domingo, 31 de agosto de 2008

Gira-mundo...

Nada gira e ao mesmo tempo tudo volta.
Será porque o mundo é redondo
- se é que é redondo mesmo... -,
que a gente tem essa impressão
de gira(sol)?
30.08.2008
*Comentário para a frase AGORA EU FIQUEI EM DÚVIDA...
do incomparável MSanttos

sábado, 30 de agosto de 2008

Evet

Tenho sentido asas nas minhas raízes.
Na borra do kahve li meu desvio;
desvario no cheiro de koyu çay
enquanto rolo entre meus dedos
um boncuk nazar, de vidro.
Divido minhas sensações
as reprimendas se multiplicam
as soluções já não são.
Lá se vão as horas aflitas
na busca da palavra exata que defina
o que se quer dizer, sem voltas.
Arrisco?
Evet?
Hayir?
30.08.2008 - 23h55min

No fim da história...

... a gente precisa do começo...
30.08.2008 - madrugada
(...conversando com Adrebal)

Prisão

... talvez seja um conjunto de coisas que nos aprisionam...
O tempo, sim, o medo, sim, o dinheiro, sim, a insegurança, sim, as raízes, a acomodação, o sossego, os outros, a gente mesmo... enfim. Há que se lutar contra tudo isso caso contrário a prisão nossas pernas quebrará vendará nossos olhos venderá nossos trocados varrerá pra longe de nós a ousadia necessária pra viver... E eu tenho tanto medo, às vezes... de estar só mas eu SOU só nem o medo me acompanha nem a mim, nem a ninguém. Somos todos sós; e temer é quase condição sine qua non pra sobreviver... Mas eu não quero estar só mas eu não quero sobreviver mas eu não quero sub-viver mas eu não quero sofrer mas eu só quero VIVER!
... meus olhos usam óculos...
e eu não sei o que sentir...
e eu não sei o que vou ver...
30.08.2008 - 18h

I believe I can fly!

Tenho asas cor de céu
e as alturas conheço bem.
Tenho íris cor de mel
espero a chuva, vou além...
O horizonte alcanço fácil
transito entre nuvens
algodão doce, colorido,
despido de intervalos
ou tempestades.
Vôo.
Conquisto o infinito
nos teus braços
de proteção.
Vôo.
Estreito o abraço
domino o véu
comprimo o laço
espanto o fel...
30.08.2008 - 16h55min

Enquanto espero...

... enquanto espero
... escrevo enquanto espero
... enquanto escrevo, também espero
... espero, e, por enquanto, escrevo
... escrevo pra esperar ou espero pra escrever?
talvez eu goste mesmo é da espera...
talvez eu espere a palavra certa
pingar na minha veia
... e isso é só mais um poema
perdido no meio da minha espera...
30.08.2008 - Madrugada de espera... Mais uma...

Descoberta

Descobri hoje, meio de repente, que eu fico acordada à noite,
e durmo no meu próprio silêncio do dia.
30.08.2008 - 0h48min

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Prefixo...

Desafinamos nessa nossa canção
desafiamos o entendimento?
desentendemos o desafio?
desfiamos a meta primeira?
Talvez só tenhamos desorganizado
a desordenada chama que nos impele
o próximo passo.
O próximo passo. Haverá?
28.08.2008 - 23h

Adeus*

Despedidas são dores. Adeus tem gosto de sal. E o sol se esconde, pra chorar lágrimas quentes, nesse anúncio de primavera descolorida. As flores demoram mais pra abrir e o brilho da vida parece perder um pouco da intensidade. Adeus tem gosto de saudade, tem um quê que não se sabe se é de barro ou perfume suave. Despedidas são cores em tom pastel. Liláses, talvez? Talvez... Ou quase... Mas tudo, subitamente, tem gosto de sal... de sol... de solidão... 28.08.2008 - 14h28min *Comentário para o poema ADEUS, de Ibrahim Zukr

