domingo, 13 de janeiro de 2008

Trago em mim...


Trago nas mãos o desejo do risco na folha em branco...
na tela em branco...
na testa em branco...
no suor...


Trago na boca o gosto do beijo dado...
da palavra doada...
do suspiro contido...


Trago no corpo a energia da descoberta contínua...
da correria do dia...
do teu sal...


Trago nos olhos a luz da alegria...
nas pernas, a força da folia...
no ventre, a gravidez da magia...







"...tenho em mim todos os sonhos do mundo"*








13.01.2008 - 23h55min

(*Excerto do poema Tabacaria, de Fernando Pessoa, In: PESSOA, Fernando.Mensagem.São Paulo: Martin Claret, 1998, p.139)

Constatação


Eu sou o espaço que permanece em branco

entre a medida exata

e o erro...






13.01.2008 - 23h37min

Riscos e traços

Dos traços que risco de mim

sou sempre centelha de fumaça

foto em preto e branco

sépia e suprema graça.

Dos traços que arrisco de mim

sou sempre fio de esperança

desenho gravado na lembrança

sonho e poesia esparsa.

Dos traços que esperas de mim

som sensível que te abraça

gravidez de verso e prosa

sou assim...





13.01.2008 - 21h46min

Espaço-tempo


Não há tempo.

O espaço não existe.

Só tua luz difusa.



Norte.




13.01.2008 - 21h31min
(Imagem: Vincent Van Gogh

Andança


Meus versos criaram asas
sobrevoaram mundos
pousaram nos telhados das casas;
outros, fizeram-se loucos
confundidos com leprosos
fizeram-se surdos.
Meus versos criaram raízes
nas roupas de 400 meretrizes
viraram atores de falas felizes
andaram em boléias de caminhões
e descartaram todos os senões.
Meus versos encalharam na praia
e dançaram flamenco na areia
eles, e toda uma hoste de escravos
da palavra, travestida de sereia.



13.01.2008 - 21h09min

Riscos e rabiscos


Risco teu nome na pedra

rabisco no vidro quebrado

teu signo, teu estado

chamusco tuas vestes

com línguas de fogo

calor das preces

que impede o malogro.

Risco teu nome na cela

que prende o intento

de ver-te.

Sombrero na estrada.

Obreiro e palavra.

Canção a bendizer-te.

Risco teu nome na tela

rabisco a luz que te guarda

rascunho o poema estrelado

retrato a conversa na mesa.

Risco teu nome na vela

rabisco a madrugada

interrompo o sono que não veio

e sonho com o que de ti já tenho.



13.01.2008 - 16h57min

(Para Roberto Amezquita - nesse ritmo, o "esperado" não tarda...)

400 vozes

Um verso, uma prosa, um pingo de vodca e a vida dentro e em volta com suas dores, seus amores, suas reviravoltas. São sucos, fumaças, equívocos delírios etílicos e beleza de graça sem fazer força nem pirraça que a garça voa pra quem quiser ver... A garça voa e traz no bico a canção de vencer. Escuta e voa também Voa e escuta as quatrocentas vozes dos que não têm papas na língua nem dão a cara aos tapas de quem só anda na linha... 13.01.2008 - 16h13min

Quem, eu?

Não sou humana
sou uma palavra
perdida no meio da frase...
13.01.2008 - antes que o dia amanhecesse

Quetzal

Surpresa!
O beijo que veio
correu pelas veias
pôs fogo na palha.
Suspiro!
O verso que escrevo
venceu a batalha
ditou teus cabelos
pintou de vermelho
meus lábios
teu beijo.
Saudade!
O pássaro canta
com mais de 100 vozes
afina o lamento
e voa pra casa.
Desfecho.
13.01.2008 - 15h28min
(Para Roberto Amezquita - eu sempre disse que
papo de poeta vira poesia...)

Sísifo

Pedra rola
rola pedra
morro abaixo
morro acima.
Pedra rola
empedra o tempo
tempo amola
pedra medo.
Pedra rola
rola pedra
morro abaixo
morro acima.
Pedra de corte
pedra sabão
pedra do norte
pedra no chão.
Pedra rola
rola pedra
morro abaixo
morro acima...
Ah, se Sísifo tivesse conhecido Drummond...
Essa pedra
esse rolo
esse morro
todos motes
de poesia
todos versos
de Drummond...
Ah, se Sísifo tivesse conhecido Drummond...
13.01.2008 - 15h19min

___________________


Não há pressa na perfeição

nem medo na investida que atesta

ser essa a caminhada satisfeita da razão

são delírios tontos

por cursos de águas ligeiras

que enveredam por montes

e viajam em letreiros

apontando o caminho

nunca percorrido dantes .

São versos que te fiz, que te faço, que te aponto

na folha que não rasga

na caneta que não gasta

no lençol que não sua.

São canções entoadas juntos

são teus graves, são meus agudos

são esses teus olhos castanhos

dementes de tamanha ternura

que não se esgota jamais.



13.01.2008 - 15h13min
(Imagem: Salvador Dali... perfeito... eterno...

tus ojos de la espalda

...mi interioridad esta inmutable mis oídos contigo mis ojos aunque sean en la espalda en tu movimiento unas lágrimas unos pájaros tras del sol el cono sur que me da vueltas en la cabeza y esa sonrisa siempre esa sonrisa
n Roberto Amezquita, em 13.01.2008 -às 03h42min