segunda-feira, 30 de junho de 2008

Depoimento para Adrebal

Fotografia e poesia andam de mãos dadas. Alheias ao alienado olhar aleatório dos que têm olhos, mas não vêem. A tua arte, fotografada, não é inerte. Ela se movimenta. Ela grita. Ela ferve. Ela inunda a rua e pinta de vermelho a esquina, pra mostrar que está viva. A tua arte arranca da minha garganta o verso, e transforma em lente o que é convexo, o que desmente a voz ausente. A tua voz que me faz falta... 30.06.2008 - 02h

In memorian:

... pedidos perdidos no tempo são asas quebradas de pássaros, de lamentos. Segredos sussurrados ao vento, pra sorrirem à distância na resposta: "eu entendo"... 30.06.2008 - 02h26min

Comentário

Se não me engano a palavra prende a presa e faz do longe o fio, de onde pende o anzol... 30.06.2008 - 02h23min

domingo, 29 de junho de 2008

Surpresa!

E a gente acorda, um dia, com uma tremenda sede de sentir... 29.06.2008 - 15h46min

Fechado!

Meu peito está fechado a chave não existe não há como entrar não fique triste... 29.06.2008 - 14h35min

O que dizem por aí

Dizem que quando o sol se fecha a noite vira solidão. Dizem que a lua é mãe da paixão, que o bonito M aqui gravado na palma significa MORTE que me leva pela mão. Dizem que sonhar é inútil, que poetar é fútil, que ganhar dinheiro é que é o Ó! Dizem que as lembranças são caras, que algumas pessoas são raras e que o espelho é o culpado pela crise. Dizem que é melhor atacar, que temer; e tremer, que surtar. Dizem que a forma da vida é disforme e que a informação é corrente. Dizem que tudo tem um jeito, que o que não mata, engorda, que o que não entorta, endireita. Dizem que Inês é morta, mas o cadáver eu não vi! "Dizem que sou louca" e que pareço a Rita Lee. O que mais dizem por aí? 29.06.2008 - 13h10min

O rosto

Não era o rosto de um morto; recuso-me a acreditar que seria. Era apenas e tão-somente um outro que através de mim, me via... 29.06.2008 - 12h40min

Enigma

A esfinge atinge o morto que se aflige em mim... 29.06.2008 - 13h

São? Não!

Não são feras não são monstros não são contratos de locação. Não são suspenses não são pertences não são... Não vão à forra não se vestem de falsas modéstias não cantam vitória não pirateiam amores não reclamam não são. Não aparecem de repente não partem num repente não repetem a aflição não são. Não emprestam o rosto não recitam oração não são outonos não são diários não são os donos das falácias, dos horários. Não são limites nem atribuições. Não são encantos devaneios ou ocultas religiões. Não são alianças nem trancas muito menos satisfações. Não são providência semelhança ou alucinação. Não são palha, nem espinho. Não são pedra, nem caminho. Não são... Não são segurança, estilhaço ou abandono. Não são circuncisão. São invejas são duetos são versos decassílabos são invenção. Criações estapafúrdias. São idas e vindas são espadas e cruzes e tonéis de tinta. São luzes? Não são... 29.06.2008 - 11h45min

sábado, 28 de junho de 2008

Quero viver de poesia

Comer poesia no café da manhã, no almoço e no jantar, ter cobertura de versos na sobremesa de doce de maçã. Respirar poesia leve sem a poluição da palavra breve sem a fumaça da regra cega. Vestir poesia colorida no inverno e poesia esvoaçante no verão. Andar sobre pedras poéticas poeticamente dispostas em caminhos-sonetos caminhos-poetrix caminhos-duetos. Se não for pra viver de poesia prefiro morrer. Mas não deixem, vocês, meus pranteadores, de colocar na minha lápide bem legível, o verso que diz: Eu quis viver de poesia só assim poderia ter sido feliz... 28.06.2008 -19h30min

Pesadelo

Eu mudei meu nome e meu jeito de dizer. Eu inventei outra assinatura, fingi crescer. Eu criei outro personagem, falei bobagens, usei peruca, mudei a maquiagem. Eu troquei o guarda-roupas, comprei diferentes livros (daqueles que 'a outra' que eu fui jamais leria). Eu passei a gostar de moto, de funk, de fast-food, de perfume barato. Eu comprei um jeans rasgado, pus fora o dicionário, esqueci o caminho da biblioteca e passei a odiar poesia. Eu nem sei o que é danceteria! Mas me amarro numa rave... Eu larguei o trampo, não me importo com fumaça de cigarro, com cheiro de cerveja e com gás de refrigerante. Eu agora gosto de destilados, e de alta velocidade. Eu não sei mais o que é jornal, o que é animal, muito menos o que é vegetal. Eu não tenho amizades, mas interesses. Não lembro mais como se escreve uma porção de palavras, entre elas a que eu nem conheço o significado: PAICHÃO (ou será PAIJÃO?). Eu não quero nem saber. Eu não estou nem aí. Agora que mudei, vai ser pra valer. Vai ser pra arrepiar. Vai ser pra ninguém colocar defeito. Eu quero mais é bagunçar. Afinal... (Foi só um pesadelo! Eu ainda sou eu... ai, que saudade de mim...) 28.06.2008 - 18h20min

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Ponto de vista II

Algumas pessoas dizem que eu penso ter o rei na barriga. Mas eu só tenho um umbigo, oras! 27.06.2008 - 01h

Psicodélica. Um dedo de prosa... Poética?

Eu ganhei uma taça de fogo do Sol. No vidro da alma, dividi a intenção de sempre. Nas gélidas madrugadas de inverno, corri descalça sobre as cinzas da Lua. Meus erros quebrados escreveram versos de sonhos tranqüilos, de trocas e lutas melodicamente pagãs. Nos paradoxos obtusamente orvalhados cirandearam cicatrizes profundas. O milagre é uma fera enraivecida que engole parafusos de hortelã. E eu danço nua! Na mão esquerda, a castidade florescida. Na direita, um frasco de perfume azul. No tornozelo, discreta corrente, pequena placa: “Bons ventos te tragam”, nela gravada. E um cândido sorriso no movimento todo, a convidar os passantes da vida para um gole quente da taça de fogo; da mesma taça que eu ganhei do Sol... 27.06.2008 – 14h

Assuntando

O assunto dita a direção da hora. Se ele é puro, ela dura, ela é dura. Se ele é duro, ela arrasta, ela fica. Se ele é freio, ela estremece, é maldita. O assunto dista do interesse o espaço que não se permite medir. O quilômetro rodado que não se vê. O centímetro quadrado que não se espera. O milímetro exato, difícil de se obter. O assunto rasga a veia da retina, engole a cobra, quebra o pau, encerra a areia, cospe fogo e se recolhe na inóspita insignificância de quem já fez o que tinha que fazer. E perdeu a oportunidade de calar. 27.06.2008 - 13h

Axiomas?