Segundinho

Shhhhhhh... Não diz, não. Encontrar não é a solução. Esconder é precioso. Espreitar a cura pela poesia, pela beleza do teu verso tratado a pão de ló, ou de dó, ré, mi, sei lá... o FÁto só(l) se revela no interesse da busca, não na busca em SI. Canta, poeta, que eu quero ouvir... *Comentário para o poema TIMBRE, do maestro Segundinho 27.08.2008 - 01h21min

Imagem

O poema mais perfeito que já escrevi: ALINA.*
My poem perfect: ALINA
28.08.2008 -14h35min
*Imagem da tarde de hoje

Eterno, enquanto dure

E a duração é eterna se a eternidade for a medida das ternuras que te aguardam. Terno é o aconchego da madrugada. Ternos são teus versos que me assombram e não se despedem deveras.... Que seja eterno, infinito, grandiloquente, o laço que te prende e que te solta enquanto esperas, enquanto pressentes, enquanto destacas a farsa ouvida como verdade: "Que seja eterno, enquanto dure". Pois que dure toda uma eternidade. Nossa mais terna eternidade... 28.08.2008 - 14h15min

Saudosismo*

Dista. Bem dito o que dista distância que não dita distúrbio de ausência. Diz tu dessa tal saudade que saúda a idade que desdiz a crença de que a distância tudo muda de que emudece a confiança de que insandece justo o que dista. Dita a distância nos dedos da saudade... Bem dita saudade que saúda a bonança... 28.08.2008 - 01h20min *Comentário para o texto SAUDOSISMO, de GitanoAndaluz (Valeu, Gitano, obrigada pelo mote... Bjs)

Átilla

Nome de deus grego
riso de bom menino
cultura que desconheço
distância que nem imagino.
Pra que lado fica a Turquia?
Quantos quilômetros pra chegar?
Quantas xícaras de chá até lá?
E a fábrica maquina o laço
da inusitada amizade
nascida nessa tal globalização.
Tu me vês tão louca
'You are crazy'
eu te vejo tão lindo
toda frase é pouca
todo 'evet' vindo.
Have a nice day.
Masaallah!
Kisses for you, my friend!
28.08.2008 - 0h15min

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Decisão

Aboli os saltos altos. Doei meus sapatos. Optei pelo conforto. O próximo passo? As peças íntimas. Depois? Despirei as vestes todas, mudarei para uma colônia naturista. SEREI-a... (Vem comigo?) 26.08.2008 - 16h

De mãos dadas

Desconto a falta do ponto final no texto que jamais escreverei. Essa ruga que me corta a testa há anos colou em mim. Antes que eu me dê conta, uma vírgula tropeçará na linha das horas. E eu já não serei mais eu... Nenhuma oração impede o destino. Imponho minhas escolhas como se as tivesse, de fato. Afasto a mudez da transcendência e reconheço, em certo grau, inda ser menina. Quero colo. Tenho colo pra oferecer. Avalio as conclusões da primeira quarentena e descubro ter alcançado mais do que desejei. As rimas pobres me atraem as miseráveis me apaixonam. Quero todas as escadarias na minha casa degraus pra onde não sei degradês de versos tolos que vertem dos vôos que não fiz. Que jamais farei. Milagre é a minha caneta riscar sabores nessa página manchada de tinta incolor. Acomodo as pernas sobre a cadeira e faço deste o meu mundo, longe dos tapetes persas e dos moribundos marimbondos e suas vespas. Decido que minha trilha sonora diária será essa tua voz de música. Não amasso o pão já amassado da noite; compro drops de hortelã e não chupo nenhum é o teu gosto que eu procuro no barulho das ruas do centro da cidade que borbulha. Poesia é desabafo de paixão. Assombração que persegue a ciência que nos confunde. Não quero verdades inexistentes. Não quero a morte disfarçada de erudição, muito menos de fidelidade fingida. Prefiro um 'nóis vai sê vencedô' enquanto tiro o corpo da roupa e banho a pele despida de pêlos. Sou raíz exposta às intempéries e todas as possibilidades me são prováveis. Ou não... Ou não... 26.08.2008 - 15h02min

