quarta-feira, 30 de julho de 2008

Figura

.
Na tua boca o gosto da vida
que eu sorvo de um gole só....
30.07.2008 - 19h

Segredo

Segredo é elo sagrado Guardado sem sacrifício Por quem, mais que um desejo, Carrega no peito um suspiro.
Soprado por um vento do deserto Traz no corpo um sol em branco Na boca, o gosto da vida; No peito, um coração pulsando.
Tem nas mãos o brilho da areia Escaldante milagre diário De palpável constatação Faz suportar a distância Faz renascer a essência
Faz brilhar uma paixão.
30.07.2008 – 14h30min

Subversão

Subverter a ordem natural
as convenções, as cerimônias
esquecer os ritos estabelecidos
e criar a rota alternativa
aquela que segue direto para o coração...
30.07.2008 - 14h

Vozes

Um sonho de voz grave na escuridão da noite. Uma noite de sonhos graves na clara voz do dia. Uma noite grave no dia sonhado de voz desprotegida. Uma voz na luz difusa no varal de roupas molhadas sacudidas pela tempestade de areia da noite proferida pelas palavras que escorrem da roupa vermelha. A grave situação do peito embalado na voz vermelha do nome embrulhado nas Fagulhas de um Fogão à lenha... A voz, na noite serena. A lua que diz, na voz do luar, quantas letras serão necessárias para um único verbo sonhar: A M A R . . . 30.07.2008 - 02h41min

Quem sou eu?

Sou uma vírgula solta na calçada sou reticência e exclamação dois pontos e uma enorme interrogação. Quem sou eu? Sou poema rascunhado n'algum guardanapo usado por um boêmio desconhecido que sofria de mal de amor... É isso que eu sou... 30.07.2008 - 0h44min

Poesia

A poesia pintou de letras coloridas o caminho que eu segui. Estendeu um tapete de versos e símbolos, estrelou meu céu pescou a lua e trouxe pra mim... 29.07.2008 - 23h15min

domingo, 27 de julho de 2008

Do direito ao voto

O voto é uma arma
que o brasileiro aponta
para o próprio coração.
E aperta o gatilho.
Impiedosamente.
Talvez por estar acostumado
à violência
ao descaso
ao pouco caso
à incompetência.
Aperta o gatilho
e depois reclama da dor.
Quem mandou brincar com arma de fogo?
27.07.2008 - 13h50min

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Sintonia

O grão da palavra. O grão do olho. Um NÃO! trocado por um beijo ardente. Faísca breve. Incêndio duplo. Dois corpos em brasa. Labareda insistente tempestade de areia em pleno deserto ousadia anunciada e nenhum dos dois acredita em coincidências... 24.07.2008 - 04h08min

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Um milhão de amigos? Conta outra!

Quem tem um milhão de amigos
não tem nenhum....
23.07.2008 - 13h

Pleonasmo?

Tinjo de vermelho as cinzas dos meus poemas cremados e espalho nas janelas dos abismos que aguardam a rendição dessas minhas letras.... do outro lado da porta que não chegou a ser aberta... Aos 40 minutos do dia 23.07.2008

terça-feira, 22 de julho de 2008

Fina trama

Delicadamente costuro retalhos com linha quase transparente. São pedaços de mim que espalho entre os lençóis da cama desfeita. São espasmos de minh'alma e histórias que já não ouso ouvir. São desenhos de estradas frias e cantigas distantes de passos sombrios. São risadas desdobradas nas noites de um verão guardado entre as memórias mais caras entre os porões das lembranças que escondo das vinganças de quem nunca, jamais, sorri. São os passos escolhidos e dados e as conseqüências dos fardos e as consciências do que me fez feliz. São meus pesos e minhas medidas, meus pecados e minhas partidas, meus remendos, meus encontros, meus jazigos, meus membros, meus medos, meus escombros meus tudos... tudo que sou eu... Os retalhos fazem parte dos retratos da fina trama que costuro l e n t a m e n t e como se uma enorme festa estivesse a me esperar como se um raio de sol, único, diferente, me cobrisse por inteiro, desde o Oriente. Recolho os retalhos mal-costurados e que me são caros. Chuva de letras curvas deles faço e disfarço o interesse maduro despertado. Vale o jogo presente na fina trama, que vela pela sorte de quem arrisca a descoberta do que existe no conjunto dos retalhos na costura final da colcha colorida... Aos 7 minutos do dia 23.07.2008