Quantos personagens cabem em nós? Quantos nós cabem em "Nós dois"? 27.06.2008 - 01h27min *Um pensamento

Resultado de conversa de poeta-atleta

Ao voltar do trampo,
tapou os olhos
e saltou do trampolim.
Virou pirilampo... 26.06.2008 - 23h16min

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Dúvida

No verão tenho preguiça tudo me cansa tudo me custa. No inverno tenho frio tudo me cansa tudo me custa. Ando desconfiada que o problema não está nas estações.... 25.06.2008 - 15h02min

Proteção

O escudo preso à mão esquerda impede a queda da brisa que sopra leve na carapuça amarela do suspiro de um deus sem rosto diluído nos sonhos de um indivíduo qualquer que apaga sem pressa os afazeres de uma vida sem direito a rascunho... 25.06.2008 - 13h40min

Cara-metade

Sou inteira. Não suportaria alguém pela metade.... 25.06.2008 - 13h47min

Religião

Vibração. O melhor do mundo no símbolo avermelhado que desconhece derrota. Poema encomendado aos pés do goleador IN-TER-NA-CIO-NAL!!! Ópio do povo, delícia de um torcedor? Mais que isso: religião. (O que não se faz por amor?) 25.06.2008 - 13h56min

Egocêntrica

Ao redor do meu umbigo gira um mundo: o meu mundo, que a tua língua insiste em definir... 25.06.2008 - 03h34min

A chave

*Esta tarde, depois de adiar por semanas a visita ao chaveiro, finalmente mandei fazer cópia da chave do portão de minha casa. Enquanto ele, muito rapidamente, atendia meu pedido, fiquei observando seu trabalho. E pensei: MÁGICA! Daí o poema a seguir... A máquina faz chaves: mágica. Mágica é a palavra, chave para um mundo inusitado. Plantando dizeres que abrem portas vão os versos vão as letras que vão dentro da gente. E o chaveiro, inocente, mal sabe que poeta é bicho triste, vê chave de poesia na fechadura do portão... Pura magia.... 25.06.2008 - 0h51min

terça-feira, 24 de junho de 2008

Controvérsia

Garimpo pensamentos raros entre as obviedades do cotidiano perdidos nas alamedas do que jamais poderia ter sido. Salto os obstáculos que se interpõem no caminho como se a lida fosse suficiente como se perder já não fosse o bastante. Estudo cuidadosamente a imperiosa substância não-tida. São fartos os dias de fartura duvidosa, de suspeita companhia. Procuro o silêncio desmedido pra escutar o que me diz meu sonho distante o mesmo que não pôde rasgar a realidade. Perco o ônibus na estação do trem enquanto espero as asas de um anjo disfarçado de sorrisos e de fruta amadurecida no pé. São lisas as arestas da aurora e firmes as presas do espelho que me sorri. A noção de limite é o sopro de um deus controverso que controla um universo vazio. São minhas as horas que doei sem pressa que voltei atrás que voei distâncias imprevistas. São minhas as faltas as ausências, as não-presenças que parecem iguais mas são contrárias entre si. O ponto obscuro é o fim do começo de vida que não conhecia bastecida de alegrias e divãs de analistas onde nunca estive pra voltar ao começo e encontrar raros fragmentos de pensamentos plantados n'algum lugar que eu nunca vi.... 23.06.2008 - 16h

De repente

De repente tudo vira de cabeça pra baixo de repente o tinto perde a cor a cor perde a razão, a razão, a palavra. De repente, o espaço está do avesso o passo é espesso o escudo, uma invenção de um louco desacostumado com a luz de um outro olhar... De repente, a desconstrução e tudo passa a ser o que está em outro lugar. De repente, a tese rasgada, a antítese no verso da folha amarelada e todo o dito des-dito, malfadado. De repente, o que acredito não sustento o que sutento não credito no símbolo suspenso sobre o teclado. De repente, negror e sal amargo torpor e braço dado saliência e serpente no delírio de um doente que se pensa santo e que atravessa o sol poente como quem brinca de ser criança. De repente a conversa inocente rasga as vestes e enfurece a dança de corpos distantes que estremecem ante o afago ante a proferida sentença que nega a venturosa lembrança. De repente acordam-se os sonhos e andam em dimensões diversas entre os paradeiros das criadas das mulheres, das trapaças, das vertentes de lábios avermelhados, das madrugadas, das vizinhas, das deslavadas caras de predadores famintos por leite diverso. De repente escrevo poema quando queria escrever um risco (apenas um risco) um cisco no olho do passante que arranca a trave e grita, com o espinho entre os dentes: "SE É POESIA, SIM! DOU O MEU ACEITE!" E o acerto é acordado entre todos os presentes. Se poetas, se dementes, não faz mal, a gente sempre ri de tudo mesmo, a gente sempre vai estar aqui, afinal todo verso se inicia assim num repente... Bem assim, de repente... 24.06.2008 - 01h38min

Caminhos

*Para um RICO amigo São tantos são claros são escuros; são longos estreitos controversos. São frios calculistas exatos. São monstros são medos são fetos. Caminhos são tortos são mortos são tímidos. Vazios poluídos excêntricos. Caminhos voltam pelos mesmos caminhos vãos. Caminhos são escolhas porteiras abertas ruas sem saída florestas. Caminhos são luas estrelas e serestas. Serenos nas madrugadas. Festas. Frestas. Caminhos são velas acesas são velhas histórias são frutas diversas. Caminhos são aberturas e chaves-mestras de nomes que não conhecemos mas queremos saber por quê. 22.06.2008 - 22h20min

Ando nua

A teus pés meu mundo meu sangue meu ar. Esparramados diante de ti meus membros minha pele meus sonhos todos. Não preciso de mais nada disso. Ando nua. Não tenho morada. Não tenho parada. Não tenho dono. Fica com tudo o que é meu, inclusive essa minha alma que te ama que te ama que te ama. Ando nua. Nem alma carrego nem coração. Fica com tudo o que é meu. Eu? Ando nua. Não tenho dono. Sou asa... e solidão. 21.06.2008 - 01h41min

Dos sentimentos

Sentimentos são feridas abertas carne-viva-pulsante-exposta. Diminuição do que se entende por "cuidado, não há mais tempo agora". Sentimentos são canções que desafinam no momento exato em que nos apresentamos diante de múltiplos olhares. Sentimentos são alçapões que se abrem debaixo dos pés bem na hora da primeira pisada a mais firme, a que mais esperávamos. E lá vamos nós, abismo abaixo. Sentimentos são fantasias vestidas em pleno baile de carnaval. Confundem a gente, confessam o desfile e riem como se a nós não pertencessem. Preparam um espetáculo circense e desaparecem no dia seguinte. Sentimentos são ruínas restos dos trapos que ficamos ao remendar os dias que se foram e que já tarde foram e que furam a memória maldita. Já pareceram melhores. Sentimentos são bolhas são borboletas são fiapos de lã que não servem para tricotar a blusa de inverno no calor do verão. Sentimentos são espinhos são rosas que jamais nascerão nos vasos arrumados das salas de espera da vida. Sentimentos não são... 20.06.2008 - 02h45min

Mistério

*"A coisa mais bonita que podemos experimentar é a misteriosa"
(Einstein, soprado por uma poeira brilhante...)
Nuances de cores na tela fria risos de diversos sabores pinturas inexatas insustentáveis pareceres cortados por cronologias absurdas e abstratas liras. Médicos, pacientes, malucos, internados na letra que dirige um olhar de soslaio entre o que seja e o que solucione o enigma transparente da palavra inexistente no dicionário vazio. Não pensamos, não olhamos, não diluímos os múltiplos 'eus' na catastrófica realidade - martelo de sono - que prende a vida por um fio. Não somos meninos sequer poetas somos. Estamos leitores do outro ou de si mesmos, espectadores? Mistério. 19.06.2008 - 23h20min

Restos

Restam-me os pingos dos 'is' as gotas de saliva expostas nas portas da garagem de um poeta aprendiz. Resta-me a manifestação da natureza insólita perversos verbos e versos presos à porta da geladeira com imãs que falham. Resta-me a cura que eu não quero nem pedi. (O que seria de mim sem essa minha loucura?) Resta-me a insensatez o delírio, a busca cega pela chave da prisão de giz. Resta-me a febre gasta o suor, o calor, o cansaço, a prenda que não ganhei, o cavalo que não montei, a lágrima que não disfarço. Resta-me o movimento extinto na boca pintadade vermelho vivo. Ao menos na boca, a vida. Ao menos na vida, a boca que diz: 'eu não quero mais já tive o meu quinhão já não me basta ser feliz'. 19.06.2008 - 16h

Fardo

O pardo fardo na poeira da estrada. O farto prato na beira do abismo. A língua amarrada na farpa do clima. O cataclisma aquecido na prece do dia. A tecelã embrutecida no fiapo da vida. A faca, o queijo, o pão, o mantimento da lida. A mala, o beijo, a mão, o lamento na partida. O parto da letra na folha da sina. Palavra vazia. 18.06.2008 - 23h32min *Só mais uma dor...