Êxito

A sala vazia aguarda um movimento que o ponteiro do relógio trará. Alimento a corda que passa tique-taqueando devagar. Espalho estudos de nada no vácuo escuro. Recuo. Encontro facas pelo caminho e as perguntas não satisfazem as respostas que canso de garimpar mas que não espero descobrir. Experimento uma pitada de sal na ponta da língua do dia. Explico quase tudo o que não entendo e escrevo versos na tentativa frustrada de fuga. Evito. Tenho vontade de capa de chuva e paraglider. Essa minha vitalidade é quase uma afronta à miséria econômica da minha conta bancária negativa. Hesito. Nego minhas vestes poéticas e espreito teus pontos fracos pra ver se te alcanço no alto das tuas dores. Não apago as cores que te continuam conto nos dedos as vezes que não te quis e brinco de amnésia. A mesmice me apavora. As pontas das estrelas circulares alcançam o céu da tua boca e é lá que vou colher meu descanso. 26.08.2008 -14h24min

Identificação

Estendo esteiras nas estreitas vias da minh'alma vazia de estorvos. Uma canção me persegue, implacável embala meus passos na valsa da espera. Diminuo as sombras das árvores dispostas em círculos que ladeiam os prados abertos de raios de luz. Declaro suficiente essa minha poesia para os corpos perdidos na multidão. As madrugadas cobrem-me as carências. Encaro de peito abero as tuas fugas transparentes afirmações desse teu medo-menino que devora as entranhas da coragem que não tens. Dispenso os nomes das coisas teu calor derrete meu gelo e eu não sei o que esperar da tua volta na tua volta quando ela vier. Talvez. Não estanco o fluxo da vida enquanto os clássicos me fazem companhia. Desconheço o que motiva as lágrimas do solitário violeiro, no banco da praça vazia. Mas intuo os meus próprios motivos as razões das alegorias que invento e que disfarçam essa falta que sinto de ti que secam essa minha lágrima que também queria cair... 26.08.2008 - 14h03min

Um bom amor

Um bombom.
Um amor.
Um bom humor.

Quem sabe um Ouro Branco. Nada! Quiçá um Amor Carioca. Amor Gaúcho. Amor Paulista. Amor é sempre amor, seja embrulhado em papel celofane, seja derretido sorvete de fábrica, ou artesanal...

Uni-versal... Um bombom. Um amor. Um bom humor amoroso. Um humor, amoroso e bom. Um bom amor. Um mar de amor. Amar. Ah... o Mar... Ah... o Amor... 26.08.2008 - 01h

Ser e estar

SER é diferente de ESTAR. Evito ESTAR do mesmo jeito, por muito tempo. Prefiro SER sempre, com pequenas variações. Meu SER inunda meus ESTARES.
Agosto/2008

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Sereia

Serei sereia
de seios desnudos
e voz suave
pra te encantar.
Cantarei mágicos acordes direi de aventuras suaves soprarei maravilhas profanas aos teus pêlos masculinos que roçam e arrastam minhas unhas atravessam a heresia de endeusar-te enlouquecem a primazia de querer-te.
Serei sereia
de seios desnudos
e voz suave
pra te encantar.
25.08.2008 - 04h

Irmãs

Elas nascem na concepção, quando a idéia do SER não passa ainda de uma promessa vazia. Gêmeas, andam de mãos dadas e talvez um dia descubramos que são idênticas, talvez siamesas, ainda que uma, desde sempre, soe barulhenta, exigente, risonha, agitada, e a outra quieta, fazendo a sua parte sem ser descoberta, silenciosamente. Competência é uma arte... Não se separam nunca. Não são contrárias nem se concordam. Mas são várias. As duas. Apenas as duas: Vida e Morte são elas. 24.08.2008 - 14h

Consolo

Quando um amigo passa por um período difícil, normalmente não encontro palavras de consolo, mas sempre ofereço um abraço ou uma lágrima pra derramar junto. Amigos nem sempre precisam de palavras. Palavras nem sempre precisam de letras. E às vezes são perfeitamente dispensáveis. Mas um abraço sincero pode valer por um Tratado. 24.08.2008 - 15h30min

