segunda-feira, 30 de novembro de 2009

HisTórIa

O primeiro dia do mês de dois anos:
debaixo dos laranjais
um pequeno e triste príncipe mascarado
e um suco ácido de mistérios insolúveis
desvendados aos poucos
feito embrulho de presente desejado
em noite de Natal feliz.
Os espelhos e os espinhos
as certidões amareladas
pontes distanciadoras
de frágil papel poético...

e as descobertas dos risos soltos
na tua boca séria de homem maduro...

as madrugadas não percebidas
os conceitos os livros os fatos
que criaram vida assim
meio sem querer
(foi sem querer?).

O primeiro dia do mês de dois anos.
Foi assim...
Assim haverá de ser?





30.11.09 - 23h33min
*Quase o dia primeiro do ano dois. Feliz aniversário!!!!!!!

Simone

Suo
ou
sou?
Serei!








30.11.09 - 22h

P&B



As minhas cores são duas
a que eu mesma me pinto
e a que me bordas
quando esses teus olhos tristes
'cuidam' de mim...






30.11.09 - 21h38min

Ponto com



O charme de um ponto no escuro
é a linha que não sabe onde esconder
é o fundo do encontro no muro
é o princípio que procura prever.
O oposto da ponta da lua
é a coberta de brilhos do amanhecer
é a proposta que já não existe
é a insistência que deseja obter.
O particípio passado presente
é o que inexiste na dança da vida
na gota de destino embaçado
embaralhado no sangue da sina
que pulsa
que pulsa
que pulsa
que inferniza
o raio da estrela
que se eterniza
nesses teus olhos tristes...





30.11.09 - 21h03min
*Foto: Obra exposta na 7ª Bienal do Mercosul - Porto Alegre - 07.11.09

Crise


Tenho crises criativas
ao contrário do comum
suo poesia em versos
invento canções e desenhos
desdenho da ilusão.
Qualquer frase é um bom motivo
pra montar outra emoção
desfaço interjeições
enfrento objeções
enfeito um céu nublado
de flores e capins.
Sou outra e outra pinto
mulheres nuas
cavalos marinhos
fatos de cetim.
Flutuo sobre seda
sinto frio bem no começo
vela acesa permaneço
componho linhas de algodão.

Tenho crises criativas
vidas próprias dentro em mim
luzes, luas, veraneios
e tecidos cor carmim.





30.11.09 - 20h17min
*Rimas são crises!
Ferros são escadas de sins...

Prisma

Tudo depende do ângulo
com que teus olhos vêem
o que está exposto ou o que se esconde.
Depende do quanto pretendes ver
ou do que gostarias
e daí as fantasias
e os desejos sem porquês.
Depende da forma com que buscas
e do lado em que estás
se estás dentro, vês de um modo,
se fora estás, talvez nem vejas
ou tua visão seja tão nítida
que nada se poderá esconder de TI.
Se o ângulo te for generoso
talvez vejas o belo
sob ou sobre o difuso.
Se houver menor valia
talvez o problema sejam os olhos
e não o objeto que se divisa
entre os outros milhares dispostos
ante o teu olhar atento
que vê
e às vezes silencia...
(nem por isso menos propenso
ao engano).
Cuidado com o ângulo...







30.11.09 - 19h33min

Aquarela sobre algodão




Obra de Alina Aver (aos 8 anos de idade)




30.11.09 - 19h25min
*Porque toda forma de arte é poesia...

domingo, 29 de novembro de 2009

Estabilidade




Pé ante pé componho meu caminho
mudo de direção e amplio horizontes
diária e meticulosamente
como quem realiza complicadas cirurgias.
Mudo a todo instante
novos interesses somam-se aos antigos
não jogo fora nada
não descarto outros motivos.
Talvez essa gana de novidades
esse instinto de conhecimentos vários
precise dessa tua estabilidade
que me mantém no prumo;
sem ela, provavelmente, eu me perderia
na interminável teia de inesperados.

Tua permanência mantém meus pés no chão.
E é assim que deve ser....






29.11.09 - 16h37min
*Obrigada por essa tua resistência às mudanças

O nome




Um nome pesa na balança
da pequena importância.
Um nome que não alcança
nem mede, nem mostra
o tanto do tamanho do dono
que se ri da pequenez do valor
das cinco letras e de todas as que vem depois.
Um nome que significa 'alegre',
alcunha desses teus olhos tristes.
Ainda assim,
se eu fosse escolher como te chamar
esse teu nome seria o ideal
não por te definir
mas por ser teu
e meu
desde que escolheste
ficar por aqui...





