sábado, 7 de março de 2009
Vida
Catártica armadura.
Catástrofe e amargura.
Solidão.
Na curva do rio
um peixe luta contra o ar
que lhe explode os pulmões.
Na curva do rio
um cão abocanha a presa
e não ouve sermões.
Na curva do rio
uma voz inventa canções
e não há solução.
Na curva do rio
um sopro de luz
um carvalho antigo
um pio
um suspiro.
Na curva do rio
a certeza de hoje
a loucura da vida
a volúpia do pão.
Na curva do rio
sobre a tua, a minha mão.
E tudo haverá de valer
pra Pessoa,
pra mim,
pra que possas saber.
07.03.2009 - 15h44min
(De mim, pra TI)
Nada
Diminuo a produção
de argumentos coerentes.
Emito um apanhado
de sem-sentidos tolos
e desperto do pesadelo.
Intacta,
arranco os curativos
e aventuro-me em nova busca.
Meus olhos faíscam
os fios vermelhos
encaracoladamente soltos
que adornam a satisfeita face
de fase desdita
que inicia outra tormenta.
Pactuo
com teus traços
que sombreiam as ondas
de mares distantes
-águas que meus pés não molharão-.
Documento é meu dizer
talhado a ferro e fogo
n'alma que se debate
entre o que É e o que se não vê.
Cato feijão
na melódica curva do vento
que o tempo insiste
em me ocultar.
Mergulho meus medos na luz dos teus olhos.
Os passos não passam da porta.
Empalho as cores
de cabeça pra baixo
desvirginando silenciosas madrugadas
sem teus risos
sem teus brios
sem teus contornos.
Sem mim.
07.03.2009 - 14h57min
Escritura
Escrevo.
Meus termos passeiam
por tuas garras abertas
estreitas estradas
escombros escolhidos a dedo.
Escrevo.
Suspeito do verbo
parido sem dor:
a-ca-dê-mi-co
endêmica solução
sucessão de erros
desencadeantes de vazios.
Escrevo.
Liberto a tinta
e o itinerário
esvai-se pelas linhas
que não ajudei a vestir.
Escrevo.
07.03.2009 - 14h09min
Tendas nos desertos, enlameadas de sol
Sombra d'água corrói
o obstáculo insuspeito.
Lavo de poeira os mitos..
Sou louca de força e camisa de pedra
- a de vênus, esculpi no leite
do teu corpo escorrido -.
Meu nome pintado no muro de tinta
pro orvalho beijar.
Esqueço a primeira estrofe
da canção que jamais ouvi.
Risco um fósforo
e ascendo às nuvens.
Restauro minhas dúvidas
e os açoites da vida
são feridas permanentes
que aprendi a curar.
Meus segredos purgam estrelas
estalam as bolhas de luz
que pingam nas partituras
rascunhadas no almaço
amassado de gomos
e remédios crus...
07.03.2009 - 13h08min
Assinar:
Postagens (Atom)