Quebra-cabeças

Pacientemente, ele monta as peças. São mais de mil, espalhadas pelo chão. Quando pensa ter encontrado o encaixe... hummm.... não era essa, não...
De vez em quando as peças se perguntam de onde ele tira tamanha dedicação. De onde o interesse por essa forma de diversão? Afinal, há tanto tempo dispensa atenção às peças, que estabeleceu com elas uma espécie de amizade bonita.
Sobre a mesa, lentamente, vai tomando forma a montagem. Prêmio mais que merecido.
Sobre a mesa, agora perfeitamente perceptível, o desenho do quebra-cabeças incompleto: as curvas de uma mulher e seu misterioso colar de pérolas...
22.07.2008 - 01h30min
*Pequena prosa poética

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22.07.2008 - 0h55min

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22.07.2008 - 0h15min

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22.07.2008 - 0h09min

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Resposta

Desfio tua palavra e faço dela minha poesia tomo posse das tuas coisas e, como posso, vou contando as minhas meio assim, sem jeito meio que dizendo sem falar num vai e vem de metáforas, ambigüidades e desejos escondidos que eu teimo em não mostrar (mas que se mostram sem mim). Se sou canção, tu ofereceste a cifra, a partitura, o violão. Se sou moleca, foi teu abraço em letra que despertou o brinquedo adormecido que estava, na escuridão. Se sou mulher, foram teus versos maduros insanos e doces e ensolarados que abriram a fresta da ostra selvagem no bico do pássaro de uma certa manhã em leves tons de azul. 21.07.2008 - 20h

Burca

As mulheres confundem a mente dos homens de boas maneiras. Homens confundem a mente o coração, a pele, o passo, o caminho, a alvorada, a certidão de nascimento das mulheres de palavra. Homens e mulheres se confudem e se perdem uns dos outros entre as linhas escritas entre as linhas faladas talvez as linhas só pensadas quiçá as apenas sentidas. Homens são dores desejadas; mulheres são flores malcriadas famintas de Oriente Médio. Inda que escondam os olhos, são adivinhadas no perfume e confundem a mente dos homens de boa vontade... 21.07.2008 - 16h

Para eu ler, no dia dos pais

Sou pai, mãe e irmã Amiga, ando de braços dados contigo. Desde a concepção sou teu pai, fui eu que te guardei em mim, fui eu que te pari fui eu que cuidei de ti. Sou pai, mãe e irmã; eu é que garanto que nada te falte, eu é que zelo pelo teu sono, e te abraço, quando estás triste. Eu é que te mostro o caminho que podes seguir, ou não; eu é que te ensino a alegria, eu é que te ensino a poesia, eu é que te guardo do mal. Teu pai, Alina, sou eu, com todas as vantagens de ser tua mãe também. 21.07.2008 - 14h11min

domingo, 20 de julho de 2008

Personagem

Empresto meu corpo ao personagem que assumo enquanto escrevo minhas memórias. Transito por mundos alheios aos meus. Hospedo meus medos todos té que chegue a hora de abatê-los e apagar de mim as suas mentiras. Altero a rota de repente só pra testar os meus passos e conceber novos pensamentos entre os estilhaços da guerra que eu mesma travo comigo ou contra mim. Ensurdeço, espero e não leio comentários vazios de leituras. Quero a substância sólida da tua impressão, não repetições tolas que só aos tolos alcançam. Enrolo meus cachos e determino as próximas metas só pra mudá-las em seguida e partir sem rumo. O objetivo me cega e eu não quero andar a esmo tateante e indecisa. Sim, objetivo posto é confusão pra mim. Quero o imprevisto e o não imposto. Quero a surpresa e a capacidade de decidir ali, na hora, sem direito a estudo de nada que não seja o fato imediato. Te incomoda a minha imediatez? Ela mora em mim há séculos e a trato com cuidado e reverência. É ela quem dita meus risos e me faz ver que adiante não há nada que eu possa obter. Só tenho aqui. É aqui que eu vou morrer. 20.07.2008 - 13h14min

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sábado, 19 de julho de 2008

Ser poeta é

... ver estrelas nos olhos do dia...
19.07.2008 - 23h

Imagética


Peneirada entre os riscos,
entes distantes das rimas,
minha poesia...
19.07.2008 - 21h33min

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Dor de morte

Dentro da noite, o parto de um único verso.
19.07.2008 - 21h

Ser poeta é

... conceber a si mesmo
e parir-se
no escuro d'alguma rima
dissonante...
19.07.2008 - 20h33min