Corre,rio

*Quintana, citado pelo brilho ofuscante da poeira de uma certa estrela:
"A tristeza dos rios é não poderem parar"...
Corre, rio.
Teu destino é o mar.
Na passagem, admira,
ama, deseja,
a hera, a chama acesa,
o acampamento, os riscos.
Os sisos das serestas alheias.
Corre, rio.
Teu destino é o mar.
Adocica caminhos
alimenta verdades
dá de beber ao luar.
Banha as gentes,
os peixes, os olhares.
Transborda de vez em quando,
provoca mudanças,
acende nuances
jamais suspeitadas
na margem direita
do teu braço
dado co'a chuva
que te abastece e delira,
prazenteira.
Corre,rio.
Teu destino é o mar. O meu?
Oras!
Eu nasci pra te navegar!
18.06.2008 - 23h

Aviso aos navegantes

Não tente me entender. Não pense em me alcançar. Estou longe. Sou o vento que sopra no deserto. Sinta a essência, e trema. Mais que isso, impossível. Não se permita o interesse. Seria desperdício de tempo. Acompanhe o trabalho, se te apraz, mas não espere aproximação. Não há possibilidade. Nenhuma. Conserve a sua paz. O resto pertence ao nada. Não vale a pena. 18.06.2008 - 19h13min

Pensamento inacabado

A loucura tem gosto de mel. Um tantinho por dia protege das intempéries. Há quem a considere um perigo. Perigosa sou eu, que vivo a um triz da lucidez completa. Isso sim é que inspira cuidados. A loucura não... Complete, caro leitor, como preferir... 18.06.2008 - 01h29min*Enquanto todos os lúcidos dormem. Lúcido é o cara que sabe que está um frio de rachar e se protege debaixo das cobertas, na cama. Louca sou eu, sentada diante dessa tela fria, digitando num teclado frio, palavras sem nenhum propósito além de esquentar um pouco a escuridão que atravessa o universo. Geladas estão minhas mãos. Louca! Uma louca, eu, com sabor de mel nas veias. Gotas de mel na pele. E gelo no lado esquerdo do peito. Inverno em mim.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

O 'X' do cinto

Não sinto o cinto. Se sinto não minto. O instinto desmente o sentir que é sina no badalo do sino que pressente o discernir da mente ausente de si. Ensimesmada retorno à sala e sugo a frase soletrada por ti. A fase de hoje é só um passo no descompasso certeiro do mistério em que eu não soube per-sis-tir. A luz acende o Sul. 22.06.2008 - 23h12min

domingo, 22 de junho de 2008

Nomenclatura

Clausura.
22.06.2008 - 22h

Caminhos

São tantos são claros são escuros; são longos estreitos controversos. São frios calculistas exatos. São monstros são medos são fetos. Caminhos são tortos são mortos são tímidos. Vazios poluídos excêntricos. Caminhos voltam pelos mesmos caminhos vãos. Caminhos são escolhas porteiras abertas ruas sem saída florestas. Caminhos são luas estrelas e serestas. Serenos nas madrugadas. Festas.
Frestas. Caminhos são velas acesas são velhas histórias são frutas diversas. Caminhos são aberturas e chaves-mestras de nomes que não conhecemos mas queremos saber por quê. 22.06.2008 - 22h20min

Eles

Eles têm mais paciência têm mais sabor têm mais consistência. Eles insistem mais acreditam mais vivem mais. Eles apostam mais arriscam mais enfrentam mais. Eles se doam mais se entregam mais se expõem mais. Eles se aventuram se aperfeiçoam se comprometem. Eles, os homens mais jovens. 22.06.2008 - 20h

quinta-feira, 19 de junho de 2008

EU


Signo.
Coração.
Corpo.
Meus.
19.06.2008 - 14h

Revolução

Juntaram-se os loucos e os profetas nas praças das cidades sem lei e o que se viu jamais se disse de ninguém: a poesia a dançar de mãos dadas co'a tortuosa faca de dois gumes; a romper com as barreiras e os umbrais que mantinham em pé as estruturas das pessoas de beleza vazia. A poesia, correndo solta nas bocas das malas pesadas, nas cabeças ocas que se soltaram e viveram a folia como nunca dantes fora permitido. A poesia, a bordar e pintar o dito e o não-dito popular. A poesia, a libertar o povo cansado de tanta heresia, de tanto falar. A poesia, a cantar a liberdade, a sorrir e a escutar o verso que, de fato, finalmente, virá... 19.06.2008 - 0h46min

terça-feira, 17 de junho de 2008

Eu não sou. Por tempo limitado.

Eu sou o nada. Eu sou tudo o que vai além da tua capacidade de percepção. Eu sou o que se esvai nos minutos que não me prendem a ti ou a qualquer outro. Eu sou o esquecimento em pele de mulher nua. Eu sou o que ainda serei e também o que jamais fui nem tenho a menor vontade de. Eu sou o oposto do que procuras o oposto do que precisas o oposto do que anseias tu. Eu sou a esfinge e a pergunta e a solução do enigma. Eu sou o deserto e a metrópole, a multidão e a solidão completa enclausurada em campo aberto. Eu sou tudo o que desejas e o tudo que jamais gostarias de ter. Eu sou a completude e o imediatismo. E sou a eternidade e a dispersão. Eu sou o que não vês o que não tocas o que não sentes tudo o que provocas tudo o que pressentes tudo o que invoca a tua mente irrigada de sangue quente e de fresco orvalho da manhã. Eu sou um sopro breve o ligeiro movimento da cortina o que jamais esquecerás por toda a tua vida. Eu sou o esquecimento e a virtude. O que está por vir e o que morreu há tempos. Eu sou quem desfila diante dos teus olhos desatentos e que perdes na curva do tempo por não teres a devida explicação. Eu sou o que não sei o que alguém procurou em algum lugar do universo. E jamais em tempo algum encontrou... 17.06.2008 - 22h

segunda-feira, 16 de junho de 2008

A lava... a tua...

