terça-feira, 16 de junho de 2009

Ordem dos Elementais

Ordeno a história dispersa
presenteio o futuro com o que construo
a partir de recortes do passado remoto.
Removo as teias de aranha dos quadros
guardados desde o tempo da escravidão dos olhos
quando nada era permitido
quando nada era lido
quando nada era declarado.
Mas os Elementos adormecidos despertam
a dificuldade fecunda a terra
as peças do quebra cabeças se juntam
e os fortes prevalecem
com outros nomes
com outras peles
com outros motes.
A noite, grávida de assuntos,
ávida de prazeres,
delira ao alvorecer:
eles estão lá,
os criadores,
prontos pra nascer.
Na Idade das Trevas,
um ponto de luz ELEMENTAL.
16.06.2009 - 20h05min

RESPOSTA

Não sei quem és, nem a que vieste, mas parece que pensas saber da minha vida. Pensas, pq de fato não o sabes. Tanto é que consideraste estar eu desabafando por um motivo criado pela tua imaginação. Fértil imaginação, que se atreve a entrar na minha vida e dizer coisas que não me interessam em absoluto. Se desabafo, quem te disse que é pelo motivo descrito por ti? Sugiro que, ao ler um poema, procures nele algo que fale alto dentro de ti; não tente perscrutar o poeta ou adivinhar-lhe as razões e os nomes de seus objetos de inspiração. Não conseguirias, deveras. Ainda que possas apostar que sim.
Os jargões usados por ti denunciam teu lugar. E teu lugar, certamente, é bem longe de meus motivos, e de minha vida. De todas as minhas vidas.
Dispenso teus comentários.
16.06.2009 - 18h30min
*Perdoem-me os leitores que tão simpaticamente comentam meus poemas, no blog ou por mail. Prefiro deixar claro para esse tipo de pessoa, o que penso a respeito desse tipo de atitude.
Tenho certeza de que vocês, que acompanham e apreciam minha arte, irão entender...
Este assunto, a partir do próximo minuto, pra mim, estará encerrado.
E vamos em frente...

Nitidez

As sombras de sol insípidas
nas solas dos sapatos
de lama pintados
insistentes crueldades limitantes
nas molduras dos quadros hostis.
Os quadris encaixam fluidos
e lembranças esvaem melodias.
Consigo hibernar das dores
e as pernas bambas afogam os olhos
que espreitam os restos de luz.
Transfiro canções do peito
e meus lábios emudecem na tua boca.
A passagem dos minutos
convence a chegada da hora.
Arrepiam-se as gramas
e os pássaros gorjeiam paralisias.
Imagens se fundem
construções sem força se erguem do nada
emergem das linhas verdes
da tua íris clara
asas de um futuro querido.
Meço a distância que já conheço
e desisto de partir.
Meu sangue é teu
oferenda voluntariamente pensada
bordada nas dobras de tuas vestes
nos couros que tua pele protegem
no teu passo, na tua palavra, nas tuas escoras.
Eu, tua.
16.06.2009 - 16h31min

Contigo

Se são nítidas
as impressões das lâmpadas apagadas
na estrada que desconheço
e se tateio o espaço
à procura do calor que não alcanço,
se bendigo o teu nome
e se sustento meus caprichos,
se lanço sementes de sonhos
e se abrigo tua insegurança,
se moro num projeto distante
e se assumo tuas lutas
como se minhas fossem,
se encontro a tarde calada
e se entendo teus tímidos sinais,
se espero pacientemente
pelo vão do tempo escasso,
se atraso os afazeres
e enfeito de cuidados
as horas dos sustos
lembrando que as quedas fortalecem
e que não há motivo para sofrimento,
se jogo e permaneço,
se não durmo, se estremeço,
se molho minhas entranhas de desejo,
se escolho acreditar nas tuas escolhas
se opto por andar contigo
e se abraço tuas causas
porque elas estão em ti
e tu carregas meu peito,
então não temo, nem desisto.
Estar contigo é o que me basta.
16.06.2009 - 14h10min