segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Eternal

Não sigo teus passos de perto
providencio outros caminhos
literalmente avaros de ideias.
Ideais são as compressas
de gelo seco e de entrevistas
que visam conhecer-te os olhos.
Árduo monumento impróprio.
Ampla conquista de sais.
Sacra arte perdida
nas curvas dos tempos de agora.
Tu, escondido nos meus dedos
dedilhado nas pupilas dos meus olhares
inventado nas dobras da minha cintura
criado, a partir da canção que eu ouvi.
Tu, que eu desconheço os apelos
apesar dos pontos suspeitos
e das entradas diárias nos meus lamentos
lançamentos de dardos incendiados
de trufas e torturas magníficas.
Não consigo teus traços dispersos
mortos na guerra que eu faço
pra te manter assim mesmo
dentro dos limites que te imponho
pra proteger minha pele
do vício que me serias
caso tivesses a faculdade
de me alcançar.






08.11.2010 - 02h05min
http://www.youtube.com/watch?v=d8RYUZT57XA&feature=artistob&playnext=1&videos=WSaOV-exwhI

Ex-vi

Se hoje faço poesia
é que a folha me define
nas letras dispersas que aliviam-me os medos
e incendeiam meu futuro mistério.
Se hoje rasuro linhas
entre uma e outra costela fraca
sanciono alicerces de plástico
em botões de rosas rasgados.
Lúcidas conferências imaginárias.
Confiro tons de lilás às promessas
e recolho restos de rupturas passadas
pra não ficar completamente nua de memórias gastas.
Se hoje despejo versos
nas alamedas aleatórias sem prumo
é que me impedem as convenções
de convencer d'outras formas
além das estrofes tortas e sem rimas
que eu tento desiludir de antigos ranços.

(Não se engane comigo.
Não sou assim tão lenta
nem tão linear vai o que sinto.
Esperneio.
Impeço a distância.
Inoportuna é a sã mente.
A loucura me ronda).

Se hoje destilo poesia
é que meu veneno tem pimenta
e meu doce te aninha
nos fluidos do corpo que desejas.

Cuidado comigo.
Eu mordo.
E permaneço.





08.11.2010 - 01h38min