quarta-feira, 29 de abril de 2009

E se...

E se todos os restos se juntarem aos trapos dos pretensos absurdos que julguei necessários? E se todas as rezas forem realmente inúteis e os teus risos ficarem mudos de colírios e sonoras obviedades? E se todas as missas calarem os vasos vazios dos baús descascados escorridos escadas abaixo perto dos sonhos empoleirados que a gente não se atreveu a mentir? E se todos os pulsos entrelaçarem as mãos e as ervas brotarem dos musgos confessos improvisos frasais gravados nas linhas fantasmas das apagadas luzes míopes? E se todas as manhãs forem tuas e os bocejos e as lampejos e os desejos circundarem as estradas abertas diante dos pés descalços que apalpam as telhas dos sonhos qu'inda estão por vir? E se não houver mais nenhum motivo para as partículas e as películas forem castanhamente azuis e os pensamentos forem sutis e os cumprimentos forem reais? E se eu, de uma hora pra outra, materializar teus traços e TI alcançar... Haverá espaço pra interrogar? Aos 4 segundos do último dia de abril de 2009

terça-feira, 28 de abril de 2009

Ir

E a vida foi vindo assim arrastando as bagagens do dia tropeçando nas pedras do caminho arregaçando as mangas puídas das desgraçadas evitadas dos sofrimentos enfrentados das peças rasgadas de espumas que foram ficando pra trás. E a vida foi vindo assim entre risos e blefes e compreensões das distâncias e constatações de ignorâncias e sensações de permeio das trocas pretendidas que não houveram ainda. E a vida foi vindo assim meio manca, meio bendita, meio atormentada de dúvidas, meio sem tempo sem orvalhos sem participações de luto ou coisa que o valha ou coisa que o vele ou coisa que o venda. E a vida foi vindo assim dia após dia feito frio da manhã de outono em anúncio claro de rigorosa solidão. E a vida foi vindo assim entre os dedos emergindo e entre os dedos escorrendo sem pressa com pressa presa no tênue fio que ninguém vê. E a vida foi vindo assim té deixar de vir... 28.04.2009 - 18h30min

segunda-feira, 27 de abril de 2009

1001 postagens

Engraçado. Uma vez chamou-me a atenção o número de postagens no blog. Estava eu, então, no poema 600. Não pensei que chegaria tão rápido ao 1000, no que reside uma certa estranheza, inclusive para mim: produzo muito, quase compulsivamente ('quase' é só pra não afirmar a plena consciência da compulsividade), logo, era de se esperar que o número 1000 chegasse logo. Pois já passei dele também. E isso me dá uma sensação de alegria plena. Esse fato, por si só, poético!
Uma vez escrevi que o Roberto Carlos queria ter um milhão de amigos e que eu me contentava com os poucos conquistados ao longo de toda a minha vida, e que cabiam nos dedos das minhas mãos. Não quero um milhão de amigos. Quero um milhão de poemas escritos, suados, chorados, sangrados, vertidos das minhas veias abertas.
Eu quero um milhão de poemas escritos!
Salve-se quem puder!
27.04.2009 - 18h15min

Escrever

Publicar idéias visualizar palavras sortir mistérios sorrir remédios contar piadas prender as águas derramar lágrimas proferir sortilégios. Publicar idéias provocar desgostos praticar sabores desmentir horrores conferir princípios desmembrar sucessos concorrer centelhas saturar espaços. Publicar idéias escrever impropérios permitir estorvos estocar cadernos partilhar olhares precipitar censores contornar parelhos controlar esforços viver a conta-gotas. Publicar idéias mergulhar a pena discutir a sina acordar o limite infringir a culpa infligir delírios instruir corcundas circundar oceanos desbravar caminhos. Publicar idéias. Amar. 27.04.2009 - 18h