29.11.09 -2h15min
*Cais do porto - Porto Alegre - 07.11.09
Pq esse teu nome alegre
mora num  homem que gosta de chuva...


sábado, 28 de novembro de 2009

Céu de poesia



Um céu de poesia
nesse meu triste abraço
de diamantes amanteigados
de supostas previsões enriquecidas
de ligeiras passadas paradas no tempo.

Esse mesmo tempo
que voa
que vira
que invade a distância
e aumenta a diferença.

Um céu de poesia
sobre o tempo azul
que me arrasta

pra longe?




28.11.09 - 20h33min
*Foto: O firmamento; Bento Gonçalves, em out./09

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Eu gosto...


das contradições
dos avanços
dos acasos.
Eu gosto das consequências
das reentrâncias
das existências.
Eu gosto do que não há
nas aparências,
dos banhos de lua,
de sol,
de estrelas.
Eu gosto dos sonhos
e das sensações fartas,
das histórias inventadas,
dos inversos,
dos infinitos,
dos palavrórios,
da pronta entrega
e dos períodos de ansiosa espera.
Eu gosto das vozes
às vezes audíveis.
Eu gosto das peles escuras
dos muros
e das portas nos muros
e das pedras soltas dos muros.
Eu gosto de bandejas
e do sono das manhãs,
das lentes coloridas
e da mordida na maçã.
Eu gosto de magia
de espelhos
e de cabelos curtos.
Eu gosto de caixas, bolsas e sedas,
do gosto de hortelã, frutas e beijos,
de relógios e livros e escadas,
de brilhos escondidos e cantos e orvalhos.
Eu gosto de carvalhos e pinheiros e gramas.
Eu gosto de presentes e papéis e sussurros.
Eu gosto dos riscos
e de correr riscos
e de assumir riscos
e de arriscar assuntos que desconheço
só pra aprender o que não sei.
Eu gosto do quase nada que sei...






27.11.09 - 23h27min
*Cais do porto, Porto Alegre, 07.11.09

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Canção para TI

Canto o sol no horizonte
que se avermelha ao seu pôr.
Canto a lua condizente
os poréns
os retrôs.
Canto o que passou
o que ficou
o que está por vir.
Canto o que voou
e o que haverá de ser.
Canto o começo
e a continuidade;
que o fim não há,
o fim é só um ponto
na vista embaçada
de quem já não quer abraçar.
Canto o que sou
o que soou
o que encontrei
e o que marcou.
Canto o cântico primário
das ninfas e dos absurdos
dos sábios e dos aleijados
das proezas e dos abusos.
Canto o sorriso não dado
e o silêncio não tido.
Canto o que disseste
e o que calaste
na medida exata do teu medo
que eu reconheço
nas tuas continuidades
nas tuas permanências
no teu corte de cabelo sempre igual
(lindo!).
Canto esses teus encantos
e esses tais desalentos;
esses experimentos musicais
nos teus fones inseparáveis;
esses leves conhecimentos
que fui guardando
do tanto que fui tendo
de tudo o que  é em TI...





25.11.09 - 01h07min

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Cuida de mim

Lá não é tão difícil
doem as pontas dos dedos
como a saudade;
e a gente resiste.
Demora nascer
demora tocar
outras canções
outros mitos demoram
demoram outras ilusões.
Meus alívios são milésimos de segundos
milhares de mortíferos desesperos
paralisados por breves instantes
(os mesmos em que calas,
enquanto cuidas de mim...).







24.11.09 - 23h03min

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Escolha

Pintei um acorde no violão
assoviei a sombra do dia
desestabilizei a presença
de quem não está, mas é.
Arrepiei a pele do pêssego
assumi a pele de cordeiro
arranquei a pele do sopro.
Amei.







23.11.09 - 21h33min

Cara ou coroa II

A moeda do tempo,
quantos lados tem?









23.11.09 - 21h11min

Mudança?

Ele diz que eu resisto às mudanças
não concordo, mas acredito,
já que, de mudança,
ele entende muito bem.






23.11.09 - 21h

domingo, 22 de novembro de 2009

Cara ou coroa?


