sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

VITÓRIA

Os seres são lutas
nenhuma delas igual
fases de lua
faces cruas
dores cruéis
medos fundados
em difíceis e intermináveis
dias fatais.
Mas o sol permanece
no calor do abraço irmão
e aquece
e aquiesce
e aquieta
e faz saber que a batalha
inda que árdua
inda que estéril
inda que só cansaço e dor
um dia amanhece...
Escuta:
há um canto de colibri
no teu quintal...
20.02.2009 - 21h30min

Quem é você?

QUEM, EU?
ÀS VEZES PENSO SABER QUEM SOU OUTRAS VEZES PENSO SER QUEM SABE OUTRAS VEZES NÃO SOU NEM UMA NEM OUTRA OUTROS SERES NÃO HÁ VEZES EM QUE AS OUTRAS QUE ME HABITAM ABREM AS ASAS E VOAM, OU SE FAZEM VER. ÀS VEZES SOU UM EMARANHADO DE PERGUNTAS ÀS VEZES SOU UM PUNHADO DE BUSCAS ÀS VEZES SOU QUALQUER COISA MENOS EU MESMA ÀS VEZES SOU APENAS EU MESMA MENOS QUALQUER COISA ÀS VEZES SOU LÁGRIMA ÀS VEZES SOU TERRA ÀS VEZES SOU MEL DE FATO CONCRETO NADA TENHO ALÉM DO FATO DE SER INCOMPLETA E DE PENSAR QUE QUANDO UM CICLO SE FECHA UM OUTRO VAI RECOMEÇAR. ÀS VEZES SOU CLARA ÀS VEZES NEM EU ME ENTENDO ÀS VEZES COMPREENDO, ÀS VEZES SOU BÊNÇÃO MAS NA MAIORIA DAS VEZES SOU MALDIÇÃO. CUIDADO COMIGO, ENTÃO. 20.02.2009 - 02h55min

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Mulher

Cato pingos de chuva
nos raios de uma luz qualquer.
Canto sem letra a busca cega.
Caminho sem trégua.
Não sou sofrimento nem sonho.
Não sirvo pra sopa.
Nem sopa sirvo em prato de mel.
Não sopro bolhas de sabão no ar da sala.
Subo um degrau de cada vez
e na próxima, dez.
Tomo banho de pimenta e sal.
Corro sem direção.
Corrijo.
Suo o exagero e a falha.
Falo do que já não é.
Abrigo antigos temores.
Esqueço amores.
Amorteço quedas.
Amordaço monstros.
M
e
n
s
t
r
u
o
.
Eu.
Mulher.
19.02.2009 - 17h

In

Incoerente que sou, dou-me ao luxo diário de flertar co'a coerência, como se dela desejasse um instante sequer. Inconsciente que sou danço no fluxo diário de melódica impertinência como se dele desejasse um fio vermelho sequer. Independente que sou, dou-me ao prazer diário de te precisar toda hora como se nada mais houvesse além de ti. E não há... 19.02.2009 - 16h40min

História

São caules, raízes e limos tortos troncos de escolhas ou suspeitas sombras de assuntos supostos. Fantoches de borboletas brancas espetados em mostruários fantasmas. Texturas adivinhadas na compra de horas ou na cadeira de rodas quiçá no balanço vazio que corta o espaço pleno de desertos. As correntes arrastam os pés o mundo carrega as costas os descontos desdenham do amanhã. Esculpo sentimentos expresso alusões iludo o tempo escorregadio, que um dia me haverá de tecer. Devoro o cheiro do livro d'onde escorre o que não sei. Bato a poeira dos pés povoo meu ventre de novos intentos. Invento. 19.02.2009 - 16h32min

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Dança

Os limites me estreitam sou amplo espaço preso entre as paredes de convenções que não inventei. Escalo orvalhos escondo olheiras esculpo acordos nas cordas das árvores - cipós - nas barbas de pau que escorrem nas babas do dia entre os lençóis de cetim e as novas regras gramaticais impostas - poesia? -. As abas das horas projetam alvoroços. Não sou algema mas almejo que teu sol me queime ao menos ilumine ou quem sabe até imunize meus caminhos de luz e anzol azul anil. Sou um par de pés descalços que escalam-te as costas de pele macia e 'kouros' no ar. Sou teu sono, tua voz, teu sabor e a fumaça que exalas. Sou teu sopro e sou eu mesma nua e desprotegida, envolta em versos transparentes que tuas mãos, teus olhos, tua fantasia, haverão de rasgar... Nos primeiros 10 minutos do dia 19.02.2009

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Aditivo

.
e
.
16.02.2009 - 13h10min

EU QUERO!

Eu quero bolos e pipas e sons de risada e rodopios infantis dados pelas crianças imitados pelos adultos abençoados pelos deuses. Eu quero chocolates e sucos de laranja e misturas de palavras mal pronunciadas rendadasrendeirasreveladorasredentorasescaldantes. Eu quero a cabeça vazia de balão solto no ar de cheiro de pizza de sabor de menta de perfume cítrico de abraço apertado de coração palpitante de verso molhado espalhado sobre a mesa espalhado sobre a fresta espalhado sobre a batucada que incendeia o chão batido de frescas madrugadas e suco de limão congelado: pi co lé. É! 16.02.2009 - 20h

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Queda

(Hoje só quero quedar-me aqui....
e sorver a coerente
(in? será?)
versatilidade da canção
que nasce costurada nos verbos salientes,
desse bando de malucos-beleza,
que voltaram a povoar um certo santo bar....
Ah...
hoje quero quedar-me aqui,
e esquecer que há regras,
que há logros,
que há pipas voando no ar.
Hoje eu quero quedar-me aqui,
e tantas letras amar....)
02.02.2009 - 05h28min
(Alexis tratou a foto. Obrigada, querido!)