Volta II

Voltar. A gente sempre volta. Nietzsche e sua teoria do eterno retorno. Eu volto. Demoro, mas volto. Volto a pisar os mesmos calos. Volto a sorver o mesmo cálice. Volto a sentir os mesmos suores. Volto a bendizer os mesmos benditos versos que fiz outrora. E volto. Volto de onde nunca saí apenas ausentei meus dedos ou minhas esperanças ou até meus humores. Mas volto. Porque foi aqui no grão de um poema qualquer que me perdi... 27.04.2009 - 17h55min

domingo, 26 de abril de 2009

Volta

Aos navegantes que tão simpaticamente reclamaram minha ausência, aviso:
a poesia mora em mim,
ainda que adormeça de vez em quando.
Não sei que sonífero ela toma.
Não sei que susto a assusta,
ou que medo a amedronta.
Não sei o que a faz recuar,
nem o que faz brotar esses versos
que planto em mim.
Não sei.
E não sei se quero saber.
Mas sinto falta de escrever.
Sinto falta dessa agonia que me dá,
quando quero, quando preciso 'dizer'.
Sinto falta da sensação
de descontrole
sobre minhas próprias mãos
ou sobre meus pensamentos,
quando ela me acomete
e se derrama feito bálsamo
ou talvez um outro ente
(quem vai saber?).
Sinto falta
feito droga no meu sangue
dessa tal de poesia
que me domina
e é mais importante pra mim
que a vida
(forte isso? nada!
repara, a poesia não é ela
mesma a própria: vida?).
Por isso hoje estou feliz.
Ela acordou.
Está de volta.
E me sorri.
26.04.2009 - 20h28min

Não vi!

E eu não aceitei
o copo cheio de digitais
entre os destroços
das vias que não voltam mais.
E eu não aceitei
o brilho da carcaça
errata impressa de letra
desdita sinuosamente
feito clarão de lua
em noite de tempo quente.
E eu não aceitei
a prisão
a pressão
a impressão de estar nua
sob os olhares divinos
dos divididos instantes
dos paradoxos desconexos
dos distintos censores
de duvidosas morais
(porque eles são muitos
eles são quase irreais).
E o X da questão eu não vi.
E o princípio ativo do sopro
que me pegou de surpresa
e me atirou no abismo
eu
não
vi
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Mas os tijolos foram postos
nos muros das ruas
que percorri.
Mas os estilhaços cortaram
os riscos dos vidros
que eu recolhi.
Mas os supostos estorvos
e os solavancos
e os olhos estreitos
debaixo dos panos
brotaram
I
M
E
N
S
O
S
e ergueram castiçais de prata
por onde escorrem ceras coloridas
de velas apagadas
que eu jamais acendi...
26.04.2009 - 20h

Escrever? Mais? Pra quê!

Nas vias digitais deserto de bacalhau - bacalhais? - Ai, que saudade da Semana, dos quintais, dos Drummonds, Robsons, das Cecílias, Anas, Lenitas, Douglas, Carlinhos - de Jesus? também, também, também -. Ai, que saudade das cascatas de versos que afogavam as mágoas e os desacertos e incendiavam o desejo de mais escrever de mais escrever de mais escrever animais sedentos de sangue de mais escrever de mais escrever de mais escrever. Ai, que saudade do tempo em que eu, cá no meu cantinho, inda tinha nas pontas dos dedos um canto triste pra mais escrever mais escrever mais escrever. Inda dava um jeitinho de ter no meu nome bordado bem grande uma TODA POESIA pra mais escrever mais escrever mais escrever. E hoje? Onde as penas? Onde os trapos? Onde as rolhas? Onde as sementes de vida? Onde os brotos e as ilusões intrusas que desencadeavam borbotões de luzes? Onde mais escrever? Escrever? Mais? Onde? Porquê? 26.04.2009 - 19h55min *Para meus amigos queridos, do Sarau On-Line: Lenita, Robson, Carlos, Ana, Douglas. Adoro vocês!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

domingo, 5 de abril de 2009

Um ano por TI

Faltam 99... Chegaremos lá... Um dia...

05.04.2009 - 01h57min

De mim, pra TI

*vou pedir emprestada a faixa, daqui a 99 anos