No céu sem estrelas
a língua
a tua
no meu céu sem estrelas.
Na curva da pele
a língua
a tua
na curva da polpa.
Nos poros abertos
a língua
a tua
no céu das curvas da polpa
de poros abertos
sou tua.
Suspiros certeiros.
No pico do monte
a lava
a tua
na polpa madura.
Açoite.
16.06.2008 - 01h

domingo, 15 de junho de 2008

Gosto de palavra

Não ponha palavras na minha boca
palavras eu tenho e significantes também.
O que me falta é a tua saliva, o gosto, o rosto,
o sumo, o sentido, o signo.
O que eu quero é justamente o que eu não tenho
de ti.
...
("... mas a gente faz o que a distância permite...")
15.06.2008 - 15h35min

Bobagem

Amor é coisa pra quem está de férias. 15.06.2008 - 13h09min

Contradições

Meu nome é CONTRADIÇÃO. Se choro, repara, que rio em seguida. Se rio, não te enganes, que a graça encontrei no cio de quem nem sequer conheço mas que me pareceu ridiculamente engraçado. Se sou circunspecta, se te pareço concentrada, não espere que eu esteja digerindo todas as informações recebidas. Nada! Devo estar nalgum lugar distante entediada com a forma cansativa como determinadas falas chegam-me aos ouvidos. Se te digo que sou sossegada, duvida. Sou até certo ponto, mas não pague pra ver. Porque posso ter energia que até a bomba atômica ficaria corada. Uma hora quero, na outra não quero nem saber. Se espero quieta num lugar é porque em outro quero estar. Se me agito e me enturmo e atormento é por não ter absolutamente mais nada pra fazer. E por aí vai. Sou a sapiência em pessoa e a mais ignorante de todos os mortais. Sou amável, carinhosa e feliz e estúpida, grosseira e deprimida. Contradições à parte, sou só mais uma mulher que dança nua na praça esperando que o povo peça bis. 15.06.2008 - 12h15min

Velha história

Não tenho palavras novas nem novos dizeres pra falar tudo o que já foi dito em toda espécie de saberes. Sou inexata e equívoca sou intento e alma vazia não tenho pretensão de nada não tenho razão nem falta de espelho fora de foco ou de espera fora de senso. Nada tenho pra contar que já não saibas ou que já não tenhas ouvido. Talvez um jeito diferente nem assim tão bonito que te prenda mais que um pequeno espaço de tempo, um minuto, um milésimo de segundo, talvez. Depois te irás e nem lembrarás que um dia, nalgum lugar na fina e tênue luz do luar eu te contei uma história que já sabias e parti, pra não lembrar... 15.06.2008 - 12h03min

Direito

Uma das coisas de que não abro mão nem por decreto é do direito de fazer da minha poesia o meu grito. Aos 24 minutos do dia 15.06.2008

Esse tal de amor

Porque é que se fazem poemas de amor? Porque é que há declarações de amor? Porque é que as juras de amor se proliferam feito moscas em dias de insuportável calor? Talvez porque o amor seja essa coisa inconstante meio fugidia, meio rebelde, meio metido a menino, que não sossega nem com calmante. Talvez porque esse bichinho impertinente te faça sentir um tantinho assim mais gente. Talvez porque, afinal, tudo na vida passa, inclusive esse amor que as pessoas acreditam que nada mais é que um etecetera e tal... Aos 22 minutos do dia 15.06.2008

sábado, 14 de junho de 2008

Não cantarei

Eu não quero mais cantar o amor amor não é pra ser cantado sequer vivido; amor é noite escura, é pra ser dormido. Eu não quero mais cantar a paixão paixão é pra ficar quieta, muda, perdida num canto qualquer de solidão. Eu não quero mais cantar o riso riso é soluço que de repente escapa da gente e não tem mais como controlar. E falta de controle é um perigo! Vai que a gente não encontra o caminho de volta e não volta nunca mais? Ah, não. Eu não quero mais cantar o amor a paixão o riso. Eu quero cantar... (... mas, sem eles, o que sobra pra cantar?) 14.06.2008 - 21h48min

Vendedora de mentiras

Escoam entre meus dedos os fios de esperança que um dia acreditei eternos eternidade é um ponto obscuro nalgum lugar perdido de mim; um dia sonhei que o mundo era menos duro que o sol pra todos brilhava que a alegria estava ali, o tempo todo, era só tomar posse. Simples assim. Nada. O sol aquece quem tem amigos influentes. A alegria existe pra quem tem maior habilidade de enganar. Pra quem alcança a maior cota de mentiras estipulada no início do mês, entre os fingidos de plantão. Entre meus dedos, o último fio de esperança insiste em se agarrar à pele quente da minha mão. Mas eu não quero. Eu não creio mais. Num sopetão, me livro dele. Pronto. Agora sou igual. 13.06.2008 - 22h17min

Permanência

Inventei minha própria caricatura cortei todos os meus exageros varri as verdades pra debaixo do tapete e ateei fogo à casa inteira - melhor cortar o mal pela raiz -. Depois virei as costas e parti; não guardei migalhas na lembrança nem ais, nem papéis de chocolate vazios. Não comprei briga com a realidade nem paguei pedágio pra ilusão. Fiz plástica nas cicatrizes todas pra não ter vestígio de dores. Arranquei do peito o coração; dói um pouco, mas dor é coisa que dá e passa. Ando vazia desde então. E descobri que essa é a melhor forma de permanecer... 14.06.2008 - 14h

Inspire

Abra bem os braços
e deixe a poesia entrar; seja mote.
14.06.2008 - 02h31min

Expire

viva 14.06.2008 - 02h28min

Sexo: sucção...

... da alma... 14.06.2008 - 0h49min

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Não escrever

E se eu não quisesse mais escrever? Pra onde iriam meus desabafos meus espalhafatos, meus diários gritos? E se eu não tivesse o papel em branco na minha frente, na escrivaninha do quarto, pra sangrar nele a minha dor, o meu delírio, a espera insana, a arritmia? E se eu só quisesse esquecer como é que se junta as letras e se formam os versos e se formatam poemas assim, dessa forma ligeira, quase sem nem perceber? E se eu não me quisesse mais lida, e de repente fosse sumida sem ninguém mais de mim saber? E se eu descansasse, finalmente descansasse, dessa minha vontade de dizer? Ah, minhas letras viriam sozinhas acostumadas que estavam com a caneta, com as linhas que bordam, que guardam meus sentimentos todos, minhas solidões perdidas nas noites frias em que o orvalho lava a lágrima e a escuridão acena ao riso que não fere a garganta aflita. E se eu aposentasse a pena? Ai, ai, ai... O que seria de mim? 13.06.2008 - 22h37min

Falsidade

Qual é o sorriso que mais te agrada? Espera, deixa eu ver se tenho aqui. Ah, sim, é este, o aberto, que até parece sincero? Sim, é este mesmo que tenho pra te oferecer, hoje, aqui. Não? Queres que eu chore contigo as tuas agruras, os teus delírios, as dores que não pediste? Sim, tenho lágrimas aparentemente sinceras, aqui. E posso até te oferecer um lenço perfumado, bordado com as iniciais de alguém que nem conheço mas que leva o meu nome. É de um abraço que precisas? Tenho de todos os tipos cores, formas e pressões. Nem será necessário fazer força, nem será necessário esperar, nem será necessário questionar. Terei abraços, sorrisos, palavras de consolo, juras de amor eterno se for o caso. É só pedir. Trago tudo aqui... 13.06.2008 - 14h50min

