Vivem em mim
as dores dos anos
que passam
as dores
e os anos.
A solidão é qualquer coisa
que me alimenta
uma quase companhia
disfarçada de ninguém
em quem depositar meus medos.
Os cantos d'alma
guardo-os
todos
intactos
no meu álbum de visitas
últimas
as minhas
pé ante pé
submersas
em gelo seco
e unhas pintadas de azul.
Programo as próximas atrações
factuais
fracionadas
e diluídas em gotas
de um suor espesso.
Es
pe
zi
nho
a culpa
de saber-me só
sem nada pr'oferecer
além de um silêncio mortal
e de um fio de cabelo quebrado
que insiste
no embaraçado
e assumido
assunto
a contra gosto
encerrado.
Enceno uma bola d'algodão doce
enfrento fugas e míticos ataques
faço da fera
aliada
e alinhavo
outros cabrestos
nas pontas dos dedos cansados.
Satisfaço o que possuo de meu
sem nada consumir.
Calculo invasões
e danço...
Danço
como se o corpo fora
minha vida inteira
derretida na pista quente
na gota salgada que
devagar escorre
rente
entre a blusa fina
e minhas costas.
A solidão é qualquer coisa
que me alimenta...
20.11.2011 - 05h34min