terça-feira, 25 de maio de 2010

Consummatum est

Nas contas dos olhos
trago duas bolas de cristal
uma me lembra o passado
as duras penas que aprendi
e o mais sutil sinal
de que tudo anda bem
ou de que algo vai muito mal.
A outra prevê o futuro
com base na que do lado de cá, vê.
E é supreendente como
se encaixam na mesma linha
os fios da tênue fumaça lilás.
E é compreensível que eu evite
de quando em vez
de vez em quase sempre
entender o que já é certo
que irá acontecer.
Um olho me mostra o que já houve
o outro, o momento repetido.
Cordão diferente
no mesmo abismo
caído.
Um olho sabe como tudo termina.
Conhece o começo
identifica os primeiros presságios
sabe onde cada passo vai dar.
O outro finge que não percebe
a asa se desprender
o fio das entrelinhas se arrebentar.

Meus olhos sabem
o que o fogo não queima
o que é impossível salvar.
O olho do futuro
baseado no olho direito
espera o momento certeiro
pra tristeza suportar.


(Até lá
nenhuma dúvida.
Tudo azul.
Pari passu.

Se o amanhã
a Deus pertence
que sirva pra eu entender
que consumado está...)





25.05.2010 - 03h25min