Só mais uma

Decidi. Hoje é meu último dia. Amanhã não existirei mais. Outra pessoa levantará da cama, em meu lugar. Estou exausta. Desisto, hoje, de ser quem eu fui até a presente data. Sempre fui diferente. Sempre joguei limpo. Sempre fui sincera. Contei quem eu era. Nunca experimentei uma máscara. Não sei que peso elas têm (talvez até sejam confortáveis!). Pois cansei de não encontrar lugar pra mim. Cansei de ser diferente. Cansei de ser apenas quem eu era. E não serei mais. Hoje é meu último dia. Amanhã não existirei mais. Amanhecerei mudada. Mascarada. Dissimulada. Fingida. Mentirosa. Assim pode até ser que eu tenha dificuldade de encontrar um lugar pra mim, posto estarem praticamente todos ocupados, mas serei apenas mais uma entre os milhares e milhares e milhares de outros seres com o dito perfil. Não consegui pagar o preço altíssimo cobrado de quem não finge. Não tive meios de sobreviver sozinha. Não dormi bem, a despeito da minha consciência tranqüila. Não fui mais feliz por ser mais sincera. Não tive mais sorte por não mentir. Não respirei aliviada por estar com a cara limpa. Máscaras. Hoje gastarei o dia escolhendo, separando e preparando um belo estoque de máscaras para todas as ocasiões. Ensaiarei as mentiras mais convincentes, os sorrisos mais cínicos e os mehores fingimentos da praça. Tive ótimos exemplos até agora. Sou inteligente (aliás, devo fingir burrice, também, a partir de amanhã, mas hoje ainda posso admitir esse traço pouco valorizado no mundo), e sei bem quais são as formas de mentir, enganar, ludibriar, iludir, dissimular e todos os verbos considerados mais sensacionais e muito usados por esse mundo das pessoas (de Deus é que não é). Respirarei fundo, amanhã, e sairei à rua, com minhas máscaras tinindo de novas. Exibirei todas elas. Distribuirei falsidades de todas as formas, cores, jeitos e tamanhos. E dormirei, finalmente, em paz. Hoje é meu último dia. Amanhã, no meu lugar, uma mentira andará pelas ruas e responderá quando chamarem o meu nome. Porque eu não existirei mais. Terei morrido esta noite, de pura exaustão... 13.06.2008 - 14h

Amanhã?

E hoje foi só mais um dia depois da noite escura que manchou a face da vida hoje foi só mais um dia. Ontem esvaiu-se na lembrança ficou pra trás, depois da curva e não recebe mais visitas. Hoje escorrendo-me das mãos os risos se perdendo o brilho se apagando o som dos passos se distanciando. Hoje escorre-me das mãos... Só mais um dia. Até que o amanhã nasça pra começar tudo outra vez... Aos 15 minutos de 13.06.2008Um novo dia...

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Dedicatória

É notável a forma como carregas na aura todas as cores de que gosto o suave permanecer ao lado como se nunca te afastasses como se me acompanhasses o tempo todo leve sombra pairando sobre mim protegendo-me dos raios nocivos não do sol, mas dos medos e turbulências de uma vida que a gente não tem como prever. Ao longo desses meses tens permanecido sempre o mesmo sempre disposto a me ouvir sempre presente, constante. Nenhuma mudança. Nenhuma contradição. Se dizes que és, confirmas por atos. Manténs exatamente o mesmo perfil, deixando que eu te conheça aos poucos, mostrando teus lados lentamente sem nunca abandonar o cara que eu conheci. Doce, de uma doçura quase infantil. Seguro, de uma segurança tão firme e tão madura, que extrapola a tua idade. Tu és mais do que aquele cara em quem eu penso durante o dia e com quem adoro estar. Tu és mais do que aquele cara que entrou devagar na minha vida e eu pensei que não fosse ficar. Mas ficaste. E estás até agora. A despeito de tudo... A despeito de mim... Hoje não é só mais um dia; hoje é outro dia em que te vejo na rua, em que te ouço na rua, em que quero te encontrar. Não é uma data especial pra nós. A minha data contigo é sempre. A minha data contigo começou há meses. A minha data contigo permanecerá. 12.06.2008 - 23h21min *Tu sabes que é pra TI!

Ampulheta

Tempo: um estalo. 12.06.2008 - 03h29min

Efeméride


O frágil fio da vida.









12.06.2008 - 03h15min

*Para minha mãe, que bravamente

resiste, equilibrando-se sobre O fio.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Gentes

... será que alguém consegue conhecer a gente? será que a gente conhece a gente? não será a gente um grande mistério inclusive pra gente? Quanta gente cabe na gente? Quanta lágrima a gente é capaz de ainda derrubar? Quanta cinza nos anuvia o olhar? De quantas dores se faz uma gente? De quantas gentes se faz uma dor inesquecível? Sentado não se vai mesmo a lugar algum? Sempre que se anda, se está buscando algum destino? Uma seca pressente a chegada da chuva? Uma chuva sente prazer em aliviar a dor da seca? Tudo isso acontece com a gente ou a gente é que acontece em tudo isso? Alguém conhece a gente? A gente conhece alguém? A gente conhece a gente? Quanto da gente há na gente? Quanto de outras gentes há na gente? Quanto da gente há em outras gentes? A gente se confunde com a gente? As gentes se confundem com a gente? A gente se confunde com as gentes? A gente permite outras gentes na gente? As gentes permitem que a gente seja gente? Urge que sejamos mais gente! 10.06.2008 - 23h

Frio lá fora, calor cá dentro

Teu beijo com chocolate churrasco, mel, pinhão e café quente no frio do inverno que enregela a gente mas que nutre e anima a alma. E nós dois sem importar a temperatura negativa, ou ainda que ela importe escolhemos estar juntos enrolados em outro calor o de dentro. O da tua mão forte que firme segura a minha. O da tua mão firme que forte prende a minha. O da tua mão quente que aquece a minha. 10.06.2008 - 22h30min

Dia após dia

Formamos um vínculo difícil de romper. Somando as horas juntos dá quase uma vida posto que a vida é um conceito muito particular. Esvaindo nos minutos as distâncias entre nós. E meus dedos relutam sempre que é preciso que se desprendam dos teus. E meus medos relutam sempre que eu penso que ainda não dissemos 'adeus'. Não consigo não ter notícias tuas. Não consigo deixar de te falar. Não consigo evitar de fazer minhas as risadas que tu dás. Afinal, se me dás, são minhas! E rimos juntos, devagar. Divagar é sonhar contigo; viver é saber que estás... 10.06.2008 - 21h01min (PRA TI, PORQUE ESTÁS!)

Lumina

De olhos abertos atentamente sondo o que há de vir. Nos indícios que deixas perdidos entre os silêncios - mais longos que meu desejo menos quietos que gostarias - encontro brechas de luz lilás. Acendo as centelhas de um calor que se diverte em me fugir. Recruto vagalumes aos milhares com sua luz amarelada piscante pra salpicar de beijos a escuridão da noite e florestar de cor a imensidão dessa mesma noite que me abraça sem trégua sem dó nem piedade sem misericórdia de mim. Quero florir o instante em que te vejo jardim de lua e prazer encanto de história lida beleza de amor pra trazer pra dentro da alma acesa e rir da lua, coitada, que não tem a sorte nem a bênção de poder ouvir essa tua risada. 10.06.2008 - 20h08min

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Presente

Neste dia dos namorados
meu peito em versos
pra guardares por mil anos...
09.06.2008 - 23h30min

Do amor III

Que amar seja todos os dias. Extrapole a data, a distância, o medo, a miséria, a inveja, o cinismo, a cobrança, a lembrança do último amor, a dor da última dor, a saudade do que não restou, a descrença e até a bonança. Que amar sempre valha a pena. E esteja em primeiro lugar no rol das coisas que nos são mais caras. Que amar seja jóia rara. Que amar seja amar e amar e amar e amar té que amanheça a vida com coração de criança.... 09.06.2008 - 22h10min

Saudade...

Essa pessoa que entra todos os dias
na longa fila da saudade
sou eu.
09.06.2008 - 22h

Não ter namorado



Não dar as mãos
não andar lado a lado
não rir junto
não chorar abraçado.
Não dividir as dúvidas
não sonhar acordado
não sofrer antecipado.
Não sentir saudade
não gastar dinheiro
não beijar na boca
não arrepiar o corpo inteiro.

Tem coisa mais sem graça
que não ter namorado?






