terça-feira, 30 de setembro de 2008

Aviso aos navegantes

Queridos leitores, eu sei que estou em falta com vocês. Garanto que essa ausência 'obrigatoriamente voluntária' não se estenderá, ainda, por muito tempo.
Estou tentando me adaptar a novas situações. Bem, digamos que não sejam assim tão novas, apenas que agora é que se desvendam e também explicam muitas coisas nessa minha complexa vida real.
Não tenho conseguido, por 'N' razões, escrever, e não sei de quanto tempo ainda precisarei, mas, como já afirmei acima, espero que, em breve, minha produção se normalize.
Até lá, alimento minh'alma com os escritos dos que me são queridos, no Recanto das Letras: MSanttos, Jorge Fernandes, Glauco César II, Gianluca Garbatti, Ibrahim Zukr.
Até lá, alimento meu espírito com os escritos dos eternos: Quintana, Clarice Lispector, Borges, Drummond...
Perdoem, então, esse meu silêncio. Encarem como um curativo sobre uma ferida que está sendo tratada, e vai melhorar... quando isso acontecer, voltarei.
Obrigada por apreciarem, durante todo esse tempo, meus versos, contos, crônicas, minicontos, e até minhas bobagenzinhas...rs...
Obrigada.
Beijos e até a volta.

domingo, 14 de setembro de 2008

Do homem, do mundo e do amor*

Asas de seda em homens-dragões
que cospem fogo e perguntas,
sempre as mesmas.
Asas de seda derretendo
ante o calor do fogo ininterrupto.
Homem-dragão, acabando consigo mesmo
no desespero da busca
pelas mesmas respostas,
que estão a um palmo do seu nariz,
mas que ele não vê,
entretido que está
com a própria guerra.
As respostas?
Estão nas perguntas.
Estão nas perguntas,
derretidas entre as asas de seda
dos dragões que se pensam
INVENCÍVEIS,
mas que rumam à própria extinção.
Falta de amor...
12.09.2008 - 13h15min
*Comentário para o poema
DO HOMEM, DO MUNDO E DO AMOR,
do incrível Jorge Fernandes

sábado, 13 de setembro de 2008

Mãos II

Escondo o rosto entre as mãos
Entre as mãos tricoto o destino
Comprometo o dia entre as mãos
Entre as mãos prometo um novo dia
Escrevo a linha da vida entre as mãos
Entre as mãos transcrevo a linha fantasma da vida
Medito de mãos postas
Ponho as mãos para trás
e meço a distância
entre mim e
essa minha
enorme
ignorância
.
.
.
13.09.2008 - 02h47min

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Rotina

Cravo as unhas na paredes da rotina. Ranhuras diárias rugas que contam a história do que poderia ter sido e, por isso mesmo, foi. Previsíveis rusgas estorvos estouvos extorções de uma energia já parca. Parto, para partilhar de graça o que jamais tive. Participo do ritual do leite da carne, do sangue, do vinho, da sede das multidões omissas. Omito que sou uma delas. Só uma delas, minto. Uma. Delas. E nada mais. 11.09.2008 - 16h36min

Desalinho

Desiludo a energia; concentro a nudez diante do véu vazio. Escrevo pra entender mas também pra mostrar que não entendo. Desenho pra pretender encontrar o traço que perdi n'algum lugar desse trajeto que desconheço. Escancaro as portas e janelas e pesco palavras em outros idiomas na busca d'alguma tênue ligação com o resto da humanidade. Desiludo a concentração que já desistiu de mim faz tempo. A saudade não me dói mais. Anestesio meus passos a r t i f i c i a l m e n t e... Decido dormir mais cedo decido fazer mais coisas decido roer meus dedos decido rompantes outros pra depois decidir desistir de todos eles. As pessoas se perdem nas ondas de um mar d'águas dessalgadas; nem doces nem pequeninas, muito menos acesas por ventarolas agitadas. As pessoas se perdem na marola. Desiludo a folha seca que esvoaça ao vento feito pena feito feno feito flor em movimento devasso. Desiludido de tudo. Desencontrado de nada. De-se-qui-li-bra-do. Quem, eu? 11.09.2008 - 01h08min

