domingo, 11 de maio de 2008
Sapientia
Rangem as correntes
que carregam as apostas
entre os dentes
de babas expostas.
As torturas que infligem
dor ao saber
não são legítimas.
Há engano na voz
que grita da bancada:
"Tudo exige busca suada!".
Mentira. Bobagem.
Há prazer no caminho
da descoberta diária
e, nela, o peso das correntes
não tem vez.
É leve a bagagem
do cientista maluco
do aluno curioso
do professor desacomodado
que parte do inesperado
pra cair no assombro.
Sabedoria é a chave
que abre o cadeado da ira,
liberta as línguas malditas
e faz ferver as falas arbitrárias.
Sabedoria é raridade
em terra onde se pensa
que nada haja pra ser descoberto
por qualquer reles mortal.
Correntes rangentes de medo
um dia se rompem
e aí...
talvez...
sapientia...
11.05.2008 - 21h21min
Dias
Na virada do dia, perco a noção exata da fuga
não sei mais se fui tua sombra ou se exerci patrulha
sobre os limoeiros plantados na porta da igreja vazia.
As folhas secas cobrem os caminhos que trilho
premonições de dias escuros e longas jornadas.
Fecho o jornal da semana passada. As notícias são as mesmas
que todos acompanham, sedentos de sangue avermelhado.
Azuis são as preces que não alcançam um céu de anil
e as obras são vagas, são restritas às quermesses
das noites de sábado dos junhos frios. Juno ferve.
As pequenas bonecas dançam nas mãos da menina
que ri e fala sozinha, com diferentes vozes,
a narrar a trajetória singular de tão singulares personagens.
A inocência salva a alma, lava as feridas, cicatriza as dores.
Ver o que pode ser visto é mais que privilégio.
É quase abandono.
A porta do armário abarrotado de louças não fecha direito.
A porta do horário abarrotado de compromissos imprevistos
que não serão aceitos nem deletados,
apenas escritos no livro da vida...
11.05.2008 - 19h08min
não sei mais se fui tua sombra ou se exerci patrulha
sobre os limoeiros plantados na porta da igreja vazia.
As folhas secas cobrem os caminhos que trilho
premonições de dias escuros e longas jornadas.
Fecho o jornal da semana passada. As notícias são as mesmas
que todos acompanham, sedentos de sangue avermelhado.
Azuis são as preces que não alcançam um céu de anil
e as obras são vagas, são restritas às quermesses
das noites de sábado dos junhos frios. Juno ferve.
As pequenas bonecas dançam nas mãos da menina
que ri e fala sozinha, com diferentes vozes,
a narrar a trajetória singular de tão singulares personagens.
A inocência salva a alma, lava as feridas, cicatriza as dores.
Ver o que pode ser visto é mais que privilégio.
É quase abandono.
A porta do armário abarrotado de louças não fecha direito.
A porta do horário abarrotado de compromissos imprevistos
que não serão aceitos nem deletados,
apenas escritos no livro da vida...
11.05.2008 - 19h08min
Luzes e mitos
Somos mitos.
Somos mentes.
Somos mentes.
Somos muitos.
Somos mentiras impertinentes.
Somos desconcertos permanentes.
Ambulantes e desafinadas canções
que ninguém consegue entoar em coro.
Somos sementes.
Descabelados, perambulamos exaustos
e desavisados entre outros iguais
que tateiam a esperança da reviravolta
mas não voltam nem reviram
nem revoltam a aliança.
Somos semelhantes às estrelas
aos rebentos que não nasceram
por absoluta falta de tempo ou de memória.
Somos restos de luzes ovais
que se espatifaram no cosmos
e resultaram em nós.
Somos tudo e nada cotidianamente
e não nos damos conta das carruagens de fogo
que nos atravessam as têmporas e os caminhos.
Somos cegos e errantes, tentando acertar.
Estamos sós.
11.05.2008 - 17h09min
Somos mentiras impertinentes.
Somos desconcertos permanentes.
Ambulantes e desafinadas canções
que ninguém consegue entoar em coro.
Somos sementes.
Descabelados, perambulamos exaustos
e desavisados entre outros iguais
que tateiam a esperança da reviravolta
mas não voltam nem reviram
nem revoltam a aliança.
Somos semelhantes às estrelas
aos rebentos que não nasceram
por absoluta falta de tempo ou de memória.
Somos restos de luzes ovais
que se espatifaram no cosmos
e resultaram em nós.
Somos tudo e nada cotidianamente
e não nos damos conta das carruagens de fogo
que nos atravessam as têmporas e os caminhos.
Somos cegos e errantes, tentando acertar.
Estamos sós.
11.05.2008 - 17h09min
Insônia
Às vezes, a gente esquece da hora,
o sono esquece da gente e a noite também.
Então se pode medir um tempo que não existe
ou que até existe, mas o relógio não tem.
É o prazer da palavra leve e bem dita
sem preocupação de horário ou da labuta diária,
sem o stress cotidiano que altera qualquer plano
e deixa os viventes meio reféns de si mesmos
entre os implacáveis ponteiros que gritam:
"É tarde!". O coelho, de Alice, que o diga!
O silêncio da noite insone é bem-vindo.
Faz a lua flutuar em pensamentos desordenados, mas,
quem quer ordem, em plena madrugada?
Quero mais é navegar no sono alheio
conversar com quartos, quintos, terceiros,
enxergar muito além do que me permitem os travesseiros.
Quero mais é abrir as portas da noite
e embriagar meus sonhos de estrelas cantantes.
Quero o descompromisso do sereno frio
que gela os ossos mas não alcança a alma,
essa, enrolada em seu cobertor de carinho.
Quero a impassividade de quem sabe onde quer chegar
e o ouvido atento, os olhos bem abertos
e os passos contados,
pra não errar.
De novo, não.
11.05.2008 - 03h27min
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