Amigo

Obrigada pelos enfeites que espalhas aqui e ali, na minha vida. Obrigada por lembrares de mim, por provocares os meus 'pensares', pelos castelos de cartas, areias, concretos, mármores, madeiras, fumaças, restos, fogos, risadas. Obrigada por essas tuas lentes que transcendem o que eternizam, porque dependem desses teus olhos que não são de hoje, nem de ontem, nem de amanhã... teus olhos são olhos de infinito. Eu te amo, meu amigo. Para Adrebal Lírio, por todas as razões ditas e por tantas outras que as palavras não alcançam. 19.07.2008 - 15h

Questionamentos III

Monstro de concreto que se ergue acima dos homens... Quanta angústia guardam tuas paredes? Quantos sonhos aprisionados em ti? 19.07.2008 - madrugada Comentário para foto do álbum ESSES MODOS DE VER, de Adrebal Lírio

Questionamentos II

Pedras que desbotam. Que descascam. Que ruem nas ruas que choram. Pedras que refletem. Espelhos de nossas angústias? Espelhos dos nossos GRITOS? 19.07.2008 - 02h48min Comentário para foto do álbum ESSES MODOS DE VER, de Adrebal Lírio

Questionamentos I

Quem é o homem diante da sua própria criação? Qual a importância dos seus traços, diante dos tijolos erguidos por ele mesmo? Erigirá uma obra em honra ao coração? Até que ponto seus feitos são os provocadores da sua própria solidão? O homem se reúne para a troca, mas está cada vez mais só. De que adianta o outro, para esse homem? Terá ele consciência da pouca importância do que há em volta quando o outro não pode mais sequer andar? Perdemos tempo demais erguendo templos e escondendo-nos dentro deles. Moramos nesses templos, e os chamamos de 'lar', quando o verdadeiro 'lar' é qualquer lugar onde estejamos em paz... 19.07.2008 - 02h58min Comentário para uma foto do álbum ESSES MODOS DE VER, de Adrebal Lírio

Labor?

Respiro poesia.
Ela me vem de fora,
ofertada pela vida.
Eu só a colho.
Vivo da colheita dos versos
que estão plantados por toda parte...
19.07.2008 - 02h55min

Ressuscita!

letras putrefam fadas feitos ressuscitam letras nas histórias mal contadas que nos obrigaram a engolir lajes de luz, pás de inspiração holofotes que confundem e depois enterram no quintal de papel os cegos mortos no tiroteio das frases olhos fechados em ataúdes no tinteiro vermelho líquido na ponta da flecha e na veia e no veio e sobre o travesseiro o indescanço arranhando a madeira a indecência disfarçada na esteira estendida na soleira da porta trancada a chave. Mortos! Mortos! Mortos! Que fazem ainda no chão? Não escutam o poetar nas árvores? Como ousam não erguer-se ao canto de um pássaro da manhã? Os ninhos foram construídos à noite enquanto mortais normais dormiam o sono justo dos que por justiça lutam e o horizonte alaranjado anunciou o amanhecer. Reflexo polido por deuses, aos clarins anunciando o resto azul que virá se prostrar até o instante silenciar-se em escurecer. Que esse leve trilar estremeça a vida Que conceda ao homem a chance De, das cinzas, renascer e viver em poesia outra vez.
02h – 19.07.2008
Com Pedro Augusto

Poesia rima com justiça?

A poesia té tarda mas não falha nunca ao contrário da justiça que tarda, que falha e deixa no seu rastro meia dúzia de gente mo ri bun da... 19.07.2008 - 01h

Caleidoscópio

Extensa sensação de dormência. Muito próxima da anestesia. Muito próxima da inexatidão. Ou seria da exatidão completa? Da absurda clareza de visão quanto ao que me cerca? Ou da absoluta cegueira... Eu sei o que parece. E sei o que de fato é. O feto do pensamento. O encorajamento fatal. O fraternal encaminhamento. O sexo frágil. A fuga. Enfermidade. Fogueira vazia de fogo transbordante de queimação. O erro ronda o riso e é preciso mais do que atenção. A história repete o homem os homens se repetem nenhum aparece com a resposta entre as mãos. São solitárias as esquinas quebradas na rotina diária de andar sempre pra frente sem nenhum sobressalto sem nenhuma urgência sem lamento e sem perdão. Permanecem vazias as mãos.... 19.07.2008 - 0h19min

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Ancestralidade

antes noite alta estrela sereno silêncio sossego solidão insônia medo Meu vínculo com a madrugada é anterior a mim a mim a mim... (buraco negro) 17.07.2008 - 14h04min

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Poetar é...