Mãos

As mãos espalmadas sobre a bancada de vidro esperam. Espreitam os exercícios que chamam de lamentos e desencontros chamuscados por invisíveis labaredas de ilusórias canções. Estreitas são as estradas por onde trafegamos nós, voluntários aprendizes de nada. As mãos espalmadas sobre a bancada de vidro esparramam os líquidos os sentidos das viagens não feitas. As mãos espalmadas sobre a bancada de vidro espalham pedidos de cidra de contato disfarçado de verdade e cordel. As mãos espalmadas sobre a bancada de vidro não passam de senões... Aos 45min do dia 11.09.2008

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Ostra

. Sou Ostra. É o que te bastará saber. No mais, escreve e sonha; que os dragões dormitam longe vomitam incoerências ardentes e sanguinolências indecentes. Sou Ostra. E que o orvalho da madrugada te entregue um verso soprado por um deus qualquer daqueles que não se importam com nomes daqueles que não têm rosto ou história conhecida mas que te sabem ver. Sou Ostra. É o que te bastará viver. No mais, mergulha e sonha; que as balbúrdias pedem passagem que as horas urgem sedentas que as entregas atrasam deveras e os mortais não ousam morrer. Sou Ostra. Ladeio meus versos com pérolas. Sou eu tua pérola, Ostra, santa E meretriz. E que te bastem tuas próprias gárgulas... O S T R A! E que te bastem teus próprios demônios... 10.09.2008 - 01h03min

Passado/Presente

Ontem esgotei todas as possibilidades de dizer. Ontem esvaí meus líquidos meus perfumes d'alma meus mais sinceros votos de boa vizinhança com o verso. Ontem dei vida da minha vida pra linha que tracei aqui. Ontem pendurei a roupa limpa no varal de roupa recém lavada na pureza do que de mais leve encontrei em mim. Ontem abandonei-me aos meus próprios dedos permiti que dançassem sozinhos no teclado que sempre me ofertou poesia. Ontem derramei desventuras sorri voluntariamente e voluntariamente verti meu sangue diluído em rimas emprestadas das estrelas que não cheguei a ver. Ontem madruguei. Madruguei por não dormir. Ontem. Hoje ferve-me um novo suor. Hoje estou recém-nascida. Hoje converto a voz em clave de sol. Hoje circundo a planilha da noite e não encontro nenhum outro motivo pra tornar a acontecer. Hoje renovo a escolha da castidade para terceiros porque pra mim ela não serve. Hoje recolho meus trapos meus brincos meus rascunhos todos mas, principalmente, meus espelhos. Hoje é o teu grito que eu quero ouvir... Aos 40 minutos do dia 10.09.2008

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Descanso

Existe?
09.09.2008 - 04h53min

Orgasmo

Poetar e fazer amor são pares...
09.09.2008 - 04h35min

No sétimo verso, descansar...

A exaustão me toma
devora-me as forças
grita-me dores
suga-me os nervos.
Exausta,
no ato da criação.
Depois de seis versos,
pelo certo,
mereceria um sétimo
de descanso.
Mas a arte não pede licença. O poema exige completude.
Em suas mãos entrego meu silêncio...
09.09.2008 - 04h24min

Dores

Que me importa se me roubam os versos? Pois que meu coração já não mora em meu peito fugido de mim faz tempo. Desertou-me. Esses verbos que engasgo na folha suja de sangue são os restos das veias ovais palpitantes ainda do tanto de vida, que te ofereço. Bebe meu cântico desafinado nessa noite fria de um inverno que se recusa a partir. Também meus olhos desistem de dormir. Não querem sonhar com os teus. Não querem chorar na escuridão. As lágrimas ficam coloridas na claridade de um dia de sol. Viram poesia e dóem menos. Pretextos pra não morrer. Ilusão... 09.09.2008- 04h11min