Às vésperas de completar 44 anos
observo as imagens do que se foi
e as lembranças que me são caras.
Revejo os períodos de calmaria
e os outros nos quais surtei.
Não sei quanto é que se estendem
os caminhos, ainda, à frente
nem se há pétalas de rosas
por trás das portas
que não sei se se abrirão.
Mas sei o que fui
e o que há hoje em mim.
Sei de tudo o que pretendi
e de tudo quanto sonhei.

Se sou coroa,
que seja de flores do campo
adornando a cabeça de hoje;
a minha e a de quem quiser comigo estar...




22.11.09 - 20h22min
*Foto: tarde do dia de 22.11.09

sábado, 21 de novembro de 2009

Outro ângulo

Daqui as coisas são
outras compreensões.
Daqui teus tons são
de outras dimensões.
Daqui teus sérios são
outras conclusões.
Daqui o lado é este
e não há como transpor.
Daqui um instante de retiro
ou uma vida de indecisões.
Daqui sem cortes nem evidências
só instinto e confiança
e um tantinho de outras tantas intenções.







22.11.09 - 22h13min
Sem esperança e sem culpa

Branco fôlego





Estranho esse  nervosismo
que parece meio fora de lugar
talvez por estar.
Blusa branca
fuga do tema proposto.
Contigo as razões?





21.11.09 - 21h

Preferência

Se fosse imperativo escolher
uma parte de fora de ti
seriam esses teus olhos tristes
a obviedade da minha opção...



21.11.09 - 20h18min
Porque os olhos do menino
inda brilham no olhar do homem
que eu sei...

Rastro

Não deixo pistas
repito o mantra
das perguntas sem resposta
e descontraio a fibra exausta.
Não deixo iscas
reparo a mancha
das respostas sem pergunta
e desenlaço o assovio exposto.
Não deixo assombros
escondo a goma na grama amanhecida
enveredo pelo compartimento
que não existe
mas me insta a silenciar.
Não deixo rastro.
Estou.






21.11.09 - 01h11min

Ver

Teus olhos tristes
te acompanham desde sempre
debaixo das tuas pálpebras
nos teus porões
nas tuas superfícies.

Não disfarçam,
esses teus olhos tristes
nem mudam;
enternecem...





Aos 17 minutos do dia 21 de novembro de 2009

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Merecida pausa


Descanso minh'alma cansada
n'alma d'arte
pr'eu não esquecer
do que mais prezo
em tudo e em mim:
 sentir...






19.11.09 - 20h11min
*Foto tirada na 7ª Bienal do Mercosul - POA - 07.11..09

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Não quero partir

Se quero partir
sopra-me à nuca
o vento norte
minuano fresco
de livre calor.
Se quero partir
à mente me vem
tuas pastas
teus estudos
os protestos teus.
E não quero partir...



18.11.09 - 23h19min

domingo, 15 de novembro de 2009

Poetar

Fazer versos é postar construções d'alma
desfazer os monstros em rimas
afrontar a imagem de costas
contar os dias com cantigas de ninar.
Fazer versos é modelar a lua
escalar montanhas de tremores
abdicar do próprio espaço
assumir os pés descalços
eclipsar  a alegria
poetar...





15.11.09 - 14h07min

Bem querer

Se houvesse medida
eu te diria
que é esta
e assim seria
a forma precisa
do quanto te quero.
Se houvesse...




15.11.09 - 14h02min

Caos

Tomo nota de restos de antigos versos
que não cheguei a escrever
na tábua rasa do meu quarto vazio
nas asas de aleijados querubins.
Resgato passos em falso
falseio indicações precisas
das quais desconfio, não sei por que.
Encontro desatinos e intervalos
mergulhados nas fendas escuras da dúvida
de tudo o que ficou suspenso
do que nunca foi esclarecido
nem o será.
Retiro minhas migalhas de estrelas
das frestas do telhado de vidro
quebrado pela nota aguda mais alta
saída da garganta do tempo
que eu cansei de destruir.
Nego a luz da ribalta
arremesso balões no meio do caos
cascalhos de assuntos quebrados
entornos de espelhos sem fios.
Descanso na rede
esqueço a hora e a melodia.
Desisto da tarde
por ser cedo
ou por não haver mais...
Recomeço.




15.11.09 - 13h57min

Milagre

Jurei meus dedos oprimidos
juntei-me às turbas
investi meus diários
às folhas vazias
de estreitas linhas tortas.
Não fui única nem mágica.
Não fui coroa nem reza nem canção.
Nasci no riso da lua
no coachar de um sapo rebelde
na alegria do óleo sagrado.
Assumi a chuva de pétalas brancas
converti meus escritos em testamento
cerrei as pálpebras.
Cri.