... apesar de tudo, CRER... 16.07.2008 - 21h11min

Poetar é...

... desabafar nos desarmados braços da metáfora
pra desabar em versos
e voar...
16.07.2008 - 15h

Minha verdade relativa

O despeito é só mais uma forma de dor... 16.07.2008 - 13h40min

Poetar é...

XVI ... libertar o eu-lírico pelo tempo que for necessário, só pra prendê-lo de novo, depois... XVII ... estar enganado mil vezes e preparado para as próximas mil... XVIII ... em tudo ver motivos pra poetar. E onde não houver, inventar... 16.07.2008 - 14h50min

Poetar é...

XIII ... enxergar além... e perdoar... XIV ... saber que as palavras jamais se deixam usar... XV ... sentir-se um trouxa... e gostar de ser assim... 17.07.2008 - 14h40min

Poetar é...

X ... nascer de amor, mesmo depois de velho... XI ... percorrer vielas desconhecidas, sem cansar... XII ... saber desde sempre que amor rima com dor e, mesmo assim, não desistir de amar... 16.07.2008 - 14h38min

Poetar é...

VII ... ver beleza onde não há... VIII ... predizer o futuro, sem pretender... IX ... prometer o céu e saber que a promessa vai se cumprir... 16.07.2008 - 14h35min

Poetar é...

IV ... de olhos vendados, ver melhor... V ... transformar uma despedida em canção... VI ... fazer versos de uma dor... 16.07.2008 - 14h15min

Tela suada de versos

Cautela para conhecer homens Montar elefantes Tocar ácido Abrir dentes morder músicas Morder a música, você não pode evitar a fome Tocar a arte, você não ousa domar o homem Não, mulher você não ousaria Abrir a ostra, você não pode sombrear a mulher Os elefantes? Talvez possa trancar Não, homem Você não poderia Talvez... Mas sempre libertará a costura da arte Uma hora você vai dizer "Saia daí e venha mostrar ao mundo como se vestir Queremos aprender o gozo” Vista-se de pérolas: pérolas no pescoço O mais é ostentação Tentação: tente a ação aço e dentes: acidente de percurso o curso das águas vertentes da selva Masturbe-se numa pele grossa Atente ao chamado selvagem Castigue o chão É sua tentação Pros olhos escondidos na mata Pinte na tela virgem o gozo da vida Descabace as virgens na caravana Pudores são formas de arte Impudor é sua ânsia Falso pudor, o seu castigo Não serei eu a lhe dar outra lição... *Escrito com Pedro Augusto, na madrugada do dia 16.07.2008 (http://elefantesvoltam.blogspot.com/.). Valeu, Pedro, de novo...

terça-feira, 15 de julho de 2008

EMARANHADO SOBREVOAR DE VERSOS PONTEIROS DESCALÇOS FUMEGANTES VERSOS DESCALÇOS CAFÉ COM POESIA EMARANHADA NA PONTA DA MADRUGADA MADRUGADA EMARANHADA

Café da manhã com uma ostra, um elefante ele quer só, ela quer acompanhar com sucos, iogurte, fruta do conde em murros, pretume, gasolina delicadeza e virilidade pra saborear. Cruéis nós em dedos, suaves laços no cabelo um filme de Kung Fu, lábios tocando um coelho branco. Todas as guilhotinas, estradas, florestas, ruínas revestidas de flores e regionais festas desnudadas em aço e cidades imperiais. Brindam com xícaras de líquido negro forte nos anéis das madeixas dela, saúdam as muralhas que avistam ao leste sobre rugas na tromba elementar. A vida se diluindo em cores a morte desbotando na escuridão a pérola, na pata do elefante a ostra alada de orelhas plana. Voar é criar raízes viver é poetar cair é ascender ao espaço como tomar café sentado ou colher fruta doce na ponta do pé.
*Escrito com Pedro Augusto (http://elefantesvoltam.blogspot.com/),
ENTRE ALGODÃO DOCE E ARAME FARPADO,
na fértil madrugada
do dia 15.07.2008 .
Valeu, Pedro!

Poetar é...

