domingo, 10 de maio de 2009

Trajetória

Eu busco a perfeição mas não quero encontrar com ela. Eu garimpo o verbo que distinga exatamente o que pretendo opinar mas não quero encontrar com ele. Eu esgrafinho a terra e cato o punhado de vida que anseio desde sempre que desde sempre espero que crio e produzo e decanto desde que me conheço por gente (e isso faz tanto tempo que já nem sei mais a quantas anda o metro que perdi no meio do caminho onde não tinha uma pedra mas tinha um certo Drummond que desvirtuou o conteúdo todo desse maldito poeminha). Mas eu busco e garimpo e esgrafinho e anseio e desejo ardentemente o que não quero que caia no meu colo. Porque, se cair um dia, o que restará a fazer? Não quero! Afasta de mim esse vocábulo precioso que eu tanto desejo e pelo qual tanto luto e trabalho e pesquiso e me perco. Afasta de mim esse cálice de dicionário ambulante que eu me acabo, então que então eu esmoreço que me arrependo em vão e concluo tristemente que nada mais há a fazer nem a construir. Está tudo consumado tudo desfeito todo o trajeto interrompido por ela a palavra bendita que eu tanto desejei que tanto eu quis que almejei tanto, meu Deus!
Desvio os olhos do fim da luta. Porque a guerra é que é. Isso sim. E é por ela que eu vivo. Se encontrar o vernáculo final. Ai de mim! Ai de mim... 10.05.2009 - 23h56min

Poeminha sem pé, mas com cabeça

E aí a gente passa gloss
fica com cara de boas-vindas
sorri para o espelho
e bendiz a vida.
Não é assim que nasce
todo o dia,
toda a hora,
toda a partida?
E o batom não escorre
dos lábios
nem do beijo...
Porque os cegos
e estreitos laços
amarram os pedaços
das cabeceiras das camas
vazadas
esvaziadas
valorizadas
pelos braços abertos
do homem amado
que dorme
e não sonha.
A camisa preta
a camiseta por baixo
por baixo o peito
o coração por baixo.
E eu...
Por cima...
10.05.2009 - 23h40min