terça-feira, 26 de agosto de 2008

Decisão

Aboli os saltos altos. Doei meus sapatos. Optei pelo conforto. O próximo passo? As peças íntimas. Depois? Despirei as vestes todas, mudarei para uma colônia naturista. SEREI-a... (Vem comigo?) 26.08.2008 - 16h

De mãos dadas

Desconto a falta do ponto final no texto que jamais escreverei. Essa ruga que me corta a testa há anos colou em mim. Antes que eu me dê conta, uma vírgula tropeçará na linha das horas. E eu já não serei mais eu... Nenhuma oração impede o destino. Imponho minhas escolhas como se as tivesse, de fato. Afasto a mudez da transcendência e reconheço, em certo grau, inda ser menina. Quero colo. Tenho colo pra oferecer. Avalio as conclusões da primeira quarentena e descubro ter alcançado mais do que desejei. As rimas pobres me atraem as miseráveis me apaixonam. Quero todas as escadarias na minha casa degraus pra onde não sei degradês de versos tolos que vertem dos vôos que não fiz. Que jamais farei. Milagre é a minha caneta riscar sabores nessa página manchada de tinta incolor. Acomodo as pernas sobre a cadeira e faço deste o meu mundo, longe dos tapetes persas e dos moribundos marimbondos e suas vespas. Decido que minha trilha sonora diária será essa tua voz de música. Não amasso o pão já amassado da noite; compro drops de hortelã e não chupo nenhum é o teu gosto que eu procuro no barulho das ruas do centro da cidade que borbulha. Poesia é desabafo de paixão. Assombração que persegue a ciência que nos confunde. Não quero verdades inexistentes. Não quero a morte disfarçada de erudição, muito menos de fidelidade fingida. Prefiro um 'nóis vai sê vencedô' enquanto tiro o corpo da roupa e banho a pele despida de pêlos. Sou raíz exposta às intempéries e todas as possibilidades me são prováveis. Ou não... Ou não... 26.08.2008 - 15h02min

Êxito

A sala vazia aguarda um movimento que o ponteiro do relógio trará. Alimento a corda que passa tique-taqueando devagar. Espalho estudos de nada no vácuo escuro. Recuo. Encontro facas pelo caminho e as perguntas não satisfazem as respostas que canso de garimpar mas que não espero descobrir. Experimento uma pitada de sal na ponta da língua do dia. Explico quase tudo o que não entendo e escrevo versos na tentativa frustrada de fuga. Evito. Tenho vontade de capa de chuva e paraglider. Essa minha vitalidade é quase uma afronta à miséria econômica da minha conta bancária negativa. Hesito. Nego minhas vestes poéticas e espreito teus pontos fracos pra ver se te alcanço no alto das tuas dores. Não apago as cores que te continuam conto nos dedos as vezes que não te quis e brinco de amnésia. A mesmice me apavora. As pontas das estrelas circulares alcançam o céu da tua boca e é lá que vou colher meu descanso. 26.08.2008 -14h24min

Identificação

Estendo esteiras nas estreitas vias da minh'alma vazia de estorvos. Uma canção me persegue, implacável embala meus passos na valsa da espera. Diminuo as sombras das árvores dispostas em círculos que ladeiam os prados abertos de raios de luz. Declaro suficiente essa minha poesia para os corpos perdidos na multidão. As madrugadas cobrem-me as carências. Encaro de peito abero as tuas fugas transparentes afirmações desse teu medo-menino que devora as entranhas da coragem que não tens. Dispenso os nomes das coisas teu calor derrete meu gelo e eu não sei o que esperar da tua volta na tua volta quando ela vier. Talvez. Não estanco o fluxo da vida enquanto os clássicos me fazem companhia. Desconheço o que motiva as lágrimas do solitário violeiro, no banco da praça vazia. Mas intuo os meus próprios motivos as razões das alegorias que invento e que disfarçam essa falta que sinto de ti que secam essa minha lágrima que também queria cair... 26.08.2008 - 14h03min

Um bom amor

Um bombom.
Um amor.
Um bom humor.

Quem sabe um Ouro Branco. Nada! Quiçá um Amor Carioca. Amor Gaúcho. Amor Paulista. Amor é sempre amor, seja embrulhado em papel celofane, seja derretido sorvete de fábrica, ou artesanal...

Uni-versal... Um bombom. Um amor. Um bom humor amoroso. Um humor, amoroso e bom. Um bom amor. Um mar de amor. Amar. Ah... o Mar... Ah... o Amor... 26.08.2008 - 01h

Ser e estar

SER é diferente de ESTAR. Evito ESTAR do mesmo jeito, por muito tempo. Prefiro SER sempre, com pequenas variações. Meu SER inunda meus ESTARES.
Agosto/2008