Dela, a morte

Ninguém sabe o que ela é se é homem, se é mulher, entidade, conceito, monstro. Ninguém a viu de fato e voltou pra relatar, exceto Lázaro e Cristo, que estiveram pelas bandas de lá. Alguns morrem em vida essa, talvez, a morte mais dolorida; extinção do brilho do olhar, escravidão que se escreve no ar na ausência de motivos pra sonhar. Nem rei, nem mendigo errante basta ser humano, pra um dia acabar entre velas, lágrimas e flores, lamentos, dor e saudades de amigos, família e amores (e jamais se volta, pra contar). Alguns juram que há luz no fim do túnel que vem dos queridos, que vêm te encontrar (eu, porém, disso duvido). Para outros há trevas, delírios e martírios gritos medonhos de gargantas mudas. Muitos fantasiam anjos e festa no céu - permanente festa e alegria - pelos que voltam pra lá, depois de nascer um dia. Outros ainda se agarram às Escrituras e crêem num sonho eterno - eterno, até a volta do Messias - (morre-se, então, um pouco, ao dormir, todos os dias...). Mas o mistério continua e nada há que se confirme: se morro de tiro nas ruas, tortura, derrame, vício, distúrbio, alergia, se a vida se esvai de minhas veias da noite para o dia. "Nasce o Sol e não dura mais que um dia"* o fato é esse, incontestável e único: ela vem. E sempre é cedo. Não importa se são meses, não importa se cem anos. É sempre cedo. A gente sempre não queria. Pois ela não nos ronda nem nos cerca. Mora em nós. Alimenta-se dos nossos dias. Não mede forças co'a vida nem dela é inimiga ou antagonista. Apenas protagoniza a pior das horas de todos os que ficam e assistem os que se vão: as despedidas... 24.08.2008 - madrugada*Verso de Gregório de Matos

Signo

O poema que entre meus dedos escorre, me significa... 23.08.2008 - 22h45min

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Anéis

Os anéis dos dedos ou os de Saturno talvez os anais da minha História talvez os anais do meu futuro talvez as angústias anéis anais peremptórias percepções cabais. 22.08.2008 - 15h

Invasão

Invado teu corpo
com fome de força
e
v i r i l i d a d e.
Nasço das tuas palavras das entranhas dos teus verbos i r g l r s r e u a e das entradas das tuas portas reentrâncias de partes dos sabores irrestritos irrigados rompantes de reconhecidos suspiros.
Relativas são as alturas
dos teus motivos todos
tola insegurança
cercada de amares
por todos os teus lados.
Invades meu corpo
de desenhos feitos a mão
nos contornos dos teus pêlos
a
r
r
e
p
i
a
d
o
s
.
Não são bastantes as palavras
que transbordam dos meus olhos
nem suficientes as energias
que transportam os meus óleos
que te inauguram
inundam teus poços
incendeiam teus poros
polarizam teus sensos.
INCENDEIAM-ME
AS HORAS
AS HONRAS
DA CASA
!
22.08.2008 - 14h

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Re-conhecer

Espalho meus olhos
nos raios de um sol fraco.
A multidão absorve os passos
que desviam da rota inicial.
Segmentos escurecidos
de pedaços de luzes distintas
no cimo das montanhas gigantes.
Concorro ao prêmio da vista
que se esvai no conjunto
dos desejos escondidos
entre três vocábulos curtos:
pare - olhe - escute.
Inadvertidamente não páro
e não ouço nada além
do teu suspiro profundo.
Não nego meu engasgo
esgaço um sorriso nu
enquanto deliro sozinha.
Acomete-me uma saudade imensa.
Saudade de mim
dentro de ti
e dessa tua saliva
que reconheço minha.
. . .
20.08.2008 - 16h55min

