sábado, 28 de junho de 2008

Quero viver de poesia

Comer poesia no café da manhã, no almoço e no jantar, ter cobertura de versos na sobremesa de doce de maçã. Respirar poesia leve sem a poluição da palavra breve sem a fumaça da regra cega. Vestir poesia colorida no inverno e poesia esvoaçante no verão. Andar sobre pedras poéticas poeticamente dispostas em caminhos-sonetos caminhos-poetrix caminhos-duetos. Se não for pra viver de poesia prefiro morrer. Mas não deixem, vocês, meus pranteadores, de colocar na minha lápide bem legível, o verso que diz: Eu quis viver de poesia só assim poderia ter sido feliz... 28.06.2008 -19h30min

Pesadelo

Eu mudei meu nome e meu jeito de dizer. Eu inventei outra assinatura, fingi crescer. Eu criei outro personagem, falei bobagens, usei peruca, mudei a maquiagem. Eu troquei o guarda-roupas, comprei diferentes livros (daqueles que 'a outra' que eu fui jamais leria). Eu passei a gostar de moto, de funk, de fast-food, de perfume barato. Eu comprei um jeans rasgado, pus fora o dicionário, esqueci o caminho da biblioteca e passei a odiar poesia. Eu nem sei o que é danceteria! Mas me amarro numa rave... Eu larguei o trampo, não me importo com fumaça de cigarro, com cheiro de cerveja e com gás de refrigerante. Eu agora gosto de destilados, e de alta velocidade. Eu não sei mais o que é jornal, o que é animal, muito menos o que é vegetal. Eu não tenho amizades, mas interesses. Não lembro mais como se escreve uma porção de palavras, entre elas a que eu nem conheço o significado: PAICHÃO (ou será PAIJÃO?). Eu não quero nem saber. Eu não estou nem aí. Agora que mudei, vai ser pra valer. Vai ser pra arrepiar. Vai ser pra ninguém colocar defeito. Eu quero mais é bagunçar. Afinal... (Foi só um pesadelo! Eu ainda sou eu... ai, que saudade de mim...) 28.06.2008 - 18h20min