segunda-feira, 31 de março de 2008

Quem sou eu?


Talvez eu só tenha essa resposta daqui a alguns anos... Ou não...



Penso que sou água, águia,

fogo, ardente ilusão,

sensação permanente

de uma profunda solidão.

Penso que sou a procura

ou o estado letárgico

da completa loucura.

Sou égua solta nos prados

de uma vigília insólita.

Sou corrente que prende

meus pulsos ao passado

recente, indecentemente confuso.

Sou língua e pele e cabelos

vermelhos de pimenta malagueta.

Sou verso e prosa e conto

que ninguém conta

porque até eu duvido

e não divido a lente azul contigo.

Sou curso contido de água furiosa.

Sou alinhavo de espera

enquanto corro sem trégua

para um horizonte

que sempre sai do lugar

e fica mais distante.

Sou alegria e doçura

submissão e ternura

tristeza e desânimo

dor e amargura.



Sou mulher.





31.03.2008 - 19h18min