quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Agulha no palheiro

As dobras aparecem na fé da esmola escondidas nas bainhas dos olhares disfarçados sem a noite ou sem a sombra intermediária que supre os cantos das soleiras das portas. Mangas arregaçadas no frio de inverno intentam as cotas de orvalho que me dividem em quinze sobreviventes de outras eras. As heras crescem na loucura vã dos princípios que ninguém escolheu sem imposição macabra. Pastos secos acumulam olfatos de estrelada natureza. Esvaem-se as linhas de orgulho no meio das serragens. As ferragens retorcem os brincos de prata perdidos no rasgo do riso vermelho apagado de sopetão da tela fria. Alecrim. 20.08.2009 - 23h39min

Fotografia

Rasgo fotografias. A lixeira transborda. Transpassam-me os dias. Lembranças demais atrapalham impedem o passo adiante prendem os calcanhares ao que já foi. Amasso fotografias. A paciência transporta ilusões. Andanças demais extrapolam limites penetram intimidades desprendem afetos caros. Guardo fotografias. Imagens congeladas do que existiu. Transcrevo alegrias. Pensamentos preciosos encorajam impelem o passo adiante deslizam os calcanhares ao que há de vir. É o que deve ser. O que escrevi.... 20.08.2009 - 14h11min

Ambiente

O livro abandonado na gaveta denuncia a paralisia coletiva. Nenhuma discussão que encabece a noite. Nenhuma prenda que encerre a briga. Nenhuma confissão tardia. O coro entoa um não-sei-que desconhecido e a lua não dança nem ilumina parada na sua inconstância na madrugada escura e fria. Ao canto da parede, jaz o porta-retratos vazio. O silêncio embrulha o espaço ao redor e a escuridão é coberta de mendigo proteção contra inquisidores olhares que não buscam respostas abundam recriminações. Confome o combinado o dia nasce lento. A vida segue lenta tartaruga aleijada arrastante de cascos enfileirados num caminho vacilante numa trilha sem brilho ou gargalhadas. Névoa. Tentação de equilíbrios. Os mesmos que se renderam há anos e da mesma forma se cobriram de espantos e dizeres malditos. Tudo ferve. Pedra sobre pedra é coisa do passado. Tudo explode e se contradiz. O breve instante de ver.... 20.08.2009 - 14h08min