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

A gosto*

Há poemas nascendo das mãos do gênio.
Silêncio...
Não pouse uma mosca sequer
no fim desse mês de conquistas.
Um artista pressente a primavera,
presente de frutas e flores
e cantigas de ninar os dissabores
e fazer nascer outros, talvez maiores.
Quem se importa?
A poesia, de qualquer forma,
de um jeito ou de outro,
pelo sim ou pelo não,
com dor ou prazer,
brota.
E se o broto sangra deveras,
e se o feto vem preso ao cordão da vida,
que te baste o avermelhado
que escorre folha abaixo.
Vermelho-vivo-de-vida-pulsante-no-tronco-do-artista-que-vai-adiante-vaia-a-avenida-deserta-empresta-o-sal-da-testa-pra-adocicar-o-dia-exausto-de-luz-da-luz-da-tua-poesia...
20.08.2008 - 14h16min
*Comentário para o poema GRACEJOS AGOSTOS, do admirável Glauco César II

Nada cabe no poema*

Tudo cabe num poema. Tudo transborda de um poema. Tudo vive num poema. Tudo lateja num poema. O meu amor. O teu amor. O ódio. A guerra. A dor. Tudo transita num poema feito carne crua, cicatriz exposta e purulenta dessa nossa alma desnuda e descabidamente exausta de mentiras. Tudo cabe num poema. Minha lágrima. Teu riso. Minha crença. Teu descaso. Minha estética. Teu desânimo. Minha desesperança. Teu sustento. Minha desarmonia. Teu amparo. Tua valia. Teu carisma. Teu medo. Tua cara. Minha cara. Meu medo. Meu desânimo. Meu descaso. Meu riso. Meu pranto. O prato vazio do mendigo da esquina. Cabe nesse meu poema O GRITO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 20.08.2008 - Madrugada*Comentário deixado no poema NADA CABE NO POEMA, do grande Jorge Fernandes

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Ser ambiente

Semente em Ser fértil plantada menino faceiro com sede orvalhada de vida verde a ladrilhar-lhe a estrada. Quem te vê assim livre a correr nos prados que te cercam não sabe do árduo caminho trilhado. Foram anos a te anteceder de carinho, cuidado e atenção. Rios, cachoeiras, vales, solitários trabalhos de educadores que acreditaram num mundo melhor pra te oferecer. Teus pés pequenos de passos largos estreitam a distância de um ontem que não viste morrer. É com educação que se salva a hera, a mata, o pássaro, o ar, a vida, o riso que agora ris em alto e bom som e ecoa no meio e ecoa na veia e ecoa na lágrima que rola estreita no rosto de quem já tinha perdido a esperança morta de sede, no longo estio. Semente em Ser fértil plantada é certeza de frondosa sombra inda que muitos desistam inda que muitos duvidem inda que muitos se omitam. Escuta, olha, agradece e passa adiante a lição do menino simples: semente em Ser fértil plantada nasce na educação e vida garante. Não precisa mais nada. 19.08.2008/ para Eliane Aver, cunhada querida

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Coragem

Recolhe os trapos e acende a fogueira.
Dança. Espanta os covardes, as lanças,
as lideranças das desmedidas selvagens.
Escorre o óleo da fruta silvestre
e sorve a água da vida nascida da terra.
Rompe as correntes e te fortalece.
É assim que são os valentes.
ERGUE-TE!
15.08.2008 - 0h54min

Da alegria

...e o mundo parece que paralisa, e o absoluto parece que se
materializa assim, feito semente de uma manhã bem disposta,
quando o olhar do outro é tudo de que se precisa pra ser feliz.
Comentário para o texto AH! MENINA..., de Marcos Olli
Agosto/2008

