terça-feira, 2 de setembro de 2008

Setembro II

Setembro vem de braço dado com a Primavera...
Vê o pólen cobrindo o manto do dia, pra que a noite ilumine a flor que já desabrocha...
02.09.2008 - 15h20min

Setembro

O diferente me atrai
mas não me prende.
A segurança se atrela
à minha pele. Permanece.Tensa.
É o constane que fica.
A mudança é só um vão
na silenciosa hora inesperada.
Salada gelada de exóticas frutas frescas
em dia de sol escaldantemente desértico.
Devoro o instante que me abre
as possibilidades que eu aposto ter.
É temeroso enfrentar o perigo
e eu não me dou conta dos riscos
que riscam círculos em volta do meu riso.
Brindo à vida com água,
nessa clara manhã,
anúncio de Primavera.
As flores abrem as portas
dos orvalhos mágicos
precioso pólen renovado.
Um diferente, que vem igual,
ou um igual que se apresente diferente?
Setembro.
Outras formas.
Outra vez.
02.09.2008 - 14h08min

Um conto... poeticamente romântico

Introspectar-se.
Contar um romance poético.
Poetizar um conto romântico.
Romancear uma poesia contada.
En-cantar.
02.09.2008 - 13h50min

Mestre*

É oportuna a tua idade. São maníacos os mornos que esperam por ti. Os bons ventos não trazem notícias, trazem apenas movimentos, que a gente transforma no que quiser, no que puder, no que possuir. Os muros dividem lotes. E a lotação vem abarrotada de suores. O suor do teu trabalho é mais forte que a peçonha dos que se enroscam entre as pedras vazias do chão que já pisaste. O sucesso te aguarda logo ali, depois da curva. A mesma curva por onde desapareceram os medos dos que arriscaram. Vai. E cá estou eu, de novo, embriagada com os versos do maestro Segundinho. Saturada da beleza de tuas letras. Ressaca? Não sei se perfeição produz ressaca. Parece que sim. Doem-me as têmporas. Dói-me o peito, como se teus versos fossem chagas a me consumir. Não, isso não é ruim. Não é um destruir. É um corroer. O que todo poema deveria provocar no leitor. O corroer d'algo doente que habita na gente, e que tem que morrer. Poema-remédio. Poema-dor. Doem-me os olhos, que lutam pra não deixar rolar a lágrima que teima em sair deles. Talvez ela também queira fazer parte do poema. Ou roubar-lhe um pouco da força que há nele. Quem pode saber? Eu não sei. Eu não sei de nada, quando quedo aqui, e admiro a obra do maestro/mestre Segundinho. E curvo-me, em reverência, antes de agradecer. 02.08.2008 - 0h40min
*Comentário para ASA DE COBRA e VERSOS AVESSOS
do Grande Glauco César II

Genialidade e L o u c u r a

Meu médico, pra me consolar, apresentou-me uma lista enorme de gênios-loucos. Piorou a situação. Eu não sou gênio... então...
Aos 21 minutos do dia 02.09.2008

Perda

Perdi a fita métrica, daí meus versos desorganizados completamente. Perdi a cabeça na guilhotina da esquina, daí essa minha tontura repentina como se eu não soubesse pr'onde ir. Perdi minha caneta preferida e não consigo escrever no teclado NO teclado, não COM o teclado isso mesmo, foi assim que eu entendi. Perdi o último ônibus para o hospital mais próximo. Preciso de internação urgente antes que o próximo delírio me leve ao aeroporto e eu embarque nas asas de um avião para o Rio de Janeiro. Só pra ver o Mar. Perdi a noção do perigo. Perdi alguma coisa que não identifico. Perdi a pontuação do poema ou no poema ou por causa do poema. Mas sei que a culpa é do poema. De quem mais poderia ser? Aos 15 minutos do dia 02.09.2008

Pânico

E eu, que fiz versos dessa minha insanidade... E eu, que sou duas. Uma pura alegria outra derramada em tristezas várias. E eu, que me pensei concreta, sou delírio. A lucidez abandonada no banco da praça. A insensatez morando entre as paredes da minha cabeça. E eu, que me pensei segura, sou desatino. E eu, que me pensei sabida, vôo perdida dentro de mim mesma. E eu, que me pensei paixão, sou confusão. E mais nada. Agora é aceitar o distúrbio e buscar informação. Sentirei falta das alucinações, da companhia dos que não existem de fato, das vozes sem bocas, dos rostos sem corpos, dos corpos sem precisão. Sentirei falta. Mas isso também é sentir... E eu, que me pensei eternamente sozinha, não estarei... Embora sem cura, o controle existe. Eu vencerei. 01.09.2008 - 23h50min (O dia D)