Parturiente

Trago tantos versos em mim
que sinto vertigens e enjôos.
Uma quase gravidez me cerca.
Se acerca de mim o parto prematuro
do filho legítimo: poema único.
Não há tradução que o defina.
Nenhuma língua o garante.
Nem a original, em que foi escrito.
Talvez, de longe, sem certeza alguma,
a língua dos anjos, suficiente.
Talvez, não afirmo.
Porque o poema tem alma
um coração que pulsa
e um sangue que escorre
goela abaixo de quem o lê.
Lê?
Não.
Poemas não são nascidos
para leitores.
Poemas são paridos
para amantes.
Declama!
09.09.2008 - 03h55min

Trabalho

Uma noite inteira escrevendo? Ora! Não sou eu quem escreve. São minhas mãos que escorregam pelo teclado e vão juntando letras na labuta que corta a madrugada na disputa por um espaço nessa minha vida que eu não sei quanto dura... 09.09.2008 - 03h48min

Mapa Mundi

Alguém do outro lado do mundo
embora não me conheça
sabe que eu existo.
Mas quem disse que eu,
no mesmo lado do mundo
em que existo
me conheço?
Poesia tem disso.
Ou talvez seja a Internet.
Descobre a alma
esconde a gente.
Descobre a gente.
Esconde tudo.
E fica o dito pelo não-dito.
De passageiros.
De subterfúgios.
De novos roteiros.
Vôos diários.
Mapa mundi.
Poesia.
Virtual?
09.09.2008 - 03h44min

Paz?

A paz é coerente demais pra virar verso...
09.09.2008 - 03h26min

Miragem

Desenho a silhueta que vejo no espelho confronto meu rosto com o dela e sei que não sou quem mora em mim mas pareço muito comigo mesma e engano os mais renomados artistas. A farsa diária se repete ininterruptamente; matutina construção do personagem que eu desconheço por completo. Não quero rimar com flores ou amores ou palavras leves, suaves, femininas. A mulher é aguda e grave concentra a força e a magia dos mistérios que deslizam lágrimas abaixo, saliva protegida de silêncios. A mulher está vazia. 09.09.2008 - 03h21min

Escravidão

Escrava das linhas que escrevo
deixo-me conduzir pelo vocábulo
que soa suave nesse setembro
de madrigal madrugada.
Sou o que eu quiser ser aqui.
Sou anjo ou sagitário,
esperma fecundante,
flor pisada no asfalto,
insuportável inseto esvoaçante.
Sou literata, culta, séria.
Seria inclusive sereia
se assim desejasse.
Mas sou apenas eu mesma,
escrava dessas linhas que escrevo...
09.09.2008 - 03h

'Perambulâncias'*

Atravesso a madrugada
como quem dobra uma esquina.
Assumo forma nenhuma
quando finalmente me perco de sono.
Viajo sem nunca ter ido.
Ando sem saber porquê.
Não faço perguntas.
Detesto as respostas
sempre exatamente iguais.
O surpreendente é meu destino
e eu não sei onde ele mora
e eu não sei onde ele vive
e eu não sei se ele existe.
Enquanto isso desalinho
um horizonte certinho.
Enquanto isso todos os gatos
são pardos, são pretos,
são os gatos errados.
Enquanto isso o olfato
me engana
e eu penso ter descoberto
a América
ou a Europa
Oceania
qualquer coisa diferente
que me defina melhor
a visão do que me foge.
Enquanto isso o medo
atinge seu auge.
Enquanto isso a solidão
Ah...
a solidão...
09.09.2008 - 02h50min
*Licença poética auto-concedida

Estou

A foice me fia.
Enfraqueço.
Soluço sozinha.
Amordaço.
A faca força o açoite.
Contagio.
Respondo ao ritual da noite.
Neutralizo.
Assumo significado e significante.
Desisto.
Resisto.
Insisto.
Invisto.
Persisto.
Existo.
Sou isto.
ESTOU.
09.09.2008 - 02h30min

!!!

