Talvez eu só tenha essa resposta daqui a alguns anos... Ou não...
Penso que sou água, águia,
fogo, ardente ilusão,
sensação permanente
de uma profunda solidão.
Penso que sou a procura
ou o estado letárgico
da completa loucura.
Sou égua solta nos prados
de uma vigília insólita.
Sou corrente que prende
meus pulsos ao passado
recente, indecentemente confuso.
Sou língua e pele e cabelos
vermelhos de pimenta malagueta.
Sou verso e prosa e conto
que ninguém conta
porque até eu duvido
e não divido a lente azul contigo.
Sou curso contido de água furiosa.
Sou alinhavo de espera
enquanto corro sem trégua
para um horizonte
que sempre sai do lugar
e fica mais distante.
Sou alegria e doçura
submissão e ternura
tristeza e desânimo
dor e amargura.
Sou mulher.
31.03.2008 - 19h18min