I ... ser pega pelo bafômetro da vida, bêbada de luz. II ...ter coragem o suficiente, pra temer. III ...expor-se tão desavergonhadamente, a ponto de se esconder... 15.07.2008 - 13h25min

O grito

Descabidas combinações desiguais em trôpegos mistérios baratos de insensatos poetares vorazes de canções e insetos esquálidos na folha vazia de equilibradas constatações.. Escrevo pra discernir meus erros; exerço o direito ao silêncio gritado em que a boca se fecha e as mãos se armam de lápis e letras impressas. Descrevo o murmúrio distante e frio das vozes que se deixam enganar. Espalho cinzas de sorrisos - cantos de sereia - nas linhas desertas que ninguém mais lê. Penélope, bordo o milagre em versos, enquanto espero por ti. 15.07.2008 - 13h

Fonte

Letras soltas dispersas no ar arriscam sentidos de encantamento. Símbolos e imagens são miragens quentes de olhos cegos que engatinham em direção das setas que não apontam pra lugar algum. Incertas horas de espera em que os estalos do dia soam feito arrependimentos saídos de escritos em letras garrafais. Garrafas d'água potável enfileiradas no escuro da via que não vai nem volta jamais. Genéricas são as palavras que te soam particulares enquanto pronunciadas por mim. Espetaculares versões de mundo de um futuro próximo que se distancia cada vez mais... 15.07.2008 - 12h03min

Da solidão

Da solidão nascem tantas estrelas... Da solidão criam-se ardências... Da solidão brotam vertentes... A solidão imita o eremita que se esconde, pra fazer valer o direito de não ser visto, de não compartilhar a febre, a dor, a ganância até... A solidão faz milagres. A solidão mata milhares. A solidão silencia os olhos de quem já viu o bastante. A solidão solta a garganta de quem não disse o bastante. A solidão é a companhia de quem ouviu tudo o que havia pra dizer... 15.07.2008 - 03h30min

Traição

Esperei que voltasses, perdido que estavas entre os cabos e as serpentes... Esperei longas distâncias, e, de tempos em tempos, marquei presença, pra ver se encontrava tua sombra n'algum verde vale ondulante. Nada. Não piscam as luzes que me avisavam teus olhos, não cantam os sinais que me mostravam tua voz, não pintam os canais que me clareavam tuas mãos. Nada. Esperei longas datas, té que o sono chegou antes de Ti. Foi com ele que eu te traí. Foi com ele... 15.07.2008 - 02h47min

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Heterônimos

Quantas de mim há em mim diferentes umas das outras extremos opostos de pensares ou semelhantes dizeres de mim? Quantas outras me habitam eu, que nem sei direito quem chegou primeiro à reta final, se a original ou as derivadas de mim? Quem criou essas terceiras, quartas, quintas vértebras a mais, que usam minha boca pra dizer que abusam dos meus dedos, a escrever o que querem e o que as assombra? Quem enxerga, além delas, a verdadeira moradora do meu corpo, que nem sempre se manifesta emudecida pelos gritos das outras? Quem me alcança? Com quantas pessoas diferentes consigo conviver dentro da minha própria casca, cada uma querendo a expressão exata, pr'aquilo que nenhuma de nós consegue exprimir? Qual delas é a verdadeira escondida por trás das faces múltiplas que foram nascendo [ou que foram sendo construídas] sem aviso prévio sem licença ou permissiva minha? E se qualquer delas quiser se valer da morada e assumir o controle do espaço reservado pra todas as outras? E se essa não for eu? Quantas faces existem por trás da máscara com que nasci? Quantas máscaras têm as mulheres que usam meu corpo? Quantas são as cicatrizes que escondo atrás delas? Quem eu seria se não fosse um heterônimo? Nada além de um fantasma, talvez? 14.07.2008- 13h18min

domingo, 13 de julho de 2008

sábado, 12 de julho de 2008

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As luzes difusas Sem trapézio ou inspiração Rabisco círculos Por entre as páginas De um dicionário de mitologia. Invento pra eu mesma Alguma forma de perdão. Minto sobre minhas intenções E escrevo amenidades. Não tenho vontade de te seduzir. Passa. Esquece. Recita algum verso triste De despedida lacrimejante. Eu avisei Pra não insistir... 12.07.2008 – 0h56min