Por ermos caminhos
amo...
09.09.2008 - 02h19min

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Sombras de mim

Assombro as formas
sobro na luz
um sopro me guia
meu rastro rasteja na areia;
escureço...
08.09.2008 - 23h54min

Psico - A Poesia

Há que se exercer controle
sobre si mesmo
sobre as circunstâncias
sobre a insensatez
sobre a sisudez
ainda que os ritos
matematicamente impostos
não passem de rituais
castrantes das possibilidades
que se valem das manhãs ensolaradas
de um abril que nunca vem.
Há que se exercer controle
sobre as manias
que atropelam as calmas
e impõem seus próprios
alucinantes ritmos
que jamais se detêm.
Há que se exercer controle
sobre as horas malditas
que escorrem dos relógios de pulso
expostos nas vitrines
dos impulsos protegidos por alarmes
guardados dos desejos dos olhos
nos bolsos vazios de moedas furadas.
Há que se exercer controle
dos ventos dois de agosto
dos perfumes primaveris de setembro
das espalhafatosas infâncias de outubro
das presenças infames
do resto do ano invisível e infeliz.
Há que se engolir desgostos
desgastar as preces
invalidar vertigens
proteger o peito
dos entulhos desvairados
que sobre ele esvaziam
os atlas, mapas diariamente mundi.
Mundanos espaços
de estoques controlados.
Há que se controlar as loucuras
indecências
incêndios
impertinências
impotências
inaceitáveis verbos hostís
incalculáveis doçuras.
Doçuras?
Sim, há que se controlar as doçuras
e os afetos
e os infectos
e os desertos.
Há que se cultivar incertos.
Há que se distribuir desperdícios.
Há que se mesclar orações
religiões
recomeços.
Há que se exercer controle
sobre si mesmo.
Caso contrário...
08.09.2008 - 12h15min

'Seni Seviyorum'

Aos 40 minutos do dia 08.09.2008
*Da série: Mulheres sem rosto

domingo, 7 de setembro de 2008

Sem a letra

A letra desapareceu
perdida nas tralhas da vida
escorregada nos limos
das discordâncias várias
a letra sumiu
ninguém sabe
ninguém viu.
Inconformados os poetas
os literatos
os críticos
os incrédulos
não rimam
com diários
nem com nada
mais.
Nada que combine
a sílaba no espaço.
Nada que culmine
em beleza.
Nenhum ritmo
suficiente.
Nenhum laço.
Nenhum lapso.
Nenhum impertinente
pensamento.
Nenhuma orientação.
Não há Norte.
Não há morte.
Não há confusão.
Tudo na mais perfeita paz.
Harmonia artificial
sem a letra.
Sem a canção da voz.
Não há motivo
nem solução.
Hoje o sol não nasceu.
Hoje não se estendeu a mão.
Hoje falta o sentido
o significado
a razão.
A letra não apareceu.
Não houve chance de pedir perdão...
07.09.2008 - 23h58min

A esmo...

A esmo, esmoreço.
Estremeço
na estreita estrada.
Escadaria.
Ensurdeço na espera
insalubre.
Amanheço
sem querer.
Sem querer
me nutro
de ausências.
Escuto.
Nenhum ser
absoluto.
Necessidade
absurda.
Absorvo
o luto.
Entardeço.
Sou crepúsculo.
Esmoreço...
07.09.2008 - 23h40min

Banho de chuva

07.09.2008 - 17h
*Da série: Mulheres sem rosto

Mar

Ah, eu queria escrever-te um poema. Descrever tuas ondas que derrubam minhas resistências. Todas as minhas reticências. Eu queria escrever-te uma canção, que cantasse teus encantos enfeitiçasse qual canto de sereia, na alma de quem ouvisse: invasão. Mas a inversão de valores te trouxe pra praia, fez de ti um homem grande, forte, viril, sedento de mim sedento de ti mesmo e desses teus versos que acompanham o vir e ir das tuas ondas. Essas ondas que derrubam minhas resistências. Essas tuas ondas que desembarcam e desesperam meus obstáculos. Os obstáculos que insisto em erguer pra impedir teu avanço. Essas ondas que apagam minhas interrogações e molham minhas pernas bambas. Essas tuas ondas que acentuam minha dança quando explodem na praia, ensurdecedor marulho. Ensandecido murmúrio aos meus ouvidos sonolentos no início da manhã-surpresa em que me despertas marejando-me os olhos marcados pelas tuas íris castanhas. Meu Mar particular. Eu, tua areia úmida. Queria escrever-te um poema. Não consegui. Porque só sei te aMAR. Aos 45 minutos do dia 07.09.2008

