domingo, 3 de fevereiro de 2008

LER

Estou lendo alguns livros muito interessantes e gostaria de compartilhar contigo esses títulos. Todos que me conhecem,ainda que superficialmente, sabem da minha paixão pela leitura. Sabem o que um livro faz comigo. Sabem que ele nem precisa ser bom, mas, se for, então eu serei a pessoa mais feliz do mundo. Um livro me tira de qualquer deprê, ao menos enquanto estou mergulhada em suas páginas, viajando entre suas letras. Um livro, pra mim, é um tesouro mais precioso que ouro em pó.
Então preciso dividir com meus amigos e com as pessoas que amo, aquilo que estou lendo. O que vem preenchendo meu tempo, o que tem dado alegria ao meu coração, o que tem me emocionado às lágrimas, o que tem me feito viajar. Sair de mim. Conhecer outros lugares, outras coisas, outras gentes, outras culturas, outras fantasias, outros saberes, outras visões de mundo... outros milhares de "outros".
Pois bem, essa é a lista:
*HOSSEINI, Khaled. O caçador de pipas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005
"Pode ser injusto, mas o que acontece em poucos dias,
às vezes até uma única vez, pode alterar o rumo da
vida inteira" (p.89)
Desde 2005 pego esse livro pra ler. Desde 2005, sempre que saio pra comprar um livro, esse me chama. Não o trouxe pra casa. Não me perguntem a razão. Eu não saberia responder. Ao mesmo tempo em que sempre ouvi seu chamado, também sempre me recusei a atendê-lo. Pois bem, agora, finalmente, estou lendo. E decidi: de 2008 em diante, sempre que um livro me chamar, não apenas ouvirei, como atenderei imediatamente. Estou emocionada desde a primeira página. Ele é de uma beleza e de uma humanidade quase palpável. Uma história triste, com certeza, cruamente real, mas de uma profunda reverência à vida, com seus erros e acertos, suas alegrias e seus dissabores.
Acredito que seja esse o momento de ler tais páginas, pra mim. Estou aprendendo muito. Chorando aos cântaros. Sorrindo da leveza de algumas cenas.
*LÉVI-STRAUSS, Claude. Mito e significado.Lisboa: Edições 70,1978.
"... não consigo entender como é que a
Humanidade poderá viver sem algum tipo
de diversidade interna" (p.32)
Sempre me interessei por antropologia. Não, não sou uma profunda conhecedora. Sequer uma conhecedora superficial. Mas gosto de ler a respeito. Gosto de saber alguma coisa sobre o assunto. E tenho especial preferência por Lévi-Strauss. Não sei exatamente as razões. Mas gosto desse cara...rs... Talvez seja a forma da escrita dele. É tão fácil entender o que ele põe no papel... Eu, completamente leiga no assunto, sinto-me em casa. Parece que posso perguntar qualquer coisa para o autor, que não serei ridicularizada...rs... Bobagem? Bem, não estou isenta...rs...
De qualquer forma, o livro é muito interessante, e me prende muito. Aliás, é uma dificuldade parar de ler esse livro. Estou quase terminando, por isso resolvi "economizar" um pouco, voltar atrás, dar uma relida em algumas páginas...rs... Sabe quando a gente não quer que o doce acabe, e fica comendo devagar, pelas beiradas? Pois é, estou mais ou menos assim. Sim, eu sei que posso voltar a ele quantas outras vezes quiser, mas quero ter o prazer de prolongar o prazer dessa primeira leitura. Deliciosa. Como a leitura de qualquer texto dele.
Leitura preciosa.
*LEROUX, Gaston. O fantasma da ópera. 3.ed. São Paulo: Ática, 2006
"Parecia a todos, de fato, que um roçar se fazia ouvir atrás da porta.
Nenhum ruído de passos. Dir-se-ia de uma seda ligeira que
escorregasse sobre um painel. Depois, mais nada" (p.16)
Esse estou lendo para Alina. É um dos poucos casos em que assisti o filme antes de ler o livro. Bem, devo dizer que o fato do livro ser melhor que o filme vale SEMPRE. E acho lindo ver como Alina tem medo do livro...rs... Sim, do filme ela não teve medo em nenhum momento. No livro, logo nas primeiras páginas, ficou com medo. Acho isso delicioso. O poder da palavra escrita te transportar para algo completamente diferente do meio em que vives. Completamente diferente da tua época. Completamente diferente das tuas crenças. Mesmo assim mexer contigo. Mesmo assim provocar sensações físicas em ti. Emocionais, sim, mas físicas também. Isso é bárbaro! Mágico...
*LUPTON, Hugh. Histórias de sabedoria e encantamento. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
"- Mmmm, desgraça é doce como açúcar! O macaco comeu, comeu, cuspindo fora os pedacinhos de pau
e casca de árvore e lambendo os cacos do pote quebrado. - Mmmm, desgraça é uma delícia!"
(p.09)
Histórias curtas, de diferentes partes do mundo, que fazem a gente pensar. E pensar é uma coisa tão boa, tão boa, que se assemelha a... bem, à melhor coisa que podes ter na tua vida. São 7 histórias, de 7 povos diferentes, mas que não se restringem a 7 lições, embora 7 seja considerado um número perfeito. Talvez perfeito por isso mesmo: por permitir a expansão. O 7 transformando-se num número impossível de ler. Então... só lendo, pra saber....
*YALOM, Irvin D. A cura de Shopenhauer.Rio de Janeiro: Ediouro, 2005
"A sólida base de nossa visão do mundo e também o grau de sua profundidade são formados na infância. Essa visão é depois elaborada e aperfeiçoada, mas, na essência, não se altera" (p.75)
Outro livro que eu andava "namorando" há séculos...rs... Bem, ei-lo em minhas mãos. Estou devorando. Já tinha lido Quando Nietzsche chorou (São Paulo:Ediouro, 1995), do mesmo autor, e amei. Primeiro porque falava de Nietzsche, meu eterno amor, segundo porque é um livro realmente sensacional, provocou em mim o desejo de pesquisar mais sobre a vida do filósofo. E o que me incita a estudar é bom... sempre bom...
Pois bem, estou amando "A cura..." também. E tenho vontade de estudar mais, de novo... Logo, o livro é muito bom...rs...
Saborear. Ler é S A B O R E A R, não apenas a palavra, mas a VIDA. É reconhecer, na folha de papel, um pedacinho da gente. Pode não ser o tempo inteiro, pode não ser em todas as leituras, mas está ali, latente, pedindo pra ser percebida, pra ser S A B O R E A D A.
Adoro ler. E tu?
04.02.2008 - 0h06min