sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Suficiente







Por hoje chega. Vou dormir.



15.01.2010 - 05h46min

Exílio

Sou esse arrepio que correu pela tua espinha quando sentiste tu'alma tremer. 
Sou teu contra 
e o meu favor. 
A tua perdição 
a petição de miséria 
assinada aprovação. 
Sou o termo extinto 
e a vida eterna. 
O côncavo 
e o infinito. 




Eu sou o todo 
e tu, em mim...




15.01.2010 - 05h24min

Concepção

Jogue-me uma semente
deixe uma migalha cair
cuspa-me um 'ai'
e disso farei minha poesia.
Não precisa rebuscar
palavras antigas lidas
n'algum remoto lugar.
Desnecessário criar outra esfera
ou fingir um recomeço.
Inútil pesquisar belezas
nos partos vividos por outrem.
Quero esses teus suores noturnos
a vida que brota de ti agora.
Quero tuas experiências particulares
e as construções que eu vi.
Quero teu sangue e tua alma
pra injetar nesses meus versos
e por eles dizer
que a poesia é fruto da vida
da voz que agora grita
da unha cravada na pele
da divisão perdida.
A poesia é fruto da tua seiva
combinada co'a minha.
Fala.
Reclama.
Pranteia.
São teus olhos
que eu desenho aqui.







15.01.2010 - 04h56min

Crença

Eu acreditava antes de saber 
hoje eu acredito porque 
provei senti toquei fugi e voltei atrás 
acredito pq é real 
inda que não se possa deter. 
Acredito na utopia 
na empatia 
e na alegria. 
Acredito em ti 
em mim 
e no terceiro quarto vazio 
que  
acredito 
transbordará de razões 
pra eu permanecer.


Acredito em tudo o que for bom acreditar.










15.01.2010 - 4h41min
Publicado na Comunidade BOA NOVA, UMA UTOPIA, 
no Orkut, uma de minhas respostas ao tópico 'Eu acredito pq'

Infinita SAUDADE ou Recaída


Não sei que estranha agonia me deu
um ponto no espaço
e lá estava eu.
A saudade é um aperto fundo
que rasga os pontos
derruba os muros
e entrega as forças.
É quase um ente
com vontade própria
e dor infinita.
Os ais, gemidos e manquejos
próprios da fatal doença
acometem de repente
afiadas facas duras
cortantes instrumentos pagãos.

E tu

nem sonhas
nem lembras
nem cogitas
a existência negada
que no feminino peito arde.
Ferida.




15.01.2010 - 03h44min

Esconderijo

Direi do poeta
que ele é um verso maldito
escandalosa rima doída
barulhenta estrofe dita.
Direi que foi paixão e loucura
ou reviravolta de um escrivão fantasma
que devorou a rua
e deliberou a frase sarcástica.
Do poeta direi calúnias
e incentivarei a prova
que incrimina as luvas
as mesmas que jamais foram usadas.
Do poeta cantarei deveras
despedirei as metades caras
dissiparei as brumas.
Direi do poeta a memória
e a calada ciência da vida
sem toldos nem gotas de orvalho
sem anjos ou mãos ressentidas.
Dele colherei as lágrimas
e saquearei o verso descrito
na última estrela mentida
no passo gigante do homem na lua.
Dele direi demências
e denunciarei  a bainha
o lençol revolto
o voo dormido.
Nele disfarçarei meus medos
fobias e empecilhos.
Vestirei meus olhos.
Roubarei meus quilos.
Armarei as rotas.
Conhecerei meus vazios.
No poeta.
Do poeta em mim.







15.01.2010 - 02h37min

Gostar e cuidar

A deixar de proteger os flancos
melhor entregar as armas
e dar-se por vencido.


Se o território te agrada
e se ele a ti prefere
trata de cercar suas entradas
regar-lhe as flores
podar os espinhos.
Se não o fizeres
outro fará.







15.01.2010 - 02h18min