domingo, 30 de março de 2008

Pintura

Minha alma, que era azul, ficou cinza. Alguém aí tem tinta cor de rosa, pra emprestar? 30.03.2008 - 23h38min

Quintana, o eterno


"Existe somente uma idade para a gente ser feliz, somente uma época na vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realizá-los a despeito de todas as dificuldades e obstáculos. Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente e desfrutar tudo com toda intensidade sem medo nem culpa de sentir prazer. Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança e vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores e entregar-se a todos os amores sem preconceito nem pudor. Tempo de entusiasmo e coragem em que todo desafio é mais um convite à luta que a gente enfrenta com toda disposição de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO, e quantas vezes for preciso. Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE e tem a duração do instante que passa".



(Mário Quintana)






30.03.20085 - 22h53min

Atentado contra a poesia

" Existem milhões de germes de poesia morrendo dentro dos seres humanos. Serão mortos por não serem devidamente alimentadas com os nutrientes da realidade, da paixão, da esperança, da liberdade, da Verdade.Eles foram aprisionadas pelo homem cotidiano, abandonados à fossa, sem água e sem luz. Deram ao tempo a infeliz missão de buscar arrancar-lhe o suspiro vital. Foram amordaçados e serão destruídos pela suas próprias emanações de emoções e forças instintivas, produzidas naturalmente para serem canalizadas em atividades criativas, enriquecendo-lhes suas existências neste universo de beleza e mistério.Os homens cotidianos são máquinas hipnotizadas pelo dinheiro, sexo e sucesso (sucesso?), sucesso da fama, do infantil desespero pela atenção, não o sucesso da realização da autêntica felicidade que nada mais é que a paz. Assassinarão a graça, e beberão para tentar gargalhar. Assassinarão a sabedoria, e fumarão para tentar pensar. Assassinarão o amor, e se masturbarão para relaxar. Assassinarão a liberdade, a justiça, e vão obedecer a lei do egoísmo, do nepotismo, da convencionada corrupção. Fechar-se-ão para sua característica de colocar-se no lugar do próximo em nome da ambição.Os homens cotidianos estão exterminando o que existe de vida neles, para depois seguirem como zumbis em direção a igrejas, procurando em imagens e no céu o Criador, sem se darem, por nenhum ínfimo segundo, conta que a divindade habitava o seu ser, em forma de liberdade, de criatividade. Sofrerão de lapsos, vultos da alma pura, impotente, derrotada pelo jogo dos sentidos que cuidará de fazer de seus donos mortos-vivos esperando a hora de dormir. "
Shirov Jarzida
*Texto postado por MANUEL, em
30.03.2008 - 20h04min

VIVA.

Ria. ore. minta. ceife. enfrente. negue. busque. traga. puxe. espalhe. compare. chore. entregue. coma. ame. durma. sonhe. saque. assista. suspenda. insista. surpreenda. alegre. sofra. conquiste. conturbe. apronte. aponte. cubra. tombe. trepe. tampe. escreva. risque. sussurre. cale. concentre. cuspa. desista. opere. compre. corra. sorva. seja. morra. 30.03.2008 - 17h37min

Partida

Alcei vôo sobre um MAR de possibilidades uma imensidão de flores e espinhos misturados a sorrisos e lágrimas e ausências e presenças repentinas. Fui embora sem avisar nem olhar as nuvens ou o frescor dos ventos que vieram do Norte. Fui embora e não deixei rastros nem restos de vestes nos espinhos que insistiram em rasgar-me a pele. As canções que embalaram os momentos marcaram a volta das ondas quentes que empurram meu corpo contra a areia e lambem os passos marcados no chão. Apagam o que se foi e não salvam nada. Nada fica pra trás quando amanhece. Nenhuma mancha resiste a um beijo doce. Nenhum beijo é suficiente pra fazer esquecer que nem tudo foi pintado de azul. Recuso a aterrissagem nessa terra devastada. Aguardo o momento propício pra fechar as asas. E voltar a andar com minhas próprias pernas; nadar nesse mesmo MAR de possibilidades que não evaporaram entre os suspiros de dor dos últimos dias, dos últimos laços, das últimas culpas. Há flores na praia. Vou pra lá... 30.03.2008 - 17h26min (Encontrei uma concha, na beira da praia; dentro dela, as canções que embalaram uma alegria há muito esquecida... O MAR...)

O mar

SE eu não estivesse ali naquele momento ou em outro qualquer SE eu não tivesse escolha e a roda dos ventos soprasse em outra direção SE eu os is tivessem os pontos exatamente postos uns sobre os outros e nenhum fosse tão parecido com um L ou com um ponto de exclamação ao contrário SE eu não fosse quem sou SE tu não fosses quem és nem tivesses representado o que representaste pra mim SE a vida tivesse menos suposições SE as estrelas fossem quadradas ou tivessem realmente as pontas que insistimos em desenhar nelas SE o mundo não fosse redondo e a gente pudesse chegar ao fim dele e simplesmente cair fora SE não houvessem tantas suposições e a gente pudesse, de uma hora pra outra entender os desígnios todos que nos cercam e que nos circundam e que nos devoram e que nos derrubam TALVEZ eu pudesse deixar de ouvir o mar... 30.03.2008 - 01h21min

Mea culpa, mea máxima culpa!

Culpada, ofereço meu pescoço à forca meu corpo ao apedrejamento minha alma aos tormentos do inferno. Culpada, pergunto as razões sem respostas as sombrias fendas abertas no silêncio que cresceu insolente entre as paredes de um deserto de promessas improváveis. Culpada, espero o inevitável castigo terrível de carregar na minha história a lembrança do momento exato em que sucumbi. Culpada, bato no peito e ardo as entranhas na busca da palavra ainda não inventada pra substituir aquela que me provoca arrepios e que irremediavelmente deverá ser pronunciada por esses meus lábios trêmulos de culpa. Culpada do maior de todos os pecados... e não me arrependo... 30.03.2008 - 01h14min