domingo, 15 de novembro de 2009

Poetar

Fazer versos é postar construções d'alma
desfazer os monstros em rimas
afrontar a imagem de costas
contar os dias com cantigas de ninar.
Fazer versos é modelar a lua
escalar montanhas de tremores
abdicar do próprio espaço
assumir os pés descalços
eclipsar  a alegria
poetar...





15.11.09 - 14h07min

Bem querer

Se houvesse medida
eu te diria
que é esta
e assim seria
a forma precisa
do quanto te quero.
Se houvesse...




15.11.09 - 14h02min

Caos

Tomo nota de restos de antigos versos
que não cheguei a escrever
na tábua rasa do meu quarto vazio
nas asas de aleijados querubins.
Resgato passos em falso
falseio indicações precisas
das quais desconfio, não sei por que.
Encontro desatinos e intervalos
mergulhados nas fendas escuras da dúvida
de tudo o que ficou suspenso
do que nunca foi esclarecido
nem o será.
Retiro minhas migalhas de estrelas
das frestas do telhado de vidro
quebrado pela nota aguda mais alta
saída da garganta do tempo
que eu cansei de destruir.
Nego a luz da ribalta
arremesso balões no meio do caos
cascalhos de assuntos quebrados
entornos de espelhos sem fios.
Descanso na rede
esqueço a hora e a melodia.
Desisto da tarde
por ser cedo
ou por não haver mais...
Recomeço.




15.11.09 - 13h57min

Milagre

Jurei meus dedos oprimidos
juntei-me às turbas
investi meus diários
às folhas vazias
de estreitas linhas tortas.
Não fui única nem mágica.
Não fui coroa nem reza nem canção.
Nasci no riso da lua
no coachar de um sapo rebelde
na alegria do óleo sagrado.
Assumi a chuva de pétalas brancas
converti meus escritos em testamento
cerrei as pálpebras.
Cri.







Aos 7 segundos do dia 14.11.09