Encontro

Perdi o sono na curva do teu pescoço,
embriagada do teu sumo,
do leite oferecido em taça de carne e gemido.
Perdi a noção da hora, da vergonha, do medo,
frustrada tentativa de encontro comigo mesma.
Mas eu não estava ali,
eu morava no teu eu.
Era em ti o meu abrigo.
Em ti o meu pulsar.
Aí o meu perigo.
Perdi a linha do horizonte no novelo da vida,
encantada profecia bendita, que traz de volta
o desalinho, o caos, o ferro, a força, o canto
teu acalanto que me aguarda na paciência
dos dias, dos sóis, dos mundos veementes
ausentes de todas as circunstâncias presentes
e das passadas e das futuras, quiçá das inexistentes.
Perdi a alma na curva do caminho percorrido
recolhida por ti, andarilho descalço, nos trapos
dessa tua poesia sem pé, sem cabeça, sem sentença
que te faça igual. És único, portanto.
És diferente.
És imortal.
És.
Foi em ti que me perdi.
Queres saber quem eu sou?
Procura por ti...
15.08.2008 - 01h15min

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Brisa do mar

Sentindo tua falta, adormeci.
Descansam os olhos, grita o corpo.
Meus sonhos povoados de beijos.
Ensandeci.
Apaixono meus mais primitivos instintos
sou fera, sedenta desse teu calor
das brasas que aquecem minha branca tez
das brisas que me ascendem ao teu furor.
Agosto/2008

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Da genialidade*

Gênios são depressivos lamentos.
Gênios são orvalhos disfarçados em lágrimas.
Gênios não têm tempo para espelhos,
por isso não se sabem.
Nem se confiam.
Agosto/2008
*Para o gênio 'Segundinho'

Toda tua

Ele quis que eu dissesse que sou toda dele.
Absurdo extremo! Como poderia ser de outro,
se ele guarda, nos olhos, meus dois corações?
Agosto/2008

Nós, psicografados por mim*

Atropelam-me as frases que deposito no papel amarelado
são tantas, são brancas, são disformes
as formas que assumem as palavras impressas.
Não me interessa.
Minha mão desenha sozinha o desabafo da alma.
Acalmam-se minhas fervuras no movimento
intenso da escrita ligeira, que não posso conter.
Sou tomada inteira pela força que tensiona a vida
que me habita, que me atormenta, que regurgita
as visões que quero absorver.
Absolvo-me do crime de dizer o que me vai por dentro,
de abster-me de calar a força que guardo em mim,
o absurdo da imperfeição, em vocábulos acesos
pela luz de uma vela distante.
A vela da tua voz que me sopra uma verdade qualquer.
A tua verdade que faço minha,
na psicografia dessa única história
que é feita de nós.
*Segundo a Wikipédia: "Psicografia (do grego, escrita da mente ou da alma), segundo o vocabulário espírita, é a capacidade atribuída a certos médiuns de escrever mensagens ditadas por Espíritos".http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicografia *Escrito depois de uma conversa com Marcelo, sobre como se dá o processo de criação, no nosso caso. Agosto/2008

Contrapartida

Engulo o verso concreto envolto nas cartas de um baralho mudo. Emudeço diante da imprecisão louca da previsão de uma cartomante cega. Tateio meu ventre à procura do útero que carrega teu filho. Sou grito, num parto sem partitura. Comentário para o poema CONTIDA CORTINA, de meu querido amigo, o genial Glauco César II Agosto 2008

Pra quê?

Pra quê tanta lâmpada. Pra quê tanta gente. Pra quê tanto mundo, meu Deus? Quero velas que me animem, gente de menos pra iluminar essa minha solidão errante porque tem um mundo imenso lá fora, que clama por mim, exige-me a presença, vampiro desse meu desejo de nutrir a sanha que me ferve n'alma quente. Pra quê tanto suspiro, se a madrugada embrulha o dia e faz da lua um sol distante? Pra quê tanta distância. Pra quê tanta cobiça. Pra quê tanto suor se meus poros choram um sono perdido e migram, perdidos também eles, sem direção alguma? Pra quê tanta poesia. Pra quê tanta inspiração. Pra quê toda essa prosa, meu Deus? Talvez pra acender uma única lâmpada, para um único representante de toda a gente, nesse meu mundinho particular: VOCÊ. Comentário para o poema O MUNDO LÁ FORA, do admirável poetaJorge Fernandes agosto 2008