Tom

Eu quero o tom
o tom da lua
o teor da luz neon.
Eu quero o tom
da voz. Da voz madura
que se profere nas ruas
e prefere a circunstância
à cicatriz.
Eu quero o tom de azul
na minha lente
na minha camisa
na minha estante
de livros virtuais
que inda não li.
Eu quero o tom da tua
língua diferente da minha
a me dizer o que não sei
o que não aprendi.
Eu quero o tom da descoberta
do incerto, do impreciso, do indiscreto.
Eu quero o tom do que escolhi
entre tantas escolhas mal feitas
fadadas ao fracasso total,
eu quero o tom das que temi
porque tinham chance
de vingar, afinal.
Eu quero o tom da linha
de costura da minha mãe.
Eu quero o tom do saxofone
que ouvi distante,
na Praia Vermelha,
há anos atrás.
Eu quero o tom que não tive
o tom que ainda terei
o tom do dom lilás
do sorriso
que
te
dei...
07.09.2008 - 0h16min

sábado, 6 de setembro de 2008

Medidas

Qual é a medida certa?
De tudo?
Se deixo de dizer, perco.
Se digo, esqueço.
Se exponho, experimento.
Se imponho, implemento.
Qual é a medida exata
do riso que te ofereço?
Qual é a medida exata
do interesse que te ofereço?
Qual é a medida exata
do poema que te ofereço?
Com quantos versos
se abre uma porta?
Com quantas imagens
se sonha uma sorte?
Com quantas esperas
se alcança o começo?
...
06.09.2008 - 18h

A Hora

Não acredito em coincidências. Acredito na hora certa pra acontecer... Seja lá o que for. 05.09.2008 - madrugada

Gotas de chuva*

Sozinhos, os pingos são homens que passeiam à procura de tempestades, nas mãos das mulheres que deixaram de amar. Tormentas. Sem raios, sem ventos, sem dós nem piedades. Perdões extrapolam as letras e sopram obscenidades sobre as cortinas molhadas de grossos pingos azuis; quedas impossíveis de impedir. Chuvas são lágrimas pelo que não fizeram. Chuvas são gotas dos que gostaram, dos que tiveram, dos que amaram. Os pingos deixam de cair, quando encontram os 'is' e sobre eles se postam. Aposto que teu 'i' te aguarda n'algum canto desta noite vazia, sem amores... 06.09.2008 - 15h *Comentário para o poema GOTAS DE CHUVA, do fabuloso Jorge Fernandes

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Ainda...

Têm sono esses meus olhos risonhos. Tem risos essa minha boca de sono. Tem sonhos essa minha vida de passos trôpegos pousos de vento... O riso é meu desafio diário que carrego debaixo do braço para as ocasiões premeditadas não por mim, pelas cartas marcadas dispostas sobre uma mesa invisível que eu não aprendi a virar. Ainda. Ando em zigue-zague e apronto a refeição de sempre: poesia. Porque meu trem já descarrila na linha reta que se aproxima; sem passageiros outros, além de mim. A folha seca pelo sol estala debaixo do meu pé. (Ou será o sol que estala o meu pé, sem querer?) Conjectura infantil de quem se recusa a crescer. As unhas se quebram. Alguém quebrou a vidraça da loja. Alguém quebrou o relógio da praça. Alguém não quer que as coisas durem. Dura é a partilha da dor. Parto a laranja ao meio e como as duas metades. Medo é arrependimento antecipado. O concurso ainda não mandou o resultado. O paralelo é só o outro lado da mesma coisa. O sufoco é só mais um jeito de mentir. O poema ainda não calou o monstro. Ainda. (Alguém mora em mim...) 05.09.2008 - 01h28min

