sábado, 12 de abril de 2008

Maiúsculos


o tempo parou nesse instante

conversa interna pela eternidade afora

que dirão eles? quantos versos farão juntos?

que diremos nós de nossos humanos poemas

cheios de imperfeitos dizeres

de sensações de futuro inexistente

de pretensão de rima que não aflora?

que diremos nós diante dos deuses

quando nos oferecerem um banco e um livro

e uma caneta de material reluzente?

que diremos, pois, ao dar de cara com eles?

oi, Drummond, meu velho...

oi, Quintana, meu bem...










12.04.2008 - 23h57min



Buscando resposta...


Drummond, Drummond, de costas pro mar
Responde, me diz, me conta, não esconde, Drummond:
Com quantas estrelas uma poesia se faz?






12.08.2008 - 23h40min

Círculo de luz

As estrelas são redondas e cantam... Círculos têm cantos? Claro! Têm cantos, cantigas, canções. Apura o ouvido. Escuta. 12.04.2008 - 23h38min

Saudade?

Saudade é uma coisa que acaba um dia e deixa no lugar... nada... 12.04.2008- 23h27min

Aurora Boreal

Eu quero a subjetividade do que está escondido dos olhos e da percepção geral do comum. Eu quero a simplicidade do que está revelado aos olhos e à percepção de quem é raro. Eu quero a doçura da fruta colhida no pé jurado de morte pela mão do progresso desmedido. Eu quero a força da expressão madura que ainda não cheguei a conhecer. Eu quero a linha imprecisa que guarda no âmago a segurança do velho conhecido. Eu quero as cores todas juntas, dançando sobre mim. Um céu tão colorido e movimentado que acabará por fazer-se branco. Tranqüilidade, enfim. 12.04.2008 - 20h41min

Despertar

O acervo das minhas obras esgota o pensamento hostil que me cerca. Acordo entediada com olhos de abismo postos sobre os próximos minutos que me aguardam indecisos quanto à presteza do meu estado atônito diante do curso que o rio do tempo toma. Tiranizo o relógio. Eu mesma faço as minhas horas. As honras enfraquecem os laços ou os desfazem ao seu bel prazer. Beijo as espumas dos dias corridos. Serão resgatáveis os minutos perdidos? Os pontos finais serão mudanças ou abrirão expectativas outras que sequer suspeitávamos, nós dois? Piores são as reticências. Silêncios prolongados em que não sei se estás ou se já foste entre um emaranhado de conversas antigas que nem sequer chegamos a ter. Adapto o mundo ao som de um piano distante que canta de dentro das páginas do livro na estante próxima da cama. São espaços que não me pertencem, que dançam entre os dedos, com cheiro de cera líquida, recém coberto o assoalho de tábuas escuras por onde meus pés passeiam agora. Espreguiço e estremeço o corpo diante da possibilidade de jamais vir a escrever as linhas que tracei no horizonte do sonho e que se vão perdendo, rapidamente, enquanto a lucidez assume o comando e o estômago reclama um pouco de café. Amanhece o dia. Faz frio. Acordo. 12.04.2008 - 20h28min

Produção

Produzo sem pestanejar que os olhos foram feitos pra ver não pra fechar as janelas da alma e esquecer que as entranhas os anéis e os dedos e as esquisitices todas são partes importantes do meu cotidiano e da minha criação louca. Produzo sem pressa de colheita ou de precisão de letra na tela quente de um computador impertinente que sopra dissabores entre as dores e os dotes e os bilhetes e as mensagens e as distorções e os contrários e as impressões todas estranhas ao que eu nem imaginei um dia querer dizer... Aliás, dizer não me basta. Eu quero aprender. 12.04.2008 - 02h40min

Antes

Se dizes que sim se ocultas o não se entras por uma porta e fechas a outra a chave pro lado de fora do lado de dentro, não sei. Se encontras abrigo na água do chuveiro quente e espreguiças o acerto debaixo do travesseiro coberto do perfume do cabelo recém lavado de espuma. Se espremes a fruta e dela extrais o sumo e a cor e a doçura. Se estás aqui ou não se estendes ali a mão se encobres de mim a pretensa ilusão. Não sei não quero saber não conheço quem sabe nem espero conhecer. Quero a pedra a lua a fome o aço inoxidável e o homem. Quero a espera a vida a chama o incômodo o estrado e a cama. Quero a impaciência e a coragem a leitura a sentença a vadiagem. Não quero nada além do que me valha: valha-me Deus! Que me venha a vaia e que a gaia me receba de braços abertos pra que eu beba da fonte da raiz eterna. Que eu seja dele antes que entardeça... 12.04.2008 - 02h33min