Aos 7 segundos do dia 14.11.09

sábado, 14 de novembro de 2009

Pra valer

Às vezes se fala
outras se cala
nem sempre se consente
nem sempre se entende
nem sempre é sempre ou nada.
Às vezes é tudo
outras é pele
nem sempre é sangue
nem sempre é sede
nem sempre é céu.
Às vezes é exato
outras é demência
nem sempre é tempo
nem sempre é raso
nem sempre é mundo.
Às vezes é dor
outras é pensamento
nem sempre é razão
nem sempre é rasgo
nem sempre é fundo.
Às vezes é temperatura
outras é escolha
nem sempre é corrida
nem sempre é luta
nem sempre é solução.
Às vezes é vida
outras é literatura
nem sempre é existência
nem sempre é velocidade
nem sempre é pista molhada
aventura
ou ilusão...





14.11.09 - 23h
Às vezes é pra sempre.
Essa vez é pra valer...

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Pequeno Príncipe

Não é um livro
é uma pessoa
e não é qualquer
não é pequeno
nem é príncipe;
é mais...

Não responde,
pergunta
e exige resposta imediata.
Não pergunta
e exige resposta imediata.
Não exige
tem imediata resposta.
A única possível:
SIM.






13.11.09 - 03h17min

Companhia

Dispenso as respostas e as perguntas
quando tua vez me alcança
sem licença ou pedido qualquer.
Se passeio por aqui ou a...qui
é por essa razão fora das convenções todas
(essas mesmas que te disse detestar)
e que te inclui, meio que à revelia.

Revelaria todas as minhas intenções
se isso não me custasse a tua companhia
que me sustenta sobre meus pés
e estes sobre essa terra fria:
firme e forte
e, principalmente, conTIgo
pelo que for.








13.11.09 - 03h03min

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Vício

Palavra  é vício
cultivado alegremente.
Planta regada religiosamente
pra não perder os acentos
os tremas e as tremedeiras
provocadas pelos tons
pelos tonéis
pelos tamanhos
das letras e dos sentidos
experimenta(menta)dos
na ponta
dos dedos
dos olhos
das línguas...



12.11.09 - 21h22min

Sim (não?)

Algumas coisas são mais simples
que qualquer explicação possível
resumem-se a um curto SIM
ou, talvez, outras e muitas vezes,
a um questionável definitivo NÃO.
Algumas sangram doces suores
outras mascaram dissabores
pisam cascalhos de gelatinas
cospem fagulhas de flores.
São pétalas guardadas de lágrimas ditas
ou restos de folhas rasgadas
fotografias esquecidas
em gavetas de móveis desenhados.
São roupas coloridas
e afetos necessários bem servidos
em bandejas de prata reluz-ente
pela espera prometida
crida
um dia alcançada
(talvez).
Algumas coisas são SIM
as outras, todas....






também....








12.11.09 - meio dia
SIM ( "...não?")

Voejar

Voo a pé
talvez chegue mais tarde
mais devagar
mais cansada;
talvez, às vezes,
desista,
e volte atrás
na nuvem da rua 2003.

Voo a pé
faço bolhas
e machucados
nas plantas dos caminhos
entre os dedos das ruas
que trilho, na pressa
de chegar onde não sei.

Voo a pé
e não presto atenção
se ao meu lado seguem
cegos ou videntes astutos;
meu desejo é alcançar o destino
pintado na pedra da vida
antes mesmo d'eu nascer.

Voo a pé
sem asas ou bengalas
de hastes de bandeiras e margaridas brancas
sem diferença alguma entre umas e outras
ou entre os dentes e os ossos das pernas nuas
debaixo do lençol de soft
qu'inda não tirei da cama deste persistente inverno.

Voo a pé
sou som
imagem e lembrança
no meio de uma tarde qualquer
ou numa madrugada afinada
de um reflexo iluminado
por um par de jovens sobrancelhas negras.

Voo a pé
encerro o dia
cerro a cortina
assino a obra.






Aos 9 segundos do dia 12.11.09
Um voo raso
por um meio sorriso teu...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Tu

Mãos estendidas sobre o cetim avermelhado
ventos esticados sob o tapete aveludado
dias desiguais, sem sombras ou dúvidas
inesperados afagos de rastros no meio de uma tarde qualquer.
Hoje.

