(...esvaziar as gavetas de nada serve
se de notas a cabeça anda cheia...)
Guardo galhos de árvores
que um dia floriram as ruas
enfeito meus dias
com frutas e sais aromáticos
que planto nos sonhos
teias de recomeços
e afuniladas tramas.
Suponho que as somas
salientem horários
e determinem direções opostas
àquelas em que me perco
e encontro culturas dispersas
fumaças e sinais
d'outros tempos.
A tênue linha do absurdo
rodeia meus passos
ridiculamente trôpegos
e sóbrios
e barulhentos.
Um assovio me distingue
dos que desconheço
no horizonte sombrio
que não alcanço
- nem ele a mim -
(grande mistério).
Se conservo
absorvo orações de duplo começo
enriqueço as divisórias do medo
e poluo as entranhas
com alheias devoções
desnecessários parágrafos
no vazio do Tudo.
Alimento
o que não sei ter fome
e mato mais um pouco
do que já sei pequeno
quase extinto
extraordinariamente
exausto
de procuras.
Sou espanto.