Caminho para o começo

Andei por esse caminho e perdi-me nos versos cantados pelo poeta peregrino. Cantei canções de sonhos e embalei palavras de ninar monstros. Pintei os fios das calçadas dos verbos que dirigiam-me os passos rumo ao epílogo. O epílogo é o fim do fim do fim do fim do fim do fim... do começo... O epílogo é o prelúdio. O previsto é o preciso. O proposto é a partida. O começo do fim. O fim do fim do fim do fim do fim do fim do fim do fim do sim . . . Comentário para o texto O CAMINHO DA POESIA, de Jorge Fernandes

De versos e de amor

...ou um verso vermelho de amor. Ou um verso suado de amor. Ou um verso choroso de amor. Agora só falta um verso. Um único verso de amor, tenha ele a forma que for. Um único verso piegas. Um único verso que repita o mesmo dito século após século. Não importa. É noite. Poesia e madrugada fazem amor. Esperemos, então, pacientes, o próximo verso... de amor... sempre de amor... Comentário para o texto A NOITE E A POESIA, do magnífico Jorge Fernandes

terça-feira, 12 de agosto de 2008

ESCREVER*

Eu queria escrever uma única palavra aquela que me apontasse a direção para onde todas as outras fugiram. Eu queria um travesseiro de letras uma sopa de letras, uma roupa de letras, cobertor de desatinos, pra quando eu finalmente enlouquecer. Eu queria a vírgula na hora exata, que o ponto final só me encontrasse no fim, que os parênteses fossem parentes distantes, bem distantes de mim... Eu queria fazer do meu texto o ombro que eu preciso pra descansar minhas dores, meus medos, todas as caixinhas onde escondo as partes várias dessa minha solidão. Eu queria um esconderijo, uma concha, um abrigo, um lugar quentinho onde pousar minhas mãos cansadas de desenhar frases desconexas, de desgrenhar versos infames, de tentar agarrar uma luz em meio ao caos. Eu queria tudo isso de uma vez só, de um gole só, de um susto só, de um abraço só... Eu queria... Só... 12.08.2008 - 0h *Para o mar, que queria criar. Só...

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Quem sou eu?

Se descobrires, me avise. Estou louca pra saber quem é essa que mora em mim...
11.08.2008 - 15h15min

Poesia

Poesia é lágrima que não verteu dos olhos, explodiu no papel...
Agosto de 2008

Da poesia

Poesia é uma dor Que aflora no dia azul: Saudade espessa... agosto de 2008

Do plágio

Não permita que te roubem A inspiração imediata ou futura. Que o verso passado, Esse já foi. Dá, pois, esse que foi, de presente, Aos porcos que te copiam. Que mais lhes resta na vida A não ser mendigar As migalhas da tua poesia? Incompetentes, Rastejam sobre teus rastros, Fuçando o brilho das tuas feridas. Tem pena desses tais miseráveis. Tem pena dessas árvores secas Incapazes de parir um único verso De sua própria autoria. Quanto a ti, É TEU o privilégio do assombro É TEU o calafrio na espinha A dor desmedida de gerar e dar à luz a tua arte. São TUAS as noites de rabiscos, As madrugas insones, famintas, As buscas, as bruscas surpresas, as pesquisas, Os olhares profundos, os olhos castanhos, os orgasmos, Os mundos, os medos, os amores, os destemores insanos. É TUA a pele dele Que ao contato teu, arde. São TEUS os beijos três, As pérolas nascidas d’areia Bem no meio do deserto; Os caminhos, os descaminhos, as desordens, Os atalhos abertos a faca e sangue quente. É em ti que habita o caos, Pai de estrelas cintilantes. É TEU o pânico, O profano, o insano, o sopro, o conto, o canto, o amante, A parte mais importante, A única de real valia. Sim, TU és O poeta. O outro, o desgraçado que te rouba o verso, O que se pensa esperto, Esse jamais passará nem perto De ser apenas e tão-somente Muito menos que um reles, sujo, imundo, Indigno verme e delinqüente, IM-PO-TEN-TE. 09.08.2008 – 01h E tenho dito!