Algodões embrulhados na areia do tempo.

Não conto as horas nem as partilhas
muito menos antecipo sonhos amassados.
Cozinho as porções de alegrias no calor do corpo
que te doo sem reservas,
invólucro da alma que a ti pertence há tempos.

Se forem opiniões conjuntas
ou compartilhados méis
que sejam...




11.11.09 - 23h09min

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Poesia




Em 07.11.09; mais que só uma visita: POESIA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



09.11.09 - 22h21min

Pintura

Voam pétalas de lembranças
nos ventos das corças
amarradas à chuva de nuvens suspeitas.
Circulam querubins e quebrantos
nas claras campinas de velas
nas peles das virgens calmas:
chamas de melodias extintas. Sutís.
Banham livres os raios de escaldante calor
remexendo as marés e os amores
de faunos e freiras, mortificados de pudor.
Embriagados de familiares escolhas
cortam universos barbeados de encantos
e flores azuis, festivas guirlandas avessas.

Cá comigo, entorno o caldo da vida
entrego as algemas e os anéis que nunca usei
abro as comportas de vibrações escuras
observo papéis picados aos montes
e absorvo a linha sem sentido
que devora os índices enjaulados
e beija a canção presa na garganta.

Cá comigo, entorto a manhã
devolvo as explicações que não tenho
invento uma nova forma de beijo
e castigo a linha do sentido.

Delicada sensação de vidro fosco
na embaçada fúria suspensa...





09.11.09 - 21h24min

domingo, 8 de novembro de 2009

Havido

DIANTE DO MURO
A PORTA NÃO BATE
O PULSO DO AR NÃO TRANÇA
A CRIANÇA NÃO ESPERNEIA
E O TRATO NÃO TRANCA.
DIANTE DO MURO
O PARTO É À PARTE
E OS PROTESTOS ESPREITAM
AS ESTREITAS LETRAS PARES...

TODAS AS PARTICULARIDADES
JÁ TENDO HAVIDO...


Aos 23 segundos do dia 08.11.09

Arte



A arte nos absolve
dos nossos próprios desejos
das vezes que não contamos
quantos sopros tem um começo
ou quantos começos tem um SIM.
A arte nos desobriga
dos desertos e das paciências
das tantas vorazes promessas feitas
e das outras tantas quase cumpridas
por não dependerem quase da gente.
A arte é grão de areia colado
em pingo de chuva impertinente;
um verso, um feto, uma dúvida,
um nome, um vento, um fato, um líquido,
uma porta, uma saída, um caso,
uma escolha, um encontro, uma linha,
uma obra, um veneno, uma folha em branco.

Uma folha,
um branco,
um dia...


A arte é um dia...




No primeiro segundo do dia 08.11.09

sábado, 7 de novembro de 2009

ParTIcularidades

Imagino as sendas

por onde plantas as plantas dos teus pés

nas tuas corridas.

Apresento construções interiores

aos meus outros 'eus'

e eles não reconhecem nada

além dos teus traços,

os rastros que te seguem

e arrastam meus versos

por conta própria

e livre e alegre vontade.

Não sou dona de mim:

emprestei minhas verdades

aos teus 'is'

que permeiam os grãos de arroz

no meio do teu prato branco.

Ninguém mais com teu sotaque

ou teu jeito de calcular um pé após o outro

como se desse único passo

dependesse todo o teu futuro.

Ninguém mais com tuas histórias

ou teu riso de menos da metade de tudo

ou tua lista de livros preferidos,

tuas escolhas vegetais,

teus filmes, canções e formas.

Ninguém mais com teu suspeitado gosto,

teus gestos contidos,

teus mistérios, tuas exigências.

Ninguém mais com tua exclusividade

ou tua presença continuada.

Ninguém mais com tuas cobranças,

interferências, provocações.

Ninguém com tua fartura

ou com teus propósitos,

tuas intenções,

teus fins de semana,

teus telhados, teus esportes,

teus tratados, conhecimentos, compromissos,

teses, des-crenças, dúvidas,

inícios ou coragens.

Ninguém mais a TI repetir.

Ninguém mais...

em mim...







21.10.09 - 17h07min

Acontecências




Consciências
consequências
insolências
sonolências
insistências
desistências
solvências
advertências
reticências...



Aos 12 minutos, das 23 horas, do dia 07 de novembro de 2009