quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Imprecisão

(...esvaziar as gavetas de nada serve
se de notas a cabeça anda cheia...)




Guardo galhos de árvores
que um dia floriram as ruas
enfeito meus dias
com frutas e sais aromáticos
que planto nos sonhos
teias de recomeços
e afuniladas tramas.

Suponho que as somas
salientem horários
e determinem direções opostas
àquelas em que me perco
e encontro culturas dispersas
fumaças e sinais
d'outros tempos.

A tênue linha do absurdo
rodeia meus passos
ridiculamente trôpegos
e sóbrios
e barulhentos.

Um assovio me distingue
dos que desconheço
no horizonte sombrio
que não alcanço
- nem ele a mim -
(grande mistério).

Se conservo
absorvo orações de duplo começo
enriqueço as divisórias do medo
e poluo as entranhas
com alheias devoções
desnecessários parágrafos
no vazio do Tudo.

Alimento
o que não sei ter fome
e mato mais um pouco
do que já sei pequeno
quase extinto
extraordinariamente
exausto
de procuras.


Sou espanto.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Andança

Tiro do bolso minha filosofia mais crua
cravejo de balas de menta
minhas metas norteadas
por cãs e começos.

Recomendo as últimas tiras
de fitas mimosas
baratas e desfiadas
plantadas com esmero
nos pulsos das moças.

Tropeço nos próprios pés
e trezentos conteúdos mínimos
brotam de ventiladores suspensos
cabelos de Medusas
empedrando gestos e vinhos.

E saio da casca
enfrento os maus modos
perco a linha que nunca tive
e encontro outras dúvidas.

Divido meu tempo
e meu suposto ponto de equilíbrio
que nem eu conheço
com quem me afronta.

Sou processo.





10.01.2012 - 02h16min

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Do Novo


Depois de apagar os borrões
círculos de luz explodida
confundem vozes
e diretrizes
miúdas.

Os espaços da próxima dança
iluminam a escuridão
sem rasuras ou hesitações
e os "Vivas!!" ecoam
de pés desconhecidas.

Poemas a serem escritos
pacientemente esperam
a hora exata
o instante sagrado
em que escorrerão
das linhas
dessas minhas digitais
já tão gastas.

Um outro começo...






02.01.2012 - 03h10min