terça-feira, 3 de junho de 2008

Temperatura

Febre. É de febre minha noite por detrás das cortinas debaixo do capuz negro que esconde os olhos que me vêem. Febre. Testa quente, calafrio na espinha. Arrepio constante, incômoda dor. São travessões no meu ninho escurecido de quedas... Febre. . . . 03.06.2008 - 23h46min

Medidas

Quantos anos têm os dias? Quais supostos enganos aguardam nas ruas? Como se conta o tempo não vivido? Como se encontra o prazo não vencido? Quantos passos até teus olhos? Onde a razão do encantamento? Até onde a coragem? Quantas melodias guarda uma voz? Quantas loucuras ainda terão vez? De quantas declarações de amor se faz um riso? A alegria é um estado ou uma situação? Nó mais solto amarra mais? Seriedade assusta? Quais motivos são suficientes para romper sólidos vínculos? É mais feliz quem ama mais? Qual é o preço de um abraço sincero? Quanto te custa a distância? Que peso têm tuas mãos na minha pele? É teu coração que vê, ou será tua obra? São teus sonhos as algemas que prendem os meus? A luta diária te aumenta o fôlego? O fôlego da luta, aumenta teus dias? Vinte horas apagam 20 anos? Quem nasceu antes: eu ou o teu encanto? Quantos quilômetros estendem as estradas que te guiam? É absurdo um começo sem haver? Quantas lágrimas, antes que a fonte seque? Quantas secas, antes que a esperança nasça? Que diferenças guardam 20 anos? Que planos aguardam os panos da rede lilás? Onde o calor da estrela? Quantas diferenças revelam semelhanças importantes? De quanta proteção precisa um anjo? Distância é atitude ou escolha? A medida exata da vida. Existirá? 03.06.2008 - 18h20min

Tanto querer

E o tanto que eu te quis
entre as linhas e os risos
e os parêntesis que abriste
entregues na letra de uma única
canção.
E o tanto que desejei o tato
o olfato o perfume a flor
entre os rabiscos e decências
das tuas presenças
das tuas conversas
das frestas abertas
nos pareceres expostos
nas ruas das rugas
dos cantos dos meus olhos.
E o tanto que busquei o fato
de ser só tua e te querer só meu
entre as fendas da história
que condena mulheres como eu.
E o tanto que sofri em silêncio
por me ter sido negado
o direito a esse mesmo silêncio
o direito ao legado
da minha condição.
Não consegui.
E te quis.
Eu
te
K
I
S
S
.
03.06.2008 - 01h35min