Delírio

Há canções nos sons dos passos que passeiam pela escuridão coberta de estrelas apagadas agora. Observa... São trilhões de astros quietos que povoam teu universo. ACORDA! Sacrifica a preguiça do topo da montanha. Exorcisa os demônios das luas nas espadas de Jorges e samurais escondidos debaixo dos abajures da tua sala de estar nua. Estejas nua quando o ponteiro chegar na hora marcada pelo destino. Os astros rastreiam as pegadas dos grandes pensadores que antecederam os anônimos criadores de pseudônimos cruéis. Cospe a centelha de cem lâminas sobre as cortinas de fumaça que despistam as ganas que te arrastam para os caminhos que não pensaste trilhar. Evita o abandono, o desabafo, a partilha. Guarda teus segredos sem pudor algum. Esconde os pensamentos que não juraste diante do santo mumificado que te obrigaram a ter no altar. Abriga teus sonhos em panos quentes. Assume tua luz apagada. Acende a estrela cadente. Ascende pra longe daqui. Recupera. 05.09.2008 - 01h06min

Mas, afinal...

Mas o que é o tempo? Maldição, talvez. Bênção, perdição, qualquer coisa que leve um til sobre um A; qualquer coisa que rime com 'não'? Quem terá as respostas que insistem em ser perguntas e, sobrepostas, são escadas que não levam a lugar nenhum? Mas o que é o vento? Não admito a comodidade do ar em movimento, como se a carícia em meus cabelos não passasse de um capricho da natureza, dos deuses, das minhas fantasias. Mas o que é o que sinto? Exagero de um dia, talvez de um minuto, quiçá de uma vida inteira, mas sempre exagero, sempre superlativa essa cadência cá dentro do peito. Mas o que é o futuro? Mas o que é o presente? Mas o que é a falta? Essa falta que me consome a alma e atormenta a mente? Mas o que é esse excesso? Essa necessidade de explodir em brilhantes cores desiguais? Mas o que é o porém que impede-me o adiante e castra a partida já preparada antes? Mas o que é essa asa quebrada sem gesso sem estrada sem esteio sem mais nada além dela mesma pela metade? Mas o que é a palavra insuficiente caminho por onde enveredo meus desaforos. Por onde desafogo minhas mágoas disfarçadas de versos e poesia leve? Mas o que há de novo, afinal? Mas o que há para se recompor, afinal? Mas o que há dentro do sol, afinal? Mas qual será o final? Mas há final? Finada... Aos 47min do dia 05/09/2008

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Quem eu sou

. Alguém que vive aqui
perto ou longe de ti
com ou sem fuso horário
não importa.
Sou alguém que se importa,
que sente saudade,
que chora à toa,
que ri por bons motivos,
que dorme, às vezes,
mas tem sono o tempo todo.
Sou alguém que ama
mas esperneia
e incendeia as próprias crinas.
Crio meus problemas
e não lembro onde larguei o guia.
Não tenho manual de instruções
nem imponho condições
pra ser quem sou.
Mas sou. Estou. Vou.
Vôo adiante como se a liberdade
me fosse característica.
Mas sou.
Alguém que vive aqui,
sem fuso, sem fiar, sem cruz.
Alguém que vive aqui,
sem horário comum
ou palavras que combinem
entre si. Bobagens.
Brutamontes.
Brutas mentes.
Eu vôo.
Suo.
Sou.
04.09.2008 - 03h20min .

Miss you

My name
Your name
Our dreams
Morpheu listen our voices?
Or
Our voices don't say
Don't speak other words
Across "I miss you, darling"?
(one short poem above all for you, my dear... kisses... and... Iyi geceler)
04.09.2008 - 02h40min
*For Átilla
**O inglês pode até estar ruim,
mas a idéia é tão bonitinha...
quase infantil....rs...

