segunda-feira, 11 de maio de 2009

Suposição

E se toda poesia dançasse no meu nome eu não me chamaria assim os outros me chamariam de talvez quem sabe um outro nome mais doce ou de maior sonoridade não sei. A rima me canta bem-te-vi sem ter visto o véu estendido na cachoeira de luz que o aterro enterrou. Derramo toda a poesia em teu colo e gravo nela um nome que conheço e que não esqueço nem sob tortura nem sob promessa nem sob ira divina. Um nome diferente do meu mas que também mora em mim e que um dia, quem sabe talvez viva comigo e seja meu rei. 11.05.2009 - 21h16min

De tempos em tempos

Cadê o resto? I Bar deserto sono chegando poeira no ar poeira de falta de ausência sentida de inexistente publicação ou quem sabe pois não? Ei, vejo um vulto na calçada será o poeta quieto? será uma libélula irriquieta? será um será qualquer que eu não sei definir mas que também não importa se souber discernir entre um prato de sopa e uma sopa de orvalho ou de ervilhas ou de letrinhas nas linhas desse caderno amassado que hoje debaixo do braço trago. II Trago um gole da vida que empoeira os olhos e mareja os lábios entre o cumprimento e a despedida. O bar deserto desperta o desespero e a esperança é só uma palavra que dança entre os lençóis de seda ou de cetim ou de algodão mesmo já que não faz diferença quando o que se quer é só poetar ou cambalear entre os dedos d'algum cientista louco disfarçado de professor de educação física que tem coragem de encarar o mundo de frente de verso de um único poema assumido e que valeu uma vida - a minha vida - nas palmas das mãos escritas. Espelho. 11.05.2009 - 21h

Viver

Vislumbro no vão das frestas das vidas uma ou outra vida que me sorri e me acrescenta dias à vida que vivo aqui... ou ali... ou lá... sei lá... Viver é um mistério. Quem haverá de duvidar? 11.05.2009 - 20h15min

Piadinha

Sou muito inteligente quando durmo. Pena que acordo todas as manhãs... 11.05.2009 - 18h

Explicação

Se considero maravilhoso ter o privilégio de conhecer tão rara pessoa não preciso de traduções instantâneas nem de conceitos diversos ou de razões específicas. A raridade é tão preciosa que seria perigoso andar com ela feito jóia, atada ao pescoço. Quantos ladrões cercariam a presa próxima? Não. Melhor silenciar os motivos e deixar que os sonhos adormeçam ou que as ondas engulam os bandidos que espreitam a peça única que guardo cá. Melhor evitar longos discursos e ater-se a uma pequena sílaba veemente elo que une duas partes: TI... Aos 43 minutos do dia 11.05.2009

Onze vidas

Eu tenho onze vidas.
Não sei em qual estou
nem de onde tirei essa conta
mas garanto que onze vidas eu tenho
e vivo todas elas juntas
umas sobre as outras
enroladas aos cachos
dos meus cabelos vermelhos.
Eu tenho onze vidas
e só dez dedos pra contar nas mãos
por isso desisti da matemática
complicada demais pra quem vive tanto
e tão intensamente os últimos íntimos minutos
de onze vidas justas
desenrolando o ciclo do destino
de cada uma delas
como se não me bastasse
a única em que pareço passar.
Eu tenho onze vidas
mas isso é segredo de estado
e estado de permanente tensão
ou segredo de permanente opção
por não ter outra saída
a não ser viver as onze vidas
dentro dessa única
que eu mereço
padeço
pareço
viver.
Aos 23 minutos do dia 11.05.2009

Talvez nunca

O final do dia
é o começo do dia
de outro dia
talvez uma repetição do anterior
ou nunca
talvez uma novidade interior
ou nunca
talvez um começo exterior
ou nunca
talvez nunca haja nada
de surpreendente de fato
no começo do dia
ou no término do outro
ou nunca
talvez o nunca se traduza
no sempre
que se esconde no vão da calçada
ou n'alguma vertente
de medo e tesão
ou nunca
talvez não haja
talvez não aja
talvez não agarre nada
que não tenha uma jarra bem grande
na frente de um precipício
ou nunca
talvez um prepúcio
talvez um presbitério
talvez um prostíbulo
ou um impropério talvez
ou nunca
o equilíbrio escasso
o deboche involuntário
o intento necessário
ou nunca
talvez...
Nos primeiros 5 segundos do dia 11.05.2009 ou nunca... talvez...