Imagino as sendas
por onde plantas as plantas dos teus pés
nas tuas corridas.
Apresento construções interiores
aos meus outros 'eus'
e eles não reconhecem nada
além dos teus traços,
os rastros que te seguem
e arrastam meus versos
por conta própria
e livre e alegre vontade.
Não sou dona de mim:
emprestei minhas verdades
aos teus 'is'
que permeiam os grãos de arroz
no meio do teu prato branco.
Ninguém mais com teu sotaque
ou teu jeito de calcular um pé após o outro
como se desse único passo
dependesse todo o teu futuro.
Ninguém mais com tuas histórias
ou teu riso de menos da metade de tudo
ou tua lista de livros preferidos,
tuas escolhas vegetais,
teus filmes, canções e formas.
Ninguém mais com teu suspeitado gosto,
teus gestos contidos,
teus mistérios, tuas exigências.
Ninguém mais com tua exclusividade
ou tua presença continuada.
Ninguém mais com tuas cobranças,
interferências, provocações.
Ninguém com tua fartura
ou com teus propósitos,
tuas intenções,
teus fins de semana,
teus telhados, teus esportes,
teus tratados, conhecimentos, compromissos,
teses, des-crenças, dúvidas,
inícios ou coragens.
Ninguém mais a TI repetir.
Ninguém mais...
em mim...
21.10.09 - 17h07min