quinta-feira, 19 de abril de 2012

Interpretação

Nada entendas
do que invento
nos versos
que se me escorrem
pelos cantos da boca úmida.
Nada esperes
do que digo
porque meus dizeres
são pássaros avoados
doidas sentenças
sem sentido diferente
além da tinta de
uma pintura intransigente.
Nada argumentes
contra meus mundos
que se atrelam
aos pedaços dos cedilhas
e das sinas insistentes
que se prendem
aos meus tornozelos

todos os dias

inevitavelmente.


O que?

Se dou um passo
me arrependo
se abro a guarda
incorro em erro
se calo, tremo
se falo, termino.
Se me abro
rasgo o momento
se me tranco
não experimento.
Se busco, não acho.
Se fico, não tenho.

O que quer que se encontre
lá adiante
ou cá
no meio do caminho

se diviso
some

se apalpo
rompe

se sonho
rebento.