quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Só para inspirar, com as palavras de outros:
EZRA POUND:
"É que eu
Sou um Poeta, e bebo vida
Como os homens menores bebem vinho.”
14.02.2008 - 23h37min
Poeminha despretensioso
No ouro de hoje
encontrei um sonho de prata
fitei bem fundo nos olhos dele
furtei-lhe a faca
libertei a espada
presa que estava
na pedra da história.
No ouro encontrei
um hoje bendito
risonho e claro
perfumado e aflito
por dizer-me que tudo
não passa de um raio
que o ouro real,
o que vale uma vida,
está no infinito...
14.02.2008 - 02h12min
Esquisitices
Bordo a página que me liberta
dos fantasmas, dos perigos,
das bonecas de pano rasgadas,
das estátuas, das bailarinas...
Meu corpo é palavra que alucina
alucinação que prevalece...
Palavra é faca de dois gumes.
Espada que fere e mata
o que há de vil na pele
o que há de mau na alma.
Palavra é magia dúbia
às vezes cala
às vezes grita.
Ninguém sabe ao certo
se está empapada de mandinga
ou de bom mistério...
Palavra é saco de risadas
aberto dentro da igreja.
S A C R I L É G I O !
Gritam os fiéis do silêncio,
explodem as bocas malditas,
dispostas a fechar a matraca
dos desobedientes, que insistem
em proferir dizeres vãos em solo crente.
Palavra é privilégio.
Peito que verte leite-alimento
aos poetas, aos loucos, aos insanos.
E S Q U I Z O F R Ê N I C O S
que ouvem vozes distantes
e são amigos de invisíveis homens nus
cantantes, de permanente bom humor.
COISA DE LOUCO!
Dirão os profetas do pessimismo barato
que fazem plantão, ladeados de serpentes,
nas portas das casas dos requerentes do
seu quinhão de vida e de alegria decente
(seja lá o que se considere decente na alegria
seja lá o que se considere recente decência
seja lá o que se considere decência no dia).
MORTE AOS POETAS!
Praguejarão os desprovidos de imagens
os desprovidos de suavidades
os desprovidos de provas de coragem
os des-providos de provimentos
de beleza, de amor, de sorrisos
de palavras.
Praguejarão os desprovidos de canetas
e os desprovidos de idéias
e os desprovidos de sonhos
e os desprovidos
de palavras.
Esses, sim, os esquisitos.
Vazios de sentidos ou mistérios.
Iguais. Robôs. Repetintes de medos
dos outros. Os outros. Os outros.
Os vazios de palavras.
Os vazios de verbos.
Os vazios de si mesmos.
Os que silenciam
e obrigam o silêncio dos outros...
14.02.2008 - 02h06min
Praia
O mar...
A vida, vindo em ondas...
Quebra na praia, o mar...
A vida, quebrada em ondas...
O mar...
O vento ventando na areia...
Molha a areia, o mar...
O vento levanta poeira...
O mar...
Cheiro de maresia...
Preguiça vadia...
Dani, espreguiçadeira...
O mar...
O banho lento do sol, no mar...
No fim do dia, o sal na pele...
O mar...
Água clara em movimento...
Espumantes as bordas...
Do mar...
Praia deserta de noite...
Já pode descansar...
O mar...
Só os olhos de Daniele,
assim distantes,
assim profundos,
assim presentes,
fitam o mar...
Só o sorriso de Daniele,
assim tão puro,
assim tão branco,
assim tão leve,
é assim tão belo
quanto o mar...
14.02.2008 - 01h20min
(Para minha sobrinha, Daniele, aniversariante de hoje,
que adora praia... Um dia, ela pediu um poema. Aqui está...)
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