quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A cruz partida

A força da letra arrisca os centavos
e as dignidades
na esquina da multidão
sedenta da prata da casa.
A força da letra
enterra tesouros
descasca andorinhas
traduz pormenores
em linhas exaustas
pontilhadas de alfinetes
e regalias furtadas
de algemas antigas.
A força da letra
atravessa ponteiros
escala travesseiros
pinta fantasmas de preto
sacos de lençóis de ilusão.
A força da letra
mora nas minhas entranhas
estranha meus medos
muda minhas palavras
mais tacanhas
em tamanhos desastres aéreos.
Inesperada morte.
A força da letra
condena meus atos
aponta o dedo
regula, reclama, rechaça.
Sentencia.

Nos pregos, uma cruz.
ANKH!




21.10.10 - 04h44min

Mea culpa

Escasseiam os argumentos
quando só o que se tem
é um frasco de amargo ciúme.

Pesos e medidas diferentes
dependentes da condição crida.

Na extremidade da não-virtude
o precipício guarda a lágrima.

Algumas verdades são proibidas
sob pena de macular a esperança.

Direitos são descartadas reivindicações
quando ovos cobrem um chão de espinhos.

Situação de vidro, castigada com a morte.
E morte de cruz.
Mea culpa.
Mea máxima culpa.






21.10.2010 -  03h29min
Infringir regras é dispor-se a pagar o preço. Alto. Deveras alto.