domingo, 25 de maio de 2008

Ameaça

Vou te contar um segredo... em voz bem baixa, chega bem pertinho pra ouvir (mas depois vou ter que te matar, sabes disso, né?): Palavras têm vida própria. Saem quando bem entendem, voltam quando dá na telha, esbofeteiam, acariciam, invadem, alimentam, desnorteiam. Palavras têm asas e mania de ruminar. São boas, são más, pegam a gente de jeito e não soltam mais. Palavras são dispensáveis, às vezes, mas ninguém conta isso pra elas, então elas não aprendem, e vivem dizendo coisas que não deviam, escorrendo olhos abaixo, e, por vezes, vestindo nossas mãos, luvas que são... Ah... as palavras... *Agora que te contei o segredo, e que ouviste, podes fazer o último pedido, mas faz sem palavras, por favor... 25.05.2008 - 05h24min

Passárgada


Vou-me embora como quem
se diz liberta do vício
mas volto, como quem
tem recaídas sobre recaídas
e recaio sobre o mesmo livro
que li na semana passada
e que escrevi no início do ano
mas não publiquei
por medo do olhar alheio.

Vou-me embora como quem
tem pra onde ir
ou onde ficar
ou quem amar.
Como quem tem o que escrever
sobre o que opinar.
Como quem ri e não diz
como quem sofre e é feliz
como quem não anda
mas sabe para onde ir.

Vou-me embora
faço as malas e esqueço
o dia do meu aniversário
o dia do teu começo.

Vou-me embora e não olho nem pra trás
nem para os lados
muito menos pra frente.
Olho pra cima.
Porque é pra lá que eu vou.


Não me siga.
*nem me obedeça






25.05.2008 - 03h32min

Homenagem


Alguém que tem olhos pra ver?

Adrebal Lírio.

Adrebal não é só vidente.

Adrebal é farol.

Mostra o que há também pra gente.

Mostra o que há para o mundo em geral.

Quem quiser, que ouça, que veja, que fale,

Adrebal não esconde.

Adrebal é grito que se ouve na imagem.

Adrebal é inconformismo selvagem

atado a uma simplicidade que ecoa

há milhares de anos-luz.

Adrebal é poesia que vai adiante

e que não pára,

não pára,

não pára...













*Beijos, meu querido. Te adoro, viu?(mas isso não é novidade pra ti)







Final de maio de 2008 - porque amizade verdadeira é coisa rara...