09.06.2008 - 20h08min

Necessidade

Eu preciso dessas risadas soltas desses assuntos sem compromisso dessas horas a fio de companhia alegre. Eu preciso desses momentos leves em que o pensamento não dói em que o coração descansa do peso de sempre, da saudade contida, da impressão constante de solidão iminente. Mas eu também preciso da sensação de segurança, da certeza de que se sabe o que se quer, de algumas convenções, da esperança. Eu preciso da conversa séria, do despir-se da casca da inconsequência, do olho-no-olho, do momento de dentro. Eu preciso de tudo o que as horas que tenho contigo tiverem pra me oferecer. Por que na verdade o que eu preciso mesmo é de ti... 09.06.2008- 19h57min

Miragem

E a gente acredita ter encontrado o amor
assim, meio sem pretensão, meio distraído,
atravessando uma rua qualquer, sem olhar para o lado,
sem olhar para cima, nem pra frente sequer;
olhar parado, longe de tudo, de repente se foca
e a gente jura que viu o amor.
Só que não era ele, na verdade.
Era miragem, absorta que ia tu'alma
nos sonhos da madrugada que ficou pra trás.
Não era o amor.
Era só uma miragem
que aproveitou a carona da amizade
e confundiu teus olhos
acostumados que estavam
co'a nublada sensação de que um dia
(um dia, talvez, quem sabe)
ainda haverá de acontecer...
Ou não...
09.06.2008 - 19h04min

domingo, 8 de junho de 2008

CITAÇÃO PARA PENSAR

Cirurgia de lipoaspiração?
Pelo amor de Deus, eu não quero usar nada, nem ninguém, nem falar do que não sei, nem procurar culpados, nem acusar ou apontar pessoas, mas ninguém está percebendo que toda essa busca insana pela estética ideal é muito menos lipo-as e muito mais piração?
Uma coisa é saúde, outra é obsessão. O mundo pirou, enlouqueceu. Hoje, Deus é auto imagem.
Religião, é dieta. Fé, só na estética. Ritual é malhação.
Amor é cafona, sinceridade é careta, pudor é ridículo, sentimento é bobagem.
Gordura é pecado mortal. Ruga é contravenção. Roubar pode, envelhecer não. Estria é caso de polícia. Celulite é falta de educação. Filho da puta bem sucedido é exemplo de sucesso.
A máxima moderna é uma só: pagando bem, que mal tem?
A sociedade consumidora, a que tem dinheiro, a que produz, não pensa em mais nada além da imagem, imagem, imagem, imagem. Imagem, estética, medidas, beleza. Nada mais importa. Não importam os sentimentos, não importa a cultura, a sabedoria, o relacionamento, a amizade, a ajuda, nada mais importa.
Não importa o outro, o coletivo. Jovens não têm mais fé, nem idealismo, nem posição política. Adultos perdem o senso em busca da juventude fabricada.
Ok, eu também quero me sentir bem, quero caber nas roupas, quero ficar legal, quero caminhar, correr, viver muito, ter uma aparência legal, mas...
Uma sociedade de adolescentes anoréxicas e bulímicas, de jovens lipoaspirados,turbinados, aos vinte anos não é natural. Não é, não pode ser. Que as pessoas discutam o assunto. Que alguém acorde. Que o mundo mude.
Que eu me acalme. Que o amor sobreviva.
Cuide bem do seu amor, seja ele quem for.
Herbert Vianna - Cantor e compositor
08.06.2008 - 18h22min
*Não costumo e não gosto de colocar aqui textos de terceiros.
No entanto, ao receber esse por mail, de uma amiga muito querida,
quis compartilhar com o máximo de pessoas possível.
Não encontrei outro meio além desse. Afinal, o que eu mais quero
é que o amor sobreviva....

Namorar

Namorar é costurar as veias embrutecidas da solidão é soltar as amarras da amargura aspirar o perfume da ilusão. Namorar é pressentir o medo e não se importar com ele, é rir até às lágrimas, é beijar até perder o fôlego. Namorar é contar bobagens e cantar amores e flores e pedaços de canções quebradas que a gente ouviu por aí e que grudou na gente, carrapato de saudade. Namorar é andar de mãos dadas e dar-se sem reservas como quem não mora mais em si. Namorar é fitar longamente os poros do objeto digno do nosso amor; é passear detidamente pelas entranhas do objeto digno do nosso amor; é enlaçar, lamber, mordiscar a geografia do objeto digno do nosso amor. Namorar é encantar-se e encantar é catar os pedaços da gente que andaram espalhados por aí, juntar tudo e se admirar de como pode recompor um peito o poder do amor. Namorar é ficar junto, mesmo que distante. É rir sozinho, quando o outro aparecer de repente, na lembrança, feito grilo falante, feito doce de criança. Namorar é mergulhar fundo e voltar à tona, não por falta de ar mas por excesso de gostar. É ter sempre um céu azul sobre a gente. É ter, em noite de tempestade, um particular luar. 08.06.2008 - 03h38min

Sonho - Um conto

Ela entrou em casa. Trancou a porta, como sempre. Não poderia deixá-la só encostada, ela, uma mulher sozinha.
Olhou para o ambiente que a cercava. Apartamento pequeno, predominantemente branco (pra não cansar, ela dissera, enquanto cobria a pintura alaranjada das paredes, com tinta branca perfumada), decoração alegre, almofadas coloridas. As cortinas de 'voil' balançavam levemente, dança provocada por um fio de vento que insistia em passar por uma pequena fresta da janela fechada. O quadro com as mulheres sem rosto, obra dela mesma, era a única coisa que enfeitava a parede. Televisão desligada, som mudo. Não costumava ficar sem música. Escolheu um CD: coletânea do melhor da MPB.
Na cozinha, um vaso com flores do campo, suas preferidas. Não tinham perfume, mas coloriam e alegravam a cozinha também branca (pra não cansar, ela dissera, enquanto tratava de organizar os utensílios, instalar o gás, ligar a geladeira, pendurar os armários aéreos).
O quarto, sempre com as janelas abertas, exalava um frescor quase primaveril. Era ali que sua vida descansava. Quando descansava. Todo branco (pra não cansar, dissera ela, enquanto montava os guarda-roupas e colocava as lâmpadas nas luminárias), dava uma sensação de maciez, quase de nuvem, na cama coberta por um grosso edredom estampado de delicadas e pequenas flores vermelhas, sobre ele, os travesseiros macios.
Incenso de cinamomo por todo o espaço. Mesmo apagado, exalava um perfume leve, que a fazia descansar.
Começou a preparar a janta, arrumou a mesa, atendeu ao telefone. Era Marília, lembrando do jantar na casa de Eduardo. Tinha esquecido completamente. Guardou os ingredientes da jantinha gostosa que iria fazer. Eduardo era melhor cozinheiro, e o jantar seria delicioso, com certeza.
Um banho, creme, secador de cabelo, delineador nos olhos (não gostava de muita maquiagem, nem precisava), batom cor de boca, a sandália de salto agulha que ela adorava, vestido. Ligou para o táxi. Desceu pelas escadas. Estava sem paciência para esperar o elevador.
Na rua, o táxi esperava. Não se atrasou. Nunca se atrasava para nada, embora esquecesse de muitos compromissos, principalmente se fossem referentes a documentos. Aí era um desastre. Mas não era o caso dessa noite. Aliás, o jantar foi esplêndido, Marília e Eduardo eram ótimos amigos. Riram muito, falaram da vida, choraram até...
Eduardo e ela levaram Marília para casa, depois ele quis acompanhá-la também. Já era tarde. Ela aceitou.
Subiram, tomaram um café que ele fez questão de preparar, e ela adorou o agrado. Riram muito, ainda. Eduardo fazia caretas como ninguém. Conhecia bandas das quais ela nunca tinha ouvido falar, mas eram interessantes.
Depois ele foi embora, querendo não ir.
Depois ela deixou que ele fosse, querendo que ficasse.
Já na cama, pensou no quanto seria bom permitir-se ser protegida, cuidada, paparicada. As paredes pintadas por ela estavam ali. Os armários montados por ela estavam ali. As cortinas colocadas por ela estavam ali. O chuveiro, o gás, as lâmpadas, estavam todos ali. E só o que ela queria era o direito de ser frágil.
Foi seu último pensamento, antes de adormecer.
08.06.2008 - 0h41min

