segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Svãrmood*

*Palavra para definir 'saudade', na Suécia
Umedece a língua da palavra no solo fértil do verbo desejado amorosa mente vagarosa mente nova mente tua palavra dentro de mim.
En la savia que derrama una de las raices de la lejanía alguno de los espasmos de la ausencia no deberián los vientos de otros cruzarse en este andar eu te amo.
Em ondas curtas ou longas, mas ondas de presença e ondas de saudade, enlaçadas nas ondas da ternura eu te amo.
A través de las micro y también de las nano
van las ondas con que te amo.
Eu te sei aqui por onde canta minha voz.
Por donde deciende mi luz te sé y te sé aquí donde cabalga tu ritmo donde anda el paso frenético del aliento donde se fuga mi sangre.
04.02.2008 - 03h28min
(Simone Aver e Roberto Amezquita)

Fala

...son tus ojos el asomo tuyo de infinita luz lo que no marca el retorno ni el principio ni nada solo un nítido camino de amarte... 04.02.2008 - 01h25min (Roberto Amezquita)

Processo

Risco um traço aqui, um outro mais adiante enlaço, faço que apago este refaço aquele mais distante. Busco o desenho do nada que quero entortar no instante. Busco a face delineada que quero encontrar, amante de verbos e risadas soltas justo nesse traço aqui e não em outro qualquer. A curva perfeita do rosto. A expressão que não se sabe o que é. É assim que eu faço quando o espaço que tenho é pouco. Apago, refaço, começo de novo e vou perdendo um tanto da origem no processo da obra feita. Eu quero a surpresa, o suspiro, o assunto contado de forma diversa. Eu quero o traço que me eternize e uma lanterna vermelha pra iluminar o meu passo. 04.02.2008 - 19h30min

Espaço vazio?

Todos os pássaros revoam agora. Todas as línguas se entendem e todos os pecados são perdoados. É dia. Fez-se luz, e o sol é uma realidade aqui. Quebrados os espelhos, as imagens passeiam soltas, livres da prisão da moldura, da tortura de saber-se plágio. O céu foi pintado de um azul intenso sem nuvens ou máculas. Firma mente. Firme convicção de que somos mais que isso que pensamos ser e nos propomos a construir, em nossa pequenez de propósitos. Minha escrivaninha está vazia. Nua de livros, canetas, cadernos, papéis, agendas. Nada dança em minhas mãos. A palavra, paralisada, vai se extinguindo aos poucos té que, em toda a minha vida, espaço destinado especialmente ao verso, nada mais reste, a não ser
SILÊNCIO...
04.02.2008 - 19h16min

Criação

Cachoeira de sentenças, não seguro muito tempo as frases que brotam voluntariamente de mim. Elas me vêm aos borbotões, e não posso contê-las.
Não suporto tamanho volume. Explodo.
Elas vêm, sem nenhuma ordem ou forma estabelecida previamente. Enchem a folha branca. Rasgam a limpa claridade da folha da agenda vazia. Elas vêm.
Têm vida própria, e nenhuma educação. Não pedem licença. Não se despedem. Não têm obrigação.
Selvagens, tomam meu tempo e usufruem das minhas canetas. Nervosamente saltam aos bandos e se agrupam. Mero instrumento d'algum deus maluco, observo. Não sou nada além dessas páginas rabiscadas,
que eu nem sei se são minhas, posto terem sido escritas
tão compulsivamente que sequer permitiram pensar.
Ei-las.
Sacia a fome de desordem da tua vida correta. Eu ainda estarei aqui, canal de letras tresloucadas
que bordam e pintam e desgovernam o que penso ser eu...
04.02.2008 - 14h14min

