sábado, 17 de janeiro de 2009

Definitivo

Tu és qualquer coisa que não encontro no dicionário.
Talvez sejas um perfume
ou um vocábulo grego.
Talvez sejas a mordida na maçã vermelha
ou o peso do cinto na minha pele.
Tu és alguma coisa indescritível
maior que MARAVILHOSO
mais forte que CORAJOSO
mais leal que o som de voz difuso
perdido no nebuleiro da distância.
Tu és qualquer coisa que eu não encontro no dicionário.
Não estás lá.
E eu não sei como TI definir...
Eu não sei...
17.01.2009 - 06h
(Acontece que TER dispensa definições...)

Moço...

Moço, chama aí alguém que esteja passando com uma viola debaixo do braço
Um dedo de prosa
uma pitada de poesia
um tantinho de pimenta
e está pronta a mistura perfeita
pra melhorar o meu dia...
Moço, chama aí alguém que esteja passando meio malemolente
que aqui um jeito dá à gente
meio sem medo de andar sem pressa
nesse bar escurecido
nesse lugar em que esqueceram
de acender o lampião
c'o último fósforo
da carteira vazia.
Moço, chama aí alguém que esteja passando com um livro não lido
entre as duas mãos de um ente querido
que as mulheres querem ouvir canções
que os homens querem arrastar as asas
e os chinelos e os tambores e as pretensas verdades
que as falhas acodem nas mesas vazias.
Moço, chama aí alguém que esteja passando
pra preencher a madrugada transbordante de um vácuo mudo
incandescente de uma tênue e lúgubre folha branca...
Moço, chama aí alguém
que eu já não aguento
de solidão...
17.01.2009 - 02h12min