HERMÉTICO

A verve ferve o antídoto Engole a garganta muda Que acende a palavra dura No fundo do precipício Aberto pelos que crêem. -Eles ainda existem. Eles. Os que crêem – As páginas lotadas de versos Na agenda vazia de compromissos diários Esquecidos n’alguma esquina Que insiste em não se dobrar. -Elas ainda existem. Elas. As teimosas esquinas cruas- A caneta falha e a história tarda Talha o leite na caneca E o doce na compoteira azeda. Esvaziam-se os versos Como se esvai a vida Do corpo que sangra deveras. -Eles ainda existem. Eles. Os corpos que sangram - Por entre as grades da janela A prisão lá de fora Tem cor de liberdade fria. Espetáculo cancelado Por absoluta falta de público pagante. De graça, só se for palhaço, Que faz rir ao entardecer. Ao entardecer Faz rir, pra não morrer De fome de justiça, De fome de amor, De fome de prazer. -Eles ainda existem. Eles. Os mortos de fome- O espaço é restrito Não há como dizer Ou des-dizer ou contra-dizer Ou usar hífens sem autorização judicial. As palavras têm cheiro de adeus. *Derrapo na pista molhada. Fechei os olhos sem querer. Sem querer escrevi uns versos que me recuso a ler. Sem querer rompi os laços . O ponto de táxi procurei, sem querer. Sem querer tranquei a sete chaves a vontade de querer. E agora nada mais me prende. Uma semana é o suficiente pra eu saber que vou partir. Que vai doer... Em ti. 12.07.2008 – 01h12min

Desejo II...

... passar por ti na linha imaginária do tempo, e saber... Aos 30 minutos do dia 12.07.2008

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Desejo...

...que todos os princípios sejam estrelas perseverantes... 11.07.2008 – 02h50min

Insônia

Teço o infinito na terça parte da noite quando teu sono abastece de sonhos as luas e os astros que luzem por ti. Tranço sementes de sombras nas arestas exatas das horas que passam. Enfrento sozinha os monstros que passeiam descalços nas silenciosas madrugadas. Ruas vazias de empertigados viventes hostis. Ruas exaustas de riso e esperança exultantes de prazer e crença extenuantes: fulgor e dança. Enriqueço a presença rasgada na fotografia escura que fiz. O verso encoberto de areia e a curva no corpo insone serão testemunhas das linhas que eu jamais escrevi mas que leste em meu ventre ontem quando te servi. 11.07.2008 – 02h33min

Vieira

Voam meus ares por novos ares A vara de condão distante Desnuda teu corpo de letras Tu’alma de suspiros lentos. Sou eu quem desvenda Os mistérios da ostra, Rara pérola negra Nos olhos meus... 11.07.2008 – 01h23min

Ventania

Carrego todas as tempestades Nas mãos... 11.07.2008 – 01h19min

Alegria

Todos os tentáculos da alegria me alcançam E mordem a isca, presa aos cantos da minha boca E no centro do meu olhar. 11.07.2008 – 01h17min

Rouquidão

Um sopro faceiro de vida Pede passagem E licença Pra voltar... 11.07.2008 – 01h13min

Estrada

Meus caminhos são os que eu mesma invento Meus caminhos são os que desconheço E carrego nas costas a passos largos Enquanto a vida se distrai E eu me vingo da areia Que não pisei... 11.07.2008 – 01h07min

Milagre

Arrisco recortes de estrelas No céu arisco sobre mim Encontro flores vermelhas E espinhos maduros: Vida e rumores estáveis Nas pouco prováveis oscilações Das malhas de um tempo e de um espaço Que não almejam o fim... 11.07.2008 - 02h

Divagar

Deixo transparecer as transparências Da minha essência invisível. A olho nu encontras minúsculas Partículas do que tento evitar a todo custo. Desconsidero o confronto voluntário imediato Entre a garganta e o verbo obtuso Que esqueci de pronunciar Em todas as horas em que minh’alma foi tua. O milagre é reticente E condescendentes todos Os beneficiados por ele. Nuvens são cães, são gatos, São leopardos, são corpos inflamados De raiva, desejo ou pudor. Três tentativas de eternidade. Três tratativas de poder. Três formas de dor. E o amor? Aos 58 minutos do dia 11.07.2008

