sábado, 5 de junho de 2010

Para depois de amanhã

Um nó na linha do tempo
e o absurdo itinerário
da viagem impensada
torna-se diário
escrito na linha imaginária
de lua apagada.
A fotografia congela o enredo
influencia a direção dos dedos
sobre o teclado macio de silicone
que imprime a digital de ontem
porque hoje já virou amanhã
no instante seguinte
ao que passou.
Envelhecemos tão rápido
que as pupilas dilatam o espaço da luz
e os sentidos se apercebem
tardiamente
que o sono e a falta dele
são indícios de anomalia que reduz
a produção de senso de estética geral.
Cá me encontro
entendendo sempre menos
do que me foi permitido saber
citando nomes mortos
de imortais pensamentos
universais desejos de apreender
a rota certa
no mínimo a menos errada
ou a que for possível escolher.
Entre devaneios e passeios
pelas anuviadas sendas do quase sonho
busco o que permanece
o que poderei acompanhar
ao longo de uma existência
cujas limitações chegam a ser ridículas
das quais não ouso suspender
sequer pequena ilusão.
Não.
Mantenho o que me haverá de acompanhar
ao longo da jornada curta
que eu pretendo eterna
enquanto durar
(Vinícius gostaria de saber
que o elegi meu guia
um dia
talvez).
São dois lados que eu tenho
e duas mãos quentes e apertadas
segurando as minhas
à esquerda, a mãozinha infante
à direita,  a mão forte
do homem que atravessou os verbos
os universos
e as impossibilidades
pra ser meu
e comigo estar.











05.06.2010 - 06h02min
Antes de entregar-me à morte diária
depois de entregar-me a Asimov
durante a entrega e-terna ao príncipe guerreiro,
dono do meu tempo, dos meus sonhos e de todos os versos
qu'inda nascerão de mim...