sábado, 7 de junho de 2008

Sonho - um poema

Eu queria o direito de ser frágil não precisava ser pra sempre não precisava ser de um jeito que me impedisse a independência. Eu queria o direito de ser frágil de não ter que parecer a dona da situação, do meu nariz, da minha vida - o tempo todo, intermitentemente -. Eu queria o direito de ser frágil ao menos uma única vez, pra poder dizer: Eu preciso de ti! E não sentir que isso me expõe negativamente. Cristal partido em mil pedaços a minha fragilidade, contra a parede da sala. Pra eu mesma me dar o direito de ser ela, até que esse cristal se recomponha e eu tenha que voltar a ser só eu mesma: rocha forte; porto seguro. 07.06.2008 - 22h30min

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Símbolos

Esses meus versos soltos que ninguém mais pode entender, são pedaços do tanto que eu ouço o meu coração, por ti bater. As frases quebradas, de muletas, meio canhotas, quase mantras, são partículas do sangue que me aquece e que responde, quando a mente repete o teu nome. E ela repete. O tempo todo. O dia todo. Tudo. 06.06.2008 - 22h42min

Ou sim?

Evito o canto do que de certo há
na inexata medida do erro
na descoberta imprecisa daquilo que não virá
(ou sim).
Esqueço os cantos dos espaços
em que os acentos são traçados
das poesias jamais escritas por alheios
que nunca estiveram lá
(ou sim).
Desautorizo as assinaturas,
as envergaduras, os folderes,
as resenhas, as bolsas fechadas
que jamais duvidariam da minha inteligência
(ou sim).
E desisto e duvido e caio fora
de tudo o que não me agrada
(ou sim).
Acordo depois ou nunca mais
(ou sim)...
06.06.2008 - 22h32min

Ou não?

Eu canto o que de incerto há
na desmedida ânsia do acerto
no enigma daquilo que virá
(ou não).
Sublinho os cantos dos espaços
em que os acentos são traços
das poesias de terceiros
que sequer passaram por lá
(ou não).
Legitimo as assinaturas todas,
as envergaduras, os folhetos,
os resumos, os envelopes lacrados,
os trabalhos perdidos
que atestam a minha ignorância dos fatos
(ou não).
E insisto e acredito e invisto
naquilo que se anuncia já amadurecido
(ou não).
Adormeço depois ou nunca mais
(ou não)...
06.06.20085 - 22h24min

Característica


Os plurais
as escadas
alguns poucos verbos
são marcas minhas
perfis de escritas soltas
penduradas nos varais da vida.
Algumas vezes sou maluca
outras vezes centrada demais;
os extremos me atraem
ando sempre à beira do cais.
O caos me concentra
na infinitude das horas
em que espalho algodões
embebidos de mel
e ofereço meus ouvidos
às canções da tua boca quente.
Vasculho os bolsos da poesia
embriago teus olhos com meus versos
e me retiro.

Sei que a mim, desde sempre, é reservado
o vácuo do instante


que passa...





06.06.2008 -20h45min

Confusão

Ansiar é não-morrer as portas arrancadas dos umbrais os freios, equilíbrios, vendavais estremecem nas curvas do tempo que inexiste, que embriaga a perda e sustenta a pedra da gruta da vida, que se esvai por vias tortas. Os ruídos atrapalham os princípios e as telhas se desprendem suporte frágil dos dias de sol. Assistir é não-sofrer o desfile das horas impróprias na provável carne dura. São cruas as experiências conflitantes são curvas as excelências dissonantes são cruéis as insistências difamantes são minhas são tuas as marcas dos pés molhados nos limites que separam o que fomos do que haveremos de ser... 19.05.2008
(Este poema fazia parte de um projeto
que foi abortado. Um aborto na folha em branco.
Mancha de sangue. Vida escorrida na escuridão.
Agora é madrugada. 04h06min do dia 06.06.2008
e aconteceu o fato)

Possibilidade

E todos os poemas que ficaram velhos de não ver as folhas, esquecidos que estavam nas gavetas emperradas de sentires igualmente de lado deixados? E todos os versos expostos que foram lapidados com orgulho cuidados e alinhados um a um feito trabalho de ourives? E todos os rebuscados verbos que expressavam a dor, a saudade, a paixão de momentos que se foram, ou que tarde já vão, de momentos que marcaram e que ficarão? E todas as linhas, caprichosamente estendidas na sequência das horas em que derrubaram as escoras e os temores e os absurdos cansaços que jamais representaram fracassos? E as noites insones, os litros de tinta derramados no papel amassado molhado de lágrimas que não poderiam de jeito nenhum, de jeito maneira, ser derrubadas diante de testemunhas neutras que fossem? E os risos que não se desprendem dos vocábulos estreitados pelas descrições imperfeitas porque perfeitos só os sons deles proferidos por ti. E nós...nós, que já fomos, que já voltamos, que agora estamos sós. E nós... aqui, sem remédio, sem licença, sem lembrança que impeça a crença de que sim nós somos possíveis. E mesmo que não fôssemos... Seríamos.... 06.06.2008 - 01h51min

Do amor II

O amor é uma coisa mágica... faz horrores com a gente... vira do avesso, transforma em outra coisa, dá vontade de chorar do nada, dá vontade de rir do nada, dá vontade de nada além de ficar com a pessoa escolhida. O amor faz coisas que até o amor duvida. O amor é bálsamo pras dores, tal qual a poesia. Mas o que seria da poesia sem os amores? E deles, sem os versos inspirados no perfume que exalam as flores do objeto amado? Ah, que nada... Amor é acompanhado de dor e sofrimento. E a gente aguenta. E a gente pede bis porque é sempre muito bom ser feliz... 06.06.2008 - 01h30min

Do amor

O amor é o que há de melhor na vida. Sem ele, a gente seca... 06.06.2008 - 01h

A fila que anda

...e quando a gente tem pressa? Parece que a fila é imensa. Parece que a pressa faz fila na soleira da porta de saída, tem pressa de vida, a fila da vida, que anda, que anda, que anda, mas que também às vezes... desanda.... 05.06.2008 -19h30min

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Descartáveis


As sombrinhas que não protegem são descartadas...
As pessoas que não protegem, descartamos?

As pessoas que não descartamos são protegidas?

Aliás, são descartáveis as pessoas?

Precisarão elas de proteção?

















05.06.2008 - 21h

Fatos


Guardam as asas os anjos
escondem auréolas os santos
interrompem silêncios os risos
preenchem espaços os olhares.

É assim com a gente.
É disso que eu preciso.