Ostra

Coleciono opiniões próprias só pra delas discordar a interrogação mora em mim e a fatalidade, no ponto final. São cercas de arame farpado todas as horas em que me vi obrigada a viver um instante que eu não criei, que não nasceu de mim, que eu não pari. A catarse me ganha o grito, a gana, a saga, a sina, a sanha. Ensandecida, rabisco versos livres. Recuso-me à permissão do erro. Entrincheiro a alma e aguardo nua a lágrima restante. Inteira, eu mesma mergulho no lodo ao lado da primeira estrela e deixo rolar a pedra sagrada: pérola negra ao longo do corpo cujos olhos observam, ao largo. Recolho as amarras guardadas nos parcos silêncios, nas abundantes palavras. Tranco a sete chaves a ostra nenhum olhar me alcança nenhuma luz me arranca. Rasgo a opinião própria e me aproprio do grão de areia: promessa de jóia vindoura. 11.07.2008 – 0h35min

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Morrer de rir

Um riso ecoa do fundo da vida um risco de bala fura o ar um corpo tomba morreu baleado perdido, ele e a bala a bala, que chega pra matar. Melhor seria a notícia se um riso ecoasse da superfície da vida se uma bala dançasse a refrescância de um Halls na boca do corpo que bailaria no espaço aberto do salão morrendo de rir, de alegria, de alegoria, de satisfação. Melhor morrer de rir... Nos primeiros 3 segundos do dia 10.07.2008

Falta de opção

Neste país, não temos muitas opções. Ou morremos nas mãos dos bandidos, ou morremos nas mãos da polícia, ou morremos de puro desespero, abandono, invisibilidade... Mas morreremos... Só não corremos risco nenhum de morrer de amor... ah, isso de jeito nenhum... 09.07.2008 - 14h54min

Norte

Estamos todos fora de foco? Perdemos o rumo? Ou eu é que, de repente, não consigo mais suspirar? 09.07.2008- 01h

Ainda bem que a gente pode...

...escolher.... ...esquecer.... e ...tentar outra vez.... Aos 16 minutos do dia 09.07.2008

Eterno retorno...nem um pouco terno...

O homem continua cometendo as mesmas atrocidades que aconteciam na História Antiga. Só que, agora, com a ajuda da tecnologia. O resto é absurda e absolutamente igual. 08.07.2008- 01h15min
*E Nietzsche, afinal, tinha razão...

Intenção

São minhas as intenções da hora que me sorri... 06.07.2008 - 18h35min

Nada a declarar

Soletre o sopro da letra que espera o amanhecer desigual nenhum princípio é agora... 06.07.2008 - 18h

domingo, 6 de julho de 2008

Haikai?

Folha de outono sem cartão de visita o dia se fez azul. 06.07.2008 - 14h

Sodadi

Sodadi é coisa que ardi bem aqui, Nu meiu du peitiu da genti. Sodadi é coisa ingrata, qui mautrata, Qui machuca, qui dexa duenti. Sodadi dá im quasi todu u mundiu, Di uma coisa ô di otra, Di quem viajô, di quem nim tá mais lá. Dá sodade inté da genti mermo, das veiz im quano! Mais a sodadi qui quasi mata, Aquela qui ti finca u coração, É a sodadi du bem, A dor da paxão. Essa, qui ti mata divagarinho, Qui nem si tu fossi morrenu di fomi, I nu fim é fomi mermo, Fomi du Bem que num tem mais... Num tem...
06.07.2008 – 02h39min

Par

De par a par, o par perfeito existe E está n'algum lugar... 05.07.2008 - 14h

Do gostar

Eu gosto de cheiro de pão, café e livro novo, Incenso de canela em casa limpa, queimando; Nascimento de idéia madura na cabeça. Eu gosto de ver pensamento brotando, Tomando corpo, iluminando a rua; De sentar debaixo de árvore De passar noites em claro De comer chocolate em pó, de colher, E dormir quando o mundo acorda. Eu gosto de cheiro de chiclet E de terra e capim molhado; De abraço demorado, De conversa bem longa, De sonho que não termina nunca De gente que sabe o que quer. Eu gosto de música suave E de emoção à flor da pele; De cabelo curto em homem, De cor de tinta e poesia fresca E de agradecer por ser mulher. 05.07.2008 – 01h21min *Aí, Dani, não te disse que dava poesia?

Rédea - curta?

