com solas gastas.
Toda a linguagem me torna moroso. Salto para o teu carro, tempestade! E a ti também quero fustigar com a minha malícia!
(...)
E quando quero montar no meu mais fogoso cavalo, nada me ajuda tanto como a minha lança; sempre está pronta a servir-me, a lança que brando contra os meus inimigos.
É muito grande a tensão da minha nuvem; por entre os risos dos relâmpagos quero lançar granizo às profundidades.
Formidavelmente se alevantará o meu peito; formidavelmente soprará a sua tempestade; assim se aliviará.
Verdadeiramente, a minha felicidade e minha liberdade sobrevém como tempestades!'

(NIETZSCHE, F. Assim falava Zaratustra)




Algumas vezes, é preciso lançar mão d'algum pensador preferido, porque faltam-nos palavras ou versos ou mesmo olhares. Nada que nasça de nós, às vezes, é suficiente pra descrever o que nos vai por dentro. O que pretendemos dizer e simplesmente faltam-nos palavras. Nós, artífices delas, convertidos em artífices de sonhos, que sentem... e calam... O silêncio dos que estão transbordantes de alegria. Tu, a minha felicidade, que me sobrevém feito tempestade. Tu. Meu 'impriting'.



Aos 32 minutos do dia 01.04.2010