Nota de falecimento

A tese defendida. Morta. 04.02.2008 - 14h06min

Somatório

Carrego no peito todos os versos do mundo os que já foram escritos,os que estão por vir. Carrego nos ombros o peso do espaço vazio e na bolsa um sem-número de coisas inúteis. As agendas vivem repletas de palavras soltas que vou juntando pelo caminho que traço passo a passo, insistentemente, na conta dos dias que se somam à arte independente da escrita. Os sustos, coleciono dentro de armários, entulhados de papéis usados e antigos, amarelados pelo tempo, pela falta de manuseio, pelo esquecimento, pela lembrança distante das anotações diversas. Os que vieram, os que passaram, os que ficaram, os sonhos que voaram, reclamando liberdade. As liberdades que voaram, reclamando sonhos. As asas que voaram, reclamando o horizonte. Os cuidados que não me levaram a parte alguma. Os desmoronamentos que não me enterraram. Os abraços que não me prenderam. E as verdades que me pintaram de rosa, cinza ou vermelho. E as verdades, que esfumaçaram meus olhos. E as verdades, que copiaram as lágrimas que derramei. E as verdades que escolho, inda que doloridas, inda que solitárias, inda que duras, inda que irritantemente reais. As verdades que escolho. As falhas, os vínculos, as doçuras, as impropriedades, as aberturas, as farturas, as falsidades, máscaras, relógios, estorvos, salários, solstícios, mãos abertas, mãos espalmadas, mãos machucadas na lida do dia claro. Soma de suspiros... E tu estás aqui.... 04.02.2008 - 14h01min

Depende...

Toda leitura é poesia? Toda imagem é poética? Toda forma é verso? Toda cor é verbo? Todo sentimento é palavra? Toda luz é linha? Depende... Dos olhos.... De quem vê.... 04.02.2008- 13h45min

Cachos

O cacho de uvas no prato. Os cachos dos meus cabelos entre os teus dedos. A vida é simples assim. 04.02.2008 - 04h24min

Nada é In Certo...

Nada é certo? Damos passos incertos por uma estrada de densa neblina. Somos hoje o que não poderemos ser amanhã. Fomos ontem o que jamais nos pensávamos capazes hoje. Trazemos raízes de um medo ancestral, que nos prende ao chão. Não somos covardes. Mas também não somos heróis. Nada é in certo. O in completo ronda a porta da manhã. Traz tempestade vazia. Esvaziam-se as conclusões e a biografia está sempre por ser escrita. Somam-se perguntas sem respostas e respostas que não foram pedidas. Subtraem-se as horas com vertiginosa rapidez no país de Alice. No reino de Abrantes nada de modifica, ainda que nada seja igual aos Dantes. Nada mais certo que a incerteza. E me perguntam se amanhã vai chover, se eu vou sofrer, se a pele vai arder. Eu não sei, respondo. Cada dia com a sua agonia, um passo depois do outro, e todos juntos na mesma estrada escolhida antes de nascermos, tu e eu. Nada mais incerto que a certeza vadia. Na leviandade fria, dizer-se oprimido pelo sim. O fino fio da espada que corta o silêncio e confirma o sim que confina a vida em si. Orgulho sitiado. Situação enfática da louca aventura de querer. Nada mais certo que a loucura. A costura da muralha da China que nos separa da lua. Um satélite no espaço e as curtas ondas de ternura. Os tentáculos da vida e o alcance jamais sonhado por nenhuma criatura. O meu peito pulsando no teu. O teu pulso batendo no meu. Vida e arte confundem a cabeça de qualquer um. Eu recorto tua boca e colo na minha pra sempre. Tuas palavras brotando dos meus ouvidos. Arrepiando a espinha. Cacho de uvas maduras da única safra do ano. Perdeu-se a guia. Não sei o caminho. Nada mais louco que a certeza. O desejo de ser tua. De louvar a calçada da rua por onde passaram teus pés. Avião, foguete ou pensamento, tanto faz. Tudo leva à demência. Insanidade provocada pela insônia de um outro que habita em mim, e cochicha ao meu ouvido coisas que só posso contar em versos, versos que só posso cantar pra ti, no acesso de riso de uma Monalisa misteriosa e vã, plagiada por algum artista anônimo que cruzou teu caminho. Nada mais forte que o amor. O que o amor tem a ver com isso? TUDO! 04.02.2008 - 04h09min