05.06.2008 - 18h21min

Encontros não-marcados

Sei de ti no conta-gotas das horas a fio em que sentamos juntos e dividimos as vidas no limite do espaço reservado pra nós até agora. Conservo tua companhia comigo teus gestos, tuas entrelinhas, todas as palavras que deixaste de dizer todas as delícias que deixei de te falar. Não marcamos nada. Voluntariamente te procuram minhas vontades. Tuas histórias voluntariamente vêm a mim. E te encontro nas ruas, nos ônibus, nos restos de conversas que escorrem de terceiros. E te encontro no último fio de sol deste dia, e no primeiro de amanhã. E te encontro na canção que eu não conhecia e na que tenho mais que internalizada, na que corre pelas minhas veias, purpúreo rio pulsante de bem-estar contigo. E te encontro nas memórias do que ainda não vivi e nas minhas mais recentes preciosidades. Não marcamos nada. Lentamente desfiamos o instante, como quem o encontra pela primeira vez. Teu nervosismo me diverte. Minha alegria te chama pra mais perto. Não perdemos o rastro um do outro. Escreves. Entendo. Falo. Entendes. Estendemos, juntos, o tapete vermelho. Lançamos, juntos, o laço brilhante. Juntos, nos afastamos a contra gosto do conta-gotas e contamos os minutos que faltam para o que nunca marcamos. Nem precisaria.... 05.06.2008 - 18h15min (Pq penso em tudo o que não marcamos. O tempo todo.)

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Breve,breve....

Comungo com tua saliva no berço preparado para tal melodia de ruídos conhecidos recheados de novidades e afins afunilo o horizonte e estremeço parecem gaivotas esses teus olhos que voam, lânguidos, sobre mim. Aos 38min do dia 04.06.2008

Ciúme pontuado

não tenho ciúme do que não tive do que não chegou a mim do que não tocou minh'alma do que não me confortou do que não me fez sonhar não tenho ciúme do que foi maiúsculo mas não esteve aqui do que foi sensível mas não tocou aqui do que foi verdade mas não se fez real não tenho ciúme do que busquei e não tive, pelas razões que forem do que quis e não alcancei pelas razões que forem do que desejei e não provei pelas razões que forem não tenho ciúme nem do que tive porque, se tive, fui feliz e felicidade não dá tempo pro sofrimento se instalar e fazer morada permanente não tenho ciúme dos meus pontos das minhas vírgulas das minhas reticências invadidas pelo olhar alheio elas estão aqui devoradas ou não apreciadas ou não discutidas ou não ainda estão aqui como esses teus olhos escuros que não desviam dos meus e que não me permitem o ciúme e nunca me dizem adeus Aos 34 minutos do dia 04.06.2008

Brinde

Um sim um brinde uma lágrima no copo de cristal. Escorre solta despede-se o soluço prende voluntariamente... Escoras derretidas soluções imprevistas um vão na estrada um fogo na escada que vai adiante sem perguntar a razão. Um brinde cego exercício degustado com precisão. A lágrima perdida não-vista não-lembrada não-sofrida de novo outra vez. A fome certa saciada. Equilíbrio no espaço aberto liberto de frentes ou de luvas nas calçadas. Período ganho em vertigem de publicação de letras em piercings invisíveis condições pra estarmos felizes. Nós dois. Aos 23 minutos do dia 4 de junho de 2008

terça-feira, 3 de junho de 2008

Temperatura

Febre. É de febre minha noite por detrás das cortinas debaixo do capuz negro que esconde os olhos que me vêem. Febre. Testa quente, calafrio na espinha. Arrepio constante, incômoda dor. São travessões no meu ninho escurecido de quedas... Febre. . . . 03.06.2008 - 23h46min

Medidas

Quantos anos têm os dias? Quais supostos enganos aguardam nas ruas? Como se conta o tempo não vivido? Como se encontra o prazo não vencido? Quantos passos até teus olhos? Onde a razão do encantamento? Até onde a coragem? Quantas melodias guarda uma voz? Quantas loucuras ainda terão vez? De quantas declarações de amor se faz um riso? A alegria é um estado ou uma situação? Nó mais solto amarra mais? Seriedade assusta? Quais motivos são suficientes para romper sólidos vínculos? É mais feliz quem ama mais? Qual é o preço de um abraço sincero? Quanto te custa a distância? Que peso têm tuas mãos na minha pele? É teu coração que vê, ou será tua obra? São teus sonhos as algemas que prendem os meus? A luta diária te aumenta o fôlego? O fôlego da luta, aumenta teus dias? Vinte horas apagam 20 anos? Quem nasceu antes: eu ou o teu encanto? Quantos quilômetros estendem as estradas que te guiam? É absurdo um começo sem haver? Quantas lágrimas, antes que a fonte seque? Quantas secas, antes que a esperança nasça? Que diferenças guardam 20 anos? Que planos aguardam os panos da rede lilás? Onde o calor da estrela? Quantas diferenças revelam semelhanças importantes? De quanta proteção precisa um anjo? Distância é atitude ou escolha? A medida exata da vida. Existirá? 03.06.2008 - 18h20min

Tanto querer

E o tanto que eu te quis
entre as linhas e os risos
e os parêntesis que abriste
entregues na letra de uma única
canção.
E o tanto que desejei o tato
o olfato o perfume a flor
entre os rabiscos e decências
das tuas presenças
das tuas conversas
das frestas abertas
nos pareceres expostos
nas ruas das rugas
dos cantos dos meus olhos.
E o tanto que busquei o fato
de ser só tua e te querer só meu
entre as fendas da história
que condena mulheres como eu.
E o tanto que sofri em silêncio
por me ter sido negado
o direito a esse mesmo silêncio
o direito ao legado
da minha condição.
Não consegui.
E te quis.
Eu
te
K
I
S
S
.
03.06.2008 - 01h35min

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Dispensa

Desfio palavras múltiplas levianamente lançadas ao léu. Voam soltas as carapuças vocabulares entre tempestades e interrogações intermináveis construções frasais que soam verdadeiramente melodiosas encantadoramente hipnóticas no que há de melhor entre nós: o entendimento, além delas, as palavras... 02.05.2008 - 20h26min

domingo, 1 de junho de 2008

Constatação

Sem sombra de dúvida o mundo não dá mais voltas; qual pêndulo, balança suavemente entre as prosas e as canções entoadas por artistas anônimos maquiados de surpresa e solidão. As pressas são presas dos preços pagos por milhares de ouvintes que se apertam entre os presentes e encobrem suas dores e dúvidas com plumas de algodão doce azul. Pretende-se que o dia amanheça. Sonha-se com mãos dadas e lentos passos seguros. Convida-se ao delírio da vida onde espectador também é ator também é juiz, também é a parte ferida. Onde não se tem divisões ou cantigas que liberem qualquer da festa da diária festa escolhida. Sem dúvida, sem sombra, sem volta. Os dias com sol, nublados ou estreitos são compromissos que assumimos entre sorrisos e gemidos entre desejos e concursos entre saudades e tormentos. E é bom que seja assim. Aos 7 minutos do dia 02.06.2008

Realidade

A primeira boa impressão não se desfaz em vídeo antigo reafirmada na fragilidade exposta do peito largo que se abre e aposta na partitura do mantra sagrado no violão de Vinícius, no piano de Jobim, na voz de Chico, nas histórias afins, embaladas pelas canções de sempre embrulhadas em vistoso papel de presente como só a saudade é capaz de fazer. Reconhecer os passos já dados nas pegadas dos risos deixados pra trás e sentir-se absurdamente novo diferente, estável e preciso como só o tempo é capaz de mostrar. E encontrar numa curva qualquer a letra-metralhadora-palavra-mulher e saber que o colo existe independente da temperatura ambiente do gelo, do suor, do trabalho, independente do que houve, do que gerou, do que deteve, independente de hoje não haver de ontem já ter sido do amanhã entrecortado de paralelepípedos. Tanto faz! A vontade de estar é voraz. A vontade de acompanhar é voraz. É voraz a vontade de SER. Impressão impressa n'alma protegida por luvas coloridas estampada de beijo com sorvete. *Porque a primeira boa impressão é que fica não adianta tentar me provar o contrário, ok? 01.05.2008 - 01h50min