segunda-feira, 17 de março de 2008

Castelos de areia


Construo castelos de areia.

Na beira da praia

as ondas que quebram

são língua de sereia

cântico de morte e encanto.



A filosofia não protege quem sabe.
A sabedoria não esconde quem foge.
A história não depende de quem morre.
Escolho as palavras exatas
que encolham o sentido do verbo
que ainda não encontrei.
Compreendo a sorte e planejo
a próxima estratégia para fugir dela.
Não trago ferimentos abertos
ou cicatrizes profundas
oriundas das dores e vertigens
de cegamente andar nas sombras
do que desconheço e do que busco
desintoxicada das convenções
impostas diariamente a todos os seres.
E aceito os açoites das terceiras intenções
que desconhecem os perigos que enfrento
ou que desdenham do que considero ilusão.
Sou contrária e ouço vozes alegres
que falam de coisas distantes que eu não vi.
Sou louca, originária de uma terra onde não nasci.
Sou impaciente, intolerante, intransigente.

E construo castelos na areia
e moro neles
e neles sou feliz....







Aos 49 minutos do dia17.03.2008

E agora, Drummond?


Se fico, sou presa fácil

a ver navios sem velas

sem velar o mar azul.

Se parto, morro na praia

esgueirando-me à toa

entre as palmeiras e os orvalhos

de madrugadas sem estrelas

de versos soltos sem poemas

de encantamentos derretidos

nas horas de absoluto pesar.

Se sonho, corro o risco

de acordar exausta e vazia

pra descobrir que o mundo é este

que rodeia minhas crinas

que rareia meus imprevistos

que diminui as possibilidades.

Se acordo, aceito o fato

do sol estar morrendo

do dia ser meu hoje

do riso real que sou aqui.

Se espero, desconfio.

Se desespero, confino.

Se construo, não sei.

Se sei, desenformo.

Torno novo o ontem feito.

Dito minhas próprias regras

meus fusos horários desordenados

minhas impressões escassas

na roda da vida no sono de agora.

A oportunidade estendida

tapete vermelho na escada

que sobe, não se sabe pra onde.

Mas sobe...

E eu não sei onde a opção.

E eu não sei onde a versão

do que é verdadeiro e forte.

E eu não sei onde a escolha.



E agora, Drummond?







Aos 31 minutos do dia 17.03.2008