quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Caminhante

Os sapatos calçam canções absurdas
deslizam ruas e ladeiras
enlameiam-se de estradas poeirentas
marcam os saltos nas pedras
das picadas abertas a pé.

Um Blues traz ondas de nostalgia
no couro do bico fino
no canto do quarto agora vazio.

No entanto
as respostas riscam as paredes
do que não se pretende esquecer.
Narram as marés de sorte e
estonteante metal noturno
às cordas violentamente dedilhadas.

A dança não precisa do corpo
nem de qualquer outra aliança
além da oferecida
sem dedos nem presilhas
sem larguras ou alimentos
que fortaleçam além da conta
o que por si só
já é exagero.

Descanso.






13.10.10 - 23h
(Obrigada por me devolveres, na ponta do teu riso, nas conchas das tuas mãos, "O" mote)

Consequência

Acostumo os olhos
à nova luz já conhecida
esquecida do que me revela
a fartura de gordas palavras.
Uma volta
nunca traz de volta o mesmo
mas o quase, o reconhecível,
o semelhante;
visto que os meses tecem frisos
nas fissuras das distâncias
nos passos já tidos
nas esperanças recolhidas
e secas
e obtusas.
Um sol recém nascido
planta a luz de um outro encanto.

Faz-se uma musa.



13.10.10 - 13h10min
(Vertente de versos, essa volta tua)

Deserto

Sem alma.
Inóspitos caminhos
iguais semblantes
ocre prazer.
Oca, a embalagem
exala conteúdo vazio.
O riso alheio soa mais alto.
O próprio, falso.
Nada completo.
Nenhuma melodia bastante.
Escolhas a esmo.
Anestesiados instintos.


Depois disso tudo
oásis...





13.10.10 - 13h
(A caminho do trabalho. De volta, a vontade de "dizer")
http://www.youtube.com/watch?v=_VSGm3Uv4Qc&feature=related