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Setembro II

Setembro vem de braço dado com a Primavera...
Vê o pólen cobrindo o manto do dia, pra que a noite ilumine a flor que já desabrocha...
02.09.2008 - 15h20min

Setembro

O diferente me atrai
mas não me prende.
A segurança se atrela
à minha pele. Permanece.Tensa.
É o constane que fica.
A mudança é só um vão
na silenciosa hora inesperada.
Salada gelada de exóticas frutas frescas
em dia de sol escaldantemente desértico.
Devoro o instante que me abre
as possibilidades que eu aposto ter.
É temeroso enfrentar o perigo
e eu não me dou conta dos riscos
que riscam círculos em volta do meu riso.
Brindo à vida com água,
nessa clara manhã,
anúncio de Primavera.
As flores abrem as portas
dos orvalhos mágicos
precioso pólen renovado.
Um diferente, que vem igual,
ou um igual que se apresente diferente?
Setembro.
Outras formas.
Outra vez.
02.09.2008 - 14h08min

Um conto... poeticamente romântico

Introspectar-se.
Contar um romance poético.
Poetizar um conto romântico.
Romancear uma poesia contada.
En-cantar.
02.09.2008 - 13h50min

Mestre*

É oportuna a tua idade. São maníacos os mornos que esperam por ti. Os bons ventos não trazem notícias, trazem apenas movimentos, que a gente transforma no que quiser, no que puder, no que possuir. Os muros dividem lotes. E a lotação vem abarrotada de suores. O suor do teu trabalho é mais forte que a peçonha dos que se enroscam entre as pedras vazias do chão que já pisaste. O sucesso te aguarda logo ali, depois da curva. A mesma curva por onde desapareceram os medos dos que arriscaram. Vai. E cá estou eu, de novo, embriagada com os versos do maestro Segundinho. Saturada da beleza de tuas letras. Ressaca? Não sei se perfeição produz ressaca. Parece que sim. Doem-me as têmporas. Dói-me o peito, como se teus versos fossem chagas a me consumir. Não, isso não é ruim. Não é um destruir. É um corroer. O que todo poema deveria provocar no leitor. O corroer d'algo doente que habita na gente, e que tem que morrer. Poema-remédio. Poema-dor. Doem-me os olhos, que lutam pra não deixar rolar a lágrima que teima em sair deles. Talvez ela também queira fazer parte do poema. Ou roubar-lhe um pouco da força que há nele. Quem pode saber? Eu não sei. Eu não sei de nada, quando quedo aqui, e admiro a obra do maestro/mestre Segundinho. E curvo-me, em reverência, antes de agradecer. 02.08.2008 - 0h40min
*Comentário para ASA DE COBRA e VERSOS AVESSOS
do Grande Glauco César II

Genialidade e L o u c u r a

Meu médico, pra me consolar, apresentou-me uma lista enorme de gênios-loucos. Piorou a situação. Eu não sou gênio... então...
Aos 21 minutos do dia 02.09.2008

Perda

Perdi a fita métrica, daí meus versos desorganizados completamente. Perdi a cabeça na guilhotina da esquina, daí essa minha tontura repentina como se eu não soubesse pr'onde ir. Perdi minha caneta preferida e não consigo escrever no teclado NO teclado, não COM o teclado isso mesmo, foi assim que eu entendi. Perdi o último ônibus para o hospital mais próximo. Preciso de internação urgente antes que o próximo delírio me leve ao aeroporto e eu embarque nas asas de um avião para o Rio de Janeiro. Só pra ver o Mar. Perdi a noção do perigo. Perdi alguma coisa que não identifico. Perdi a pontuação do poema ou no poema ou por causa do poema. Mas sei que a culpa é do poema. De quem mais poderia ser? Aos 15 minutos do dia 02.09.2008

Pânico

E eu, que fiz versos dessa minha insanidade... E eu, que sou duas. Uma pura alegria outra derramada em tristezas várias. E eu, que me pensei concreta, sou delírio. A lucidez abandonada no banco da praça. A insensatez morando entre as paredes da minha cabeça. E eu, que me pensei segura, sou desatino. E eu, que me pensei sabida, vôo perdida dentro de mim mesma. E eu, que me pensei paixão, sou confusão. E mais nada. Agora é aceitar o distúrbio e buscar informação. Sentirei falta das alucinações, da companhia dos que não existem de fato, das vozes sem bocas, dos rostos sem corpos, dos corpos sem precisão. Sentirei falta. Mas isso também é sentir... E eu, que me pensei eternamente sozinha, não estarei... Embora sem cura, o controle existe. Eu vencerei. 01.09.2008 - 23h50min (O dia D)