Não tenho as rédeas da minha vida Ela é que me guia, pra onde quer me levar. Ela é quem decide pra onde devo ir O que escreverei, com quem conversarei, Que acento terão minhas palavras, Quais interações me aguardam logo ali. Não tenho as rédeas Não sei o que será Não sei do que se trata Mas acordo todas as manhãs Sabendo que andarei pr’algum lugar, Darei boas risadas e serei esperada Por alguém em algum outro lugar. Não tenho as rédeas da minha vida Nem preciso ter, pra poetar... 05.07.2008 – 01h

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Motivo único

A razão da minha poesia são esses versos tristes que chovem sobre mim nas noites sem luar... 04.07.2008 - 04h35min

Lei Seca

No âmago da questão, a velha máxima: lugar de bêbado é na cadeia... (o quê? essa máxima não existe? como não? se acabei de inventar!) 04.07.2008 - 03h43min

Anúncio

Tem coisas que só a poesia faz por você... 04.07.2008 - 03h37min

Questão de gosto

Mulher, sou poeta ou morcego. Só não poderia melancia ser... 04.07.2008 - 03h30min

Ensaio sobre a surdez

Estudei os acordes que acordariam os cérebros das bizarras bailarinas e seus bastardos espectadores. Estudei todos. Comprei partituras e os ensaios vararam as noites. A existência é tão curta (da inteligência) e a expectativa do sucesso passa pela forma de abundantes glúteos desprovidos de conteúdo. O sexo explícito escorre do rádio, da televisão, da letra daquilo que se convencionou no século passado, a chamar 'canção'. Canção? Concluo, então, ser mais prudente ensaiar outra coisa: a minha surdez, por exemplo, antes que uma melancia amasse a minha poesia... 04.07.2008 - 01h20min *Depois de uma conversa muito proveitosa com meu amor eterno Carlos Martinelli, que sabe o que é uma canção de verdade.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Desencontro

Exceto quanto te desejo meu dia tem um vácuo espaço de buraco sem fundo faltoso de significado. Exceto quando te espero as horas se prendem aos cabelos as bengalas não apóiam meus calçados as calçadas não amparam os passos [frios. Exceto quando te quero sou máscara ambulante, insensível sou prato de feitos e frutos invisíveis sou ninguém, que mira um ponto distante. Exceto quando o quanto é presente: TU! 03.07.2008 - 23h58min

Consolo

Estrondos escombros assombros ombros os teus... 23.07.2008 - 23h43min

Quantidade

Quantas vozes
declamarão meus textos?
Quantos corações
buscarão consolo
nas linhas que escrevo?
Quantas descrições
farei dos meus sonhos,
do que sinto,
do que vejo,
do que minto,
do que suspeito?
Quantos anos serão necessários
té que se entenda
que a letra é grito
que a noite me pertence?
Quantos delírios e ilusões
formam uma ponte
até o portal das intenções?
Quantas vozes
derramarão os suores
do meu rosto?
03.07.2008 - 22h58min

Exclamação

Olha só! O tempo tropeçou nos ponteiros do relógio sem corda! Olha só! A vida voou em duplas e os santos aplaudiram o minguar da lua como se fora bênção chegar atrasado em plena procissão marcada pra depois da missa na manhã de um sábado azul. Olha só! São três horas da manhã e o galo avisou que já vai partir, que a tristeza abandou o dia e que a noite vai dormir. Olha só! Minúsculos pingos de chuva molharam os anéis dos meus cabelos enquanto eu ia pelo aterro pra entender direito o que é, afinal, essa velha Poesia muda, que mudou o meu jeito e gritou no meu ouvido que a verdade anda crua, precisando de um pouco de sal, pra parecer mais gostosa. Olha só! Se esse nó te amarrou agora quanto maior será o fio do luto que a pressa da vida te amarrará... 03.07.2008 - 19h36min

O valor do silêncio

Shhhhhhhh Não digas nada busca em silêncio a rima pra tua dor. O embuste te aguarda na próxima esquina disfarçado de amigo disfarçado de circo disfarçado de amor. Evita as ruas lamacentas evita as alamedas lotadas evita as grandes multidões e os dias de chuva e os dias de sol e os dias nublados. Evita a presença da luz mas também foge da escuridão. Evita a palavra sequer pensada. Não, não pensa em nada. Evita o pensar. Busca a tal rima em silêncio absoluto absurdo abstraído de algum lugar. Evita tua própria imagem refletida no espelho do olhar. E compra o bilhete só de ida lá, pra onde queres estar. A rima te aguarda de pé, no topo da escada, que te leva para além de onde desejaste ir. Para além de qualquer parar. Shhhhhhh não digas nada até lá chegar. E quando chegar, CALA! 03.07.2008 - 